Recôndito

21

Eu sei que combinamos dela vir me pegar às 6h e ainda são 5h e eu já estou acordada esperando ela com tudo pronto há 40min, mas eu estou muito ansiosa para esse momento, é a primeira vez que vamos estar sozinhas, sem pressa, sem ser apenas transa, será o nosso momento, então é claro que não consegui dormir nada de tanta ansiedade.

Aproveito para conferir se não estou esquecendo nada. Eu escolhi o lugar mais discreto, que são acostumados com a discrição em ter famosos frequentando lá, mas mesmo assim sinto frio na barriga com medo de algo dá errado.

Olho para o relógio diversas vezes e nada do tempo passar. Eu sei que Miranda sempre está 15min adiantada então já está quase na hora dela chegar, respiro fundo e começo a descer as coisas. Não muitas, só para dois dias.

Sento-me na escada do prédio e nela fico por bastante tempo vendo algumas pessoas passarem para começarem o seu dia, e então eu avisto seu carro vermelho aproximando. Não tem como eu abrir o meu melhor sorriso. Ela abaixa o vidro, suspende os óculos escuros e faz sinal com a cabeça para que eu entre. Guardo as coisas no banco de trás, e logo me acomodo no banco da frente ao seu lado.

— Bom dia! — Ela profere já com os óculos cobrindo seus lindos olhos azuis.

— Bom dia, Miranda. — Toco sua perna apertando levemente, ela pousa sua mão em cima dando um afago.

Miranda está mais despojada, ela está com uma blusa social branca e uma bermuda de linho cinza com cinto marrom. Linda como sempre, entretanto tão diferente do que eu já vi. E é essa Miranda vestida assim que eu almejo ver mais.

Dou as coordenadas a ela e então ela começa a dirigir. Eu sinto meu corpo relaxar, eu estava tão tensa com a possibilidade de não dá certo, de acontecer algum imprevisto como muitas vezes aconteceu quando combinávamos algo além de sexo, que parece que o sono que eu não tive durante e a noite e a madrugada tomou posse de mim agora, então aproveito para cochilar ao som das músicas lentas que ela colocou para tocar.

São duas horas de viagem ininterruptas de estrada, e eu dormi cada minuto da curta viagem, acordei com ela me chamando informando que chegamos.

Bato-me mentalmente, eu exigi tanto sua companhia e não consegui fazer companhia a ela enquanto ela dirigia por todo esse tempo e me bato mentalmente por está com a cara inchada e o rímel levemente borrado. Eu apaguei.

— Estou feliz que conseguimos vir. — Falo enquanto caminhamos para a recepção do local.

É ainda mais lindo do que eu vi em fotos, e as cabanas são tão afastadas umas das outras, realmente prezam pela privacidade e isso me contenta.

Fomos guiadas pelo rapaz que agora carrega nossas coisas e nos dá instruções de como funciona e a independência de cada cabana do resort. Miranda segue calada o trajeto todo até a nosso local. Ela não é conversar muito, ainda mais ao lado de um estranho...

O rapaz não entra, ele apenas deixa nossas coisas no chão rente a porta, ele entrega o cartão que dá acesso a porta e Miranda despede dele com um menear de cabeça. Eu estou ansiosa, sinto meu estômago revirar-se, não sei se de nervoso ou fome.

Ela abre a porta e a primeira coisa que faz é procurar o interruptor enquanto reclama da escuridão do ambiente.

Suas reações para a mini sala é positiva. Eu sei que ela está aprovando pela maneira que movimenta seus lábios. Ela olha a pequena cozinha, ela analisa cada detalhe com atenção e sorrir para mim em aprovação. Eu tinha certeza que ela ia gostar. Isso me deixa mais relaxada, mas por pouco tempo.

— O quarto é ali! — Aponto para a única porta além da saída que tem na sala.

Ela caminha em direção a ele e eu quase como sua sombra vou atrás dela. Ela abre a porta com seu jeito analítico que me fascina, procura o interruptor do quarto e acende a luz, ela fica paralisada sem dizer nada, apenas observando ainda da porta as pétalas de rosas espalhadas na cama em um lençol branco, ela ver os balões em formato de coração e só quando se aproxima mais da surpresa que fiz para ela, ela consegue ler 'I love you' escrito com as pétalas de rosas vermelhas. Ela olha para mim, mas eu não consigo ler o que seus olhos transmitem por causa dos seus óculos escuros.

— Espero que tenha gostado. — Falo apreensiva.

Ela já está calada por bastante, e esse silêncio parece acabar com o meu estômago que faz barulho no meio desse silêncio que muito me tortura.

Ela respira fundo, tira seus óculos e agora eu consigo enxergar surpresa neles, mas eu não consigo saber se ela está gostando ou não.

— Quando nos beijamos a primeira vez lá no terraço da Runway eu quis transmitir toda a paixão que sentia por você Miranda, e espero que eu tenha conseguido. — Sinto minha voz sair nervosa. — Mas, ainda assim eu não acho suficiente todas as vezes que me declaro para você e quis te fazer essa surpresa e deixar claro o quanto eu ainda sigo apaixonada por você. — Meus olhos se enchem de lágrimas, odeio ser emotiva. — Pelo amor de deus, Miranda, fala alguma coisa.