Faz dois meses que eu não vejo e não sei nada sobre Miranda. Faz um mês que eu sai com Doug para aquele barzinho e que eu encontrei Christian Thompson e me arrependo bastante disso.
Eu consegui me divertir, ele se juntou a nossa mesa, ele contou piadas, me fez rir, e me fez esquecer a existência dela por tempo suficiente para me levar para cama. É! Eu transei com ele, mas, enquanto eu transava com ele eu lembrava dela. Ele não era mulher suficiente para me fazer chegar lá... Acho que foi a transa mais morna que eu já tive em toda a minha vida sexualmente ativa. E foi por isso que mais uma vez, depois de tão pouco tempo eu troquei mais uma vez o número do meu celular.
Na primeira ligação dele sugerindo marcar um segundo encontro, eu simplesmente entrei em pânico e troquei de número e espero nunca mais o encontrar novamente. Não é que tenha sido tão ruim, ele foi gentil, doce, calmo demais. Mas, ele não era ela... E o corpo ainda era muito dela para ser dele.
Eu não posso dizer que em dois meses eu consegui superar a Miranda Priestly, mas eu sinto que hoje está doente menos, eu penso nela, eu lembro dela, mas já não dói tanto como nas primeiras semanas. Eu já consegui passar essa última semana toda sem chorar por ela, isso é um bom sinal. Acho que agora sim estou começando a superar.
Eu também comecei a enviar currículos, o tempo está passando e o dinheiro da venda do colar está acabando e eu também sinto que preciso voltar a sair do casulo, focar na minha vida profissional e esquecer um pouco do emocional que me tira do eixo.
Nessa próxima segunda eu tenho uma entrevista no New York Mirror, eu estou entusiasmada, um amigo do Doug trabalha lá e ele fez a ponte sobre o meu currículo, então acho que vai dá certo. Estou muito confiante.
Olho para janela do meu apartamento e sorrio com um esquilo curioso nela. Levanto-me calmante e tento me aproximar da janela sem que ele se assuste, mas não adianta, ele pula para o apartamento de baixo. Suspiro melancólica olhando para o céu nublado, eu gosto quando o tempo está cinzento, combina com o meu coração morto dentro do meu peito sombrio.
Assusto-me com o soar da campainha, levo a mão ao peito sorrindo de mim mesmo, eu estava tão distraída no meio do silêncio do meu apartamento o barulho me fez pular longe assustada.
Abro a porta ainda sorrindo de mim, mas, meu sorriso se fecha imediatamente ao ver na minha frente ela. Seus cabelos brancos perfeitamente sedosos, sua franja perfeitamente alinhada para o lado, seus óculos escuros e um casaco fluffy até a metade da coxa na cor preta. Ela tira os óculos e eu sigo paralisada.
— Andreah! — Sua voz me soa apreensiva.
Como sua voz é tão marcante para mim, automaticamente tudo que eu achei que superei pareceu voltar a doer dentro de mim. Eu sorrio desacreditada, consigo voltar da paralisia e fecho a porta na cara dela passando a chave com pressa e tremor em todo meu corpo.
Como ela ousa? Como ela pode ser tão sórdida?
O nó se forma em minha garganta e trêmula eu consigo chegar ao meu sofá deixando meu corpo cair nele sem conseguir formular uma linha de pensamento. Eu me sinto desconecta de mim, eu me sinto esculhambada. Eu me sinto desacreditada.
A campainha volta a tocar me fazendo voltar para o agora, eu olho para porta assustada, com medo. Ela toca, ela toca, ela toca, ela castiga os meus ouvidos que agora estão sendo tampados pelas minhas mãos fremida.
Depois de muito tocar o silêncio voltou a reinar em minha sala. Eu tiro as mãos lentamente dos meus ouvidos e, nas pontas dos pés sigo sutilmente até a porta, escoro meu ouvido nela e com atenção consigo ouvir o tilintar dos seus sapatos distanciar.
Eu suspiro com a mão no peito me permitindo respirar aliviada.
O que ela queria? Será que ela terminou com a modelo perfeita? Ou a modelo perfeita terminou com ela e ela pensou que poderia voltar para mim?
Eu não preciso pensar nisso, eu não vou pensar nisso, mas eu não consigo e vários pensamentos com N's possíveis motivos para ela está na minha porta domina a minha mente. Eu choro desejando dormir para esse dia acabar e amanhã ser um novo dia.
E esse novo dia chega e eu não me permito ficar em casa chorando por ela, ficando na expectativa da possibilidade dela bater em minha porta novamente.
Eu saio, eu tento distrair a minha mente para não pensar nela, eu vou ao shopping, eu passeio pelas lojas de grife que me fazem lembrar dela, eu tento ignorar as lágrimas que brotam em meus olhos. Eu almoço sozinha no meu restaurante favorito, eu vou até o museu ver quadros antigos e sem graças na tentativa de fugir, mas ao final, eu sempre volto a pensar nessa maldita.
Já quase final do dia, o horário que eu sei que Doug está disponível, eu ligo para ele convidando para sair. Ele se surpreende com o meu convite e imediatamente aceita, como eu já estava na rua, eu vou direto para o local combinado e fico aguardando por ele que não demora muito. Hoje somos apenas nós dois em outro barzinho que nós dois juntos concluímos que Christian Thompson jamais aparecia lá por ser um barzinho texano e ele detestar.
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Recôndito
FanfictionNessa fic Miranda será hermafrodita (intersexual) e ninguém, absolutamente ninguém além de seus falecidos pais sabem disso. Porém, Andreah Sachs de maneira atrapalhada descobre esse segredo que Miranda guarda debaixo de chaves dando início a um env...