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Acordei dando graças aos céus que já é sexta-feira, isso significa que terei sábado e domingo para me recuperar. Me arrasto para o banheiro, pelo menos não me sinto febril, mas o mal estar e a dó de cabeça segue firme e forte no meu corpo indisposto. Saio do apartamento deixando Nate dormindo. E bem, eu dormi, hoje é outro dia e eu sigo com o mesmo pensamento de ontem, com a mesma decisão de terminar. Eu trai ele e, eu não conseguirei continuar com ele sabendo que eu fiz isso. Conseguiria continuar mesmo sem seguir apaixonada na esperança que eu voltasse a sentir por ele o que sentia antes, mas, viver com o fato de que eu trai e permanecer na relação eu não consigo.

— Leva isso aqui para a mesa da Miranda antes que ela chegue que eu vou buscar os documentos com Irv! — Emily joga uma pilha de papéis em minhas mãos, apenas balanço a cabeça em concordância.

Sigo para a sala dela, sorrio balançando a cabeça em negação de mim mesmo. Isso é tão clichê; chefe comer a secretaria... eu fui tão idiota em cogitar que ela estava interessada realmente por mim, sendo que ela só precisava desabafar e de sexo.

Giro para voltar para minha mesa, mas a encontro vindo falando ao celular, seus olhos azuis correm pelo corpo dos pés a cabeça. Eu nunca irei me acostumar com esse olhar dela. Ela sorrir para mim sem mostrar os dentes, eu retribuo igualmente e caminho para fora enquanto ela segue para sua cadeira.

Sento na minha cadeira e agradeço por hoje ser o dia que ela mais tem compromisso fora da revista, isso significa que pouco nos veremos, ainda assim, o dia será intenso para a gente.

As horas agitadas passaram-se para mim em uma lentidão castigadora, olho para o relógio ao ver Emily organizando suas coisas para ir embora. Ela sorrir de mim por eu ter que ficar até mais tarde aguardando a droga dele livro ficar pronto para Miranda revisar no final de semana. Suspirando desanimada eu repouso minha cabeça na mesa me deixando tirar um cochilo. Abro meus olhos assustada com o barulho do telefone tocando, essa hora só atendo para confirmar minha ida em busca do livro. Vou com pressa, eu quero logo chegar em casa para deixar meu corpo descansar por todo final de semana.

Dentro do táxi observo as luzes da cidade me sentindo entrando em uma espiral de caos emocional. Eu sei que o problema de entrar de cabeça em tudo que desejo, um dia me faria sofrer, mas, a gente no fundo sempre tem a esperança de que dê certo, de que a gente não vai quebrar a cara, no fundo, mesmo sabendo de que algo ruim possa acontecer, a gente embarca torcendo por dá certo.

E o que eu fiz com Miranda não foi diferente, eu me ofereci para ela com tanta facilidade na esperança de que só ia ser bom, sabia dos riscos, mas não imaginei que sofreria por ela tão cedo.

Saio desanimada do táxi, caminho sentindo o frio da noite tocar dolorosamente a minha pele. Será que a febre voltou? Levo minha mão para testa e a sinto quente, mas eu nunca sei se é porque a minha mão que está gelada, ou realmente estou febril. Abro com desanimo a porta da mansão, caminho para o quartinho ao lado da porta principal para guardar as roupas da família Priestly. Confiro o livro e sigo em direção à mesa com flores de frente para a escada deixando-o ali. Olho em volta me sentindo pesar ainda mais pela falta de repouso e caminho para fora. Ao abrir a porta para sair me deparo com ela pronta para enfiar a chave na fechadura.

— desculpe! — Falo prontamente ao perceber que a assustei.

— Boa noite? — Ela arqueia uma das sobrancelhas em um sorriso receptivo.

— Boa noite, Miranda. — Dou espaço para que ela entre em sua própria casa.

Mas, ao invés de passar por mim, ela leva sua mão a minha cintura e me arrasta para dentro, me encostando na parede. Seus lábios macios encontram meu pescoço, arrastando-se com desejo por toda extensão até chegar em minha orelha e mordisca-la fazendo me arrepiar.

— Quer passar a noite aqui comigo? — Uma das suas mãos aperta meu seio em desejo. — Mas, você tem que ir embora antes das meninas acordarem. — Ela me prensa com seu corpo tomando meus lábios em um beijo faminto.

— Não! — Respondo suave afastando-me dela. — Não sei se você lembra, ou se não ouviu ou prestou atenção de que eu estou doente. — Reclamo!

— Resfriado não é doença, An-dre-ah! — Ela revira os olhos balançando a cabeça em negação jocosa.

— Lembre-se disso quando deixar de ir a Runway quando suas filhas amanhecem apenas espirrando. — Eu não consegui segurar. — Boa noite, Miranda. — Caminho para fora sem me preocupar em fechar a porta, ela que o faça.

RecônditoOnde histórias criam vida. Descubra agora