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— Andreah! — A voz dela sai assustada.

E eu já não enxergava nada direito, minha vista estava embaçada pelas lágrimas que eu sentia em meus olhos.

— Você é uma cretina idiota filho de puta. — Vou para cima dela esbofeteando.

— Calma! — Ela segura meus braços tentando me controlar.

— Calma é um caralho, Miranda, eu odeio você, odeio todas as mentiras que você me fez acreditar, sua babaca, eu quero que você morra. Você é um demônio arrombada do caralho.

— Aqui não, por favor, estamos na Runway, Andreah, vamos sair daqui. — Ela tenta me puxar, mas eu não a obedeço.

— Eu não vou para nenhum lugar com você, foda-se se vão ouvir, eu não ligo, eu acreditei que seria a única, que você estava falando a verdade sobre sua insegurança. — Balanço minha cabeça em negação em pura decepção.

— O que tá acontecendo? — A voz irritante daquela loira insuportável invadem meus tímpanos.

— CALA A BOCA! — Esbravejo e percebo ela se assustar e Miranda me segurar para não ir para cima dela.

Miranda corre para fechar a porta logo em seguida, com certeza na tentativa que Emily não ouça nada. Eu sinto meu corpo tremer, eu sinto minha garganta queimar, eu sinto tanta raiva dela.

— Você brincou com meus sentimentos Miranda. — Eu falo em um fio de voz.

— Andreah, por favor. — Sua voz sai suplicante.

— CALA A BOCA TAMBÉM, EU TE DEI TODAS AS CHANCES DE SER SINCERA COMIGO, EU TE PERGUNTEI TANTAS VEZES E VOCÊ NEGAVA, EU QUERO QUE VOCÊ MORRA, QUE UM CARRO ATROPELE VOCÊ E ESMAGUE SUAS PERNAS. VOCÊ A PIOR PESSOA DO MUNDO. VOCÊ MORREU PARA MIM SUA BABACA DE MERDA!

Eu não faço questão de ponderar minha voz, eu não me preocupo se vão ouvir, eu não me preocupo com o que vão falar depois, eu estou com tanto ódio dentro de mim que parece rasgar meu peito.

Eu olho para mesa dela e me aproximo e com toda fúria começo a empurrar tudo para o chão, rasgo alguns papéis, derrubo objetos decorativos, tudo, e pego laptop e o jogo na parede.

Caminho com passos firmes em direção a ela que segue perto da porta, a empurro e descontrolada sigo para minha mesa para pegar minhas coisas, e antes de sair, também jogo no chão tudo da minha mesa, vou até a mesa da Emily e também faço o mesmo. Eu não sei dizer qual era a cara que Emily estava me olhando porque eu estava cega de ódio, eu exalava ódio, eu esbravejava ódio.

Descontrolada caminho para o elevador. Sentindo urgência de sair dali. Assim que saio do prédio eu consigo respirar com um pouco menos de dificuldade, olho para todos os lados me sentindo tão perdida enquanto as lágrimas abundantes caem dos meus olhos.

Não demoro muito para pegar um táxi que me leva ao apartamento do Doug, eu não quero ficar sozinha, eu não quero me trancar em meu quarto e ficar lá me acabando de chorar pensando nela. Toco a campainha, mas pelo horário provavelmente ele está trabalhando, então deixo meu corpo se arrastar na parede até me sentar no chão. Eu choro de soluçar.

No fundo eu sabia e sentia que Miranda nunca ia me assumir, por eu ser mulher, por eu ser mais jovem, por eu ter um padrão de vida muito inferior ao dela, por eu não ser tão bonita, por ser gorda... eu imaginava que seria por tantas questões, mas dificilmente me vinha à mente ela fazer isso; não ser mulher o suficiente para me mandar partir por está querendo outra.

Eu nunca imaginei que Miranda fosse tão covarde assim porque eu a via tão perfeita em tudo.

Eu fico ali me martirizando por horas tentando buscar respostas do porque ela não me escolheu, de porque eu não fui suficiente, do porque ela fez aquilo, o que eu fiz de errado para ela ter desejado outra, eu me fiz tantas perguntas que nem percebi o meu amigo chegar.

Ele não falou nada, apenas me pegou nos braços e me colocou para dentro do seu apartamento, deitada no sofá, eu não parava de chorar, mesmo eu querendo, eu não conseguia parar, estava doendo, doendo não só emocional, mas fisicamente estava rasgando a minha pele.

— Ela partiu meu coração, Doug! — Consegui soprar entre soluços tentando beber um copo com água que ele me trouxe.

— Ela quem? — Ele parecia confuso.

Eu fui tão idiota que nunca contei para ele que eu e Miranda estávamos tendo um caso, que o motivo do meu afastamento, praticamente isolamento foi por causa dela, e para guardar o segredo dela, para não manchar a imagem perfeita dela. Meu deus como eu fui idiota para essa mulher.

— Miranda Priestly. — Confesso olhando para ele.

Ele não parece surpreso, ele apenas elevou as duas sobrancelhas como se dissesse um "Ah!" e logo comprime os lábios em lamento.

— Ela, ela só estava me usando para sexo, eu a vi beijando outra. — As lágrimas voltam a ser abundante.

— Vem cá! — Ele me puxa e eu aconchego em seus braços.

Eu agradeço aos céus por ele ter ficado do lado, por ele não ter me abandonado, mesmo depois de meses eu afastada dele sem nenhuma explicação qualquer.

— Eu quero que ela morra Doug!

— Então comece a matar ela dentro de você. — Ele faz afago em meu braço.

Eu balanço a cabeça em concordância, eu sei que será difícil, eu sei que vai doer muito antes de parar de doer, mas eu vou conseguir.

RecônditoOnde histórias criam vida. Descubra agora