Realmente meu exílio no final de semana surtiu efeito. Sinto-me menos louca da cabeça e mais disposta a trabalhar. Eu estava certa em relação ao Nate, ele não ligou para Doug para saber se eu estava lá, entretanto, ele mandou algumas coisas que eu havia esquecido. Acredito que tanto ele quanto eu, insistimos tanto naquela relação que ele fez questão dessa vez de nem tentar.
Ainda que me sentindo mais disposta, ainda sinto resquícios do resfriado em tosses inapropriadas e leve dor de cabeça quando o efeito do remédio está passando. Olho para hora no meu relógio de pulso e suspiro. É hora de ligar o celular... Há muitos avisos de ligações, várias mensagens em relação ao trabalho e tento não esquecer de quando chegar à Runway passar para o bloco de tarefas diárias.
— O que aconteceu com você? — Emily questiona alarmada assim que me avista chegar.
— Nada? — Mostro minha confusão a ela.
— Você não esteve disponível no celular e nem por e-mail. Miranda vai te matar, e eu também, porque sobrou para mim. — Ela aponta o dedo em revolta.
— Eu só trabalho de segunda a sexta. — Sento em minha cadeira e finjo costume para minha resposta.
— Ha ha ha, você sabe que não é assim que funciona. — Emily fala e logo canaliza sua atenção ao celular.
Não precisou ela falar nada para eu saber que é Miranda que está chegando. Dito e feito e logo temos uma equipe correndo para lá e para cá desesperados para ter tudo perfeito para a chegada da imaculada filha da puta da sra arrombada Priestly.
— Minha sala! — Ela ordena tirando seus óculos escuros.
Balanço minha cabeça em concordância e me ponho em pé. Novamente eu aguardo que ela jogue o casaco e bolsa em minha direção, mas ela não faz. Eu sei que Emily está odiando isso.
— Ligue para Dermarchelier e marque a sessão de fotos na Rua 15, busque peças com aquele designer que saiu na TV. — Ela da porta da sua sala fala para Emily. — Venha! — Ela olha para mim dos pés a cabeça.
Eu não posso negar que esse olhar dela sempre me mata, é uma intensidade sem fim, uma curiosidade em saber o que há por trás daquele olhar azul pungente.
— Eu posso saber o que aconteceu que você resolveu desaparecer do mapa? — Uma de suas sobrancelhas se eleva enquanto ela folheia uma revista da Vogue.
— Acho que eu informei a você que eu não estava me sentindo bem, Miranda.
Ela me interrompe levantando a mão: — Isso não é suficiente para você não fazer o seu trabalho.
— Tem razão, me desculpe na próxima vez eu fujo da UTI apenas para atender suas demandas. — Falo com rancor na voz.
Ela se levanta apressada se postando frente a mim, ela olha para o lado de fora para se certificar se Emily já saiu, e ao constatar que sim, ela segura minhas mãos com um olhar diferente, isso me deixou intrigada.
— Você está bem, está precisando de alguma coisa? O que aconteceu? — Ela toca minha testa descendo sua mão para minha bochecha.
— Eu não estava na UTI, Miranda, nem ao hospital fui. — Confessei entre risos. — Mas estava em repouso por causa da gripe.
Seus olhos semicerram, ela balançou a cabeça em negação: — Mas você está bem? — Ela segue tão perto de mim.
— Pronta para cumprir suas demandas.
Sua mão desce para meu pescoço, deliberadamente segue para minha nuca, ela puxa minha cabeça em sua direção e toma meus lábios em um beijo avassalador. Por que essa peste beija tão gostoso? Sugo seus lábios macios e com gosto de café. Minha respiração está tão desregular quanto à dela.
— Eu estive querendo você todo o final de semana. — Ela acaricia meus braços ainda com os lábios rentes aos meus.
— O que realmente você quer Miranda? — Questiono não fazendo questão de esconder minha confusão. — Depois que saímos do hotel você passou a agir estranha e agora volta ser aquela mulher que foi lá no térreo.
Ela segura meu queixo encarando meus lábios brilhosos por causa do beijo, ela aproxima seu rosto do meu e roça seus lábios ao meu suspirando intensamente. Ela mordisca minha boca e de surpresa segura minha cintura com firmeza e a puxa para ela. Eu me sinto uma amoeba com essa atitude dela. Eu sinto ela dura e ela me sente quente por ela.
— Eu quero você. — Sua voz sai pesada.
Mas antes que nos beijemos novamente, o telefone toca. Pelo susto a gente se afasta e eu corro para atender.
— Jocelyn e equipe estão chegando. — Informo olhando para ela se aprumar ao respirar fundo na tentativa de acalmar sua virilidade.
Ela que siga pensando que eu vou dá para ela hoje...

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Recôndito
FanfictionNessa fic Miranda será hermafrodita (intersexual) e ninguém, absolutamente ninguém além de seus falecidos pais sabem disso. Porém, Andreah Sachs de maneira atrapalhada descobre esse segredo que Miranda guarda debaixo de chaves dando início a um env...