Recôndito

18

A gente entra no elevador, e mesmo que já faça um tempo que Miranda permite dividir o elevador comigo, eu nunca vou acostumar com isso. É algo tão inacessível para todos, e comigo, mesmo antes de rolar entre a gente, ela permite, isso é bom sinal, isso significa que eu sou especial para ela de alguma maneira. Com mais ninguém ela permitia concessões.

— Quando você tiver menos ocupada, a gente pode conversar? — Eu questiono assim que o elevador começa a se movimentar.

Ela não me olha, meneia a cabeça sutilmente para o lado, ela costuma fazer isso quando tá analisando o que tá recebendo. Sua cabeça faz movimento de sim e meus lábios se alargam em um sorriso bobo. Ela suspira, olha para cima e eu acompanho o seu olhar.

— Se não fosse essa câmera... — Sua voz sai rouca.

Eu encosto meu ombro ao dela e mordo meu lábio inferior. Talvez eu tenha que aprender a parar de querer resolver ou esclarecer as coisas tudo imediatamente. No meu tempo... No tempo certo as resposta vem naturalmente sem forçar.

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— Estamos nos envolvendo de maneira tão intensa... — Confesso passando a mão em seu rosto.

— Eu preciso ir! — Ela fala olhando para o relógio, parece apressada.

Eu sei que ela tem um compromisso, que sua vinda para meu apartamento foi restritamente calculada, mas já faz quase dois meses que estamos ficando, tendo transas quentes e intensas, mas sempre que eu dou sinal de entrar em uma conversa, ela parece fugir, isso segue me frustrando, a sensação que tenho é que ela quer apenas sexo...

— Poderíamos passar esse final de semana juntas, que tal? — Sugiro sabendo que ela terá um final de semana sem compromisso.

— Não posso querida, eu prometi levar as meninas para visitar a avó. — Ela termina de fechar os últimos botões da sua blusa branca vindo em minha direção.

— Você me quer? — Eu questiono sentindo um aperto no meu peito.

— Podemos combinar algo no próximo. — Ela beija meus lábios. — Pense em algo interessante para nós. — Suas mãos colocam meus cabelos para trás. — Hum?

E eu sorrio para ela entusiasmada. Enrolo-me no lençol e acompanho-a até a porta. Ela me agarra pela cintura, beija mais uma vez os meus lábios despedindo-se de mim.

Fecho a porta e chego à conclusão que eu penso demais e ao pensar demais começo a criar respostas ruins que não existe.

A minha relação com Miranda é gostosa, é diferente da que eu tive com qualquer outra pessoa porque essas outras pessoas não era alguém famosa, comprometida e eu tampouco trabalhava para eles.

Os nossos momentos a sós se resumem mais a sexo, mas eu convivo com ela no trabalho, estamos sempre em contato eu estou sempre por dentro do que acontece com ela, então é claro que quando estamos a sós, ela vai priorizar o sexo e não um filme a dois, um passeio no parque ao pôr do sol, ou uma conversa para decidir o que nós somos. Até porque ela nem pode, mesmo que seja um casamento de fachada, ainda assim ela é casada...

E pensando em pôr do sol, a ideia para algo interessante para a gente fazer me vem em mente. Sorrio me achando uma gênio.

Eu poderia sair no final de semana para algo, já que Miranda estará fora da cidade, mas, vai que acontece algum imprevisto e ela apareça?

A última vez que eu saí ela veio e não gostou muito de não me encontrar em casa, então eu evito sair esperando por ela.

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— Victoria's Secret liberou a modelo Elsa Hosk? — Miranda questiona sem tirar sua atenção das duas bolsas da Prada em suas mãos.

— Sim, Miranda, a previsão de chegada é para quarta-feira.

— Ótimo! — Envie essa para o fotografo. — Ela me estica uma das bolsas. — E essa você fica para você. — Ela me olha por cima dos óculos e me oferece um sorriso.

Eu mordo o lábio inferior sentindo minhas bochechas esquentarem. Não é que ela passou a me dar as coisas que ela recebe por eu ser amante dela, ela sempre presenteia algo que ela já tenha, ou não goste para gente, não só para mim, mas depois que eu passei a ir para cama com ela, eu sempre fico muito sem jeito quando ela me dá alguma coisa. Fico com medo dela pensar que eu sou uma interesseira. Principalmente depois que ela sugeriu pagar o meu aluguel...

— Miranda, eu reservei um resort para nós. — Informo apreensiva.

A vejo olhando para fora e acompanho o seu olhar. Ela se aproxima mais de mim e toca minha cintura roubando um selinho rápido, Emily estava em sua mesa. A gente não poderia vacilar. Ela balança a cabeça em concordância e me ordena a sair da sua sala antes que ela me arraste para seu banheiro mesmo com a Emily ali. Normalmente ela faz isso quando manda Emily cumprir alguma missão fora da revista. Saio sorrindo da sua sala.