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— Não pensei que iria. — Respiro pesado me acomodando na cadeira que ela puxou para que eu sentasse.

Assisto Miranda se acomodar na cadeira de frente para minha. Talvez eu esteja sendo ridícula em querer que alguém como ela tenha um relacionamento comigo. Mas, eu também sou alguém, eu também tenho qualidades, porque eu preciso me submeter a isso? Eu quero seguir me submetendo a isso?

— Espero que você esteja ciente de que depois daqui, não vamos transar. — Eu informo insegura.

— Tenho percebido que o sexo não resolve os problemas. — Ela sorrir pegando a garrafa de vinho tinto e nos servindo. — É seu prato favorito.

— Pasta italiana de fruto do mar? — Meu ponto fraco sempre vai ser a minha comida favorita. Ela balança a cabeça em concordância.

— E sobremesa é palha italiana.

Meus olhos ficam surpresos, eu não me lembro de já ter falado a ela que eu amo palha italiana. Se bem que a Miranda observa muito, deve ter visto em algum momento varias vezes lá por casa.

— O que te levou a fazer esse jantar aqui e não lá em casa? — Questiono enquanto destampo o meu prato. — Aliás, o que te levou a fazer esse jantar, você não é muito de romantismo.

— Não sou, mas, posso aprender a ser. — Ela também destampa o dela.

Eu me sinto flutuando sentindo o sabor da comida. A sensação prazerosa que é provar da nossa comida favorita é maravilhosa. Eu olho para ela e ela está sorrindo enquanto movimenta a cabeça em negação. — Você está chateada comigo? — Ela emenda mastigando sutilmente. Elegante como sempre.

— Na verdade não, eu estou chateada comigo. Com o rumo que a nossa historia tomou. Sinto que tornei uma pessoa maçante e cansativa. — Eu sou sincera, e não quero ponderar minhas palavras. Olho para ela e ela sem dizer nada me incentiva a continuar. — Eu... Eu quis mudar o seu jeito, Miranda, eu quis exigir de você coisas que você não queria dá. Essa semana serviu para eu perceber que eu forcei em alguns pontos, e também me fez perceber que você não se empenhou para mudar alguns padrões seus que me deixam insegura.

— Tipo? — Ela arqueia uma das sobrancelhas.

— Tudo partir de mim, qualquer iniciativa para algo além do sexo. Eu sou uma pessoa romântica e pegajosa, eu gosto de declarações de amor, eu gosto de carinho além de sexo, de jantares como esse. E bem... precisamos passar pelo extremo para você fazer isso. — Olho para nossa mesa.

— Eu tenho que me dividir entre a Runway, minhas filhas e você, Andreah. O tempo que estaríamos assistindo algo ou falando trivialidade em um jantar a dois, eu queria aproveitar da melhor maneira.

— Você poderia me incluir nos momentos com elas. Apresentar-me como sua amiga, não precisava ser como namorada. Eu só queria me sentir pertencente a sua vida, Miranda.

— Meus momentos com minha filhas, são com minhas filhas Andreah, eu queria fazer as coisas com calma, como eu ia levar para perto das minhas filhas uma pessoa sem controle das emoções? E se você jogasse um copo na minha testa na frente delas?

— Pelo amor de deus, Miranda. Eu jamais faria isso.

— Quando a gente não tem controle das emoções, a gente se descontrola em qualquer momento. — Ela fala com cautela. — E eu não permito que minhas filhas passem por algum estresse.

— Agora a culpa é minha? Você me leva ao extremo e eu sou culpada pela reação que tuas ações me causam? — Eu sinto minha voz aumentando.

— Não, meu bem, a culpa é nossa. — Ela pousa sua mão na minha em cima da mesa.

— Sim, é nossa. — Minha voz sai mais fraca. — Você ainda me ama? — Eu busco seus olhos.

— Que pergunta é essa, Andreah? — Ela sorrir balançando a cabeça em negação, voltando a pegar o talher. — Por que você tem tanta duvida sobre isso?

— É que eu sempre afasto você de mim, e você demorou uma semana para me procurar depois que eu afastei de novo, nas outras vezes você sempre dava sinal...

— Andreah, eu posso não ter experiência no âmbito amoroso, mas eu sou uma mulher mais velha, madura, eu não posso e nem vou viver te dando declarações de amor. O fato de eu está com você, já é uma declaração de amor permanente, porque eu passei muitos anos da minha vida sem ninguém e não querendo ninguém. Se você não significasse algo, não teria feito nem metade do que já fiz por você.

Eu não sei nem o que falar, eu me sinto uma criança que está sendo chamada a atenção pela milésima vez.

— Ás vezes você fala de uma maneira que parece não faz diferença para você.

— Mas faz! — Ela é categórica. — Por que não aproveitamos esse jantar para relaxar?

Eu olho confusa para ela, eu posso está pesando o ambiente que era para ser um dos momentos que eu tanto exigi dela, então eu tento relaxar e aproveitar a noite de lua cheia.

RecônditoOnde histórias criam vida. Descubra agora