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— Que avós você levou as meninas se seus pais já faleceram, Miranda? — Pergunto sentindo sua mão apertar meu seio esquerdo por baixo da blusa.

Miranda suspira mordendo levemente o meu pescoço. Parece estranho, mas eu conheço cada suspiro dela e esse é o da impaciência. Aperto-a buscando seu rosto com as duas mãos para beija-la. Eu amo a textura de seus lábios.

Hoje é quarta-feira e só hoje eu me toquei que Miranda não tem mais pais vivos e pela maneira que as meninas foram geradas, não tinha muito como elas terem avós da outra parte...

— Me responde. — Procuro seus olhos azuis que tanto me encantam.

E aqui estão eles tão perto de mim revirando-se como se eu tivesse feito uma pergunta idiota.

— Eu quero saber mais de você, Miranda, do seu passado...

Ela tira a mão do meu seio, caminha para frente do banheiro arrumando seus cabelos e limpando a boca borrada de batom.

— Não tem muito o que você precisa saber, Andreah, olhe para o agora, ou para essas interrogações quando estivermos em lugar apropriado. — Ela alinha suas roupas.

— Parece que você foge toda vez que eu tento me aproximar de você e não do seu corpo. — Reclamo.

— Não é nada disso. — Ela se aproxima, segura meu rosto com as duas mãos e me dá um selinho. — Você vai com Roy buscar Hosk, ela não fala tão bem o inglês. — Miranda sai do banheiro.

Respiro fundo revirando os olhos, eu não vou me estressar com essa falta de dialogo da Miranda, mas caramba, eu sei que ela é uma pessoa muito reservada, que pouco se sabe da sua vida pessoal, mas caramba, já tem dois meses que estamos juntas, ela sabe o nome até do meu primeiro namorado e eu não sei nem se ela teve crush na adolescência. O pouco que sei é apenas o que ela falou aqui no térreo da Runway.

Retoco meu batom em frente ao espelho do seu banheiro, me olho com atenção dentro dos meus olhos e algumas memórias do que eu era antes da Miranda me vem em lembranças nostálgicas. Eu sinto falta dos meus amigos, eu sinto falta de Doug que depois que sai do seu apartamento nunca mais o encontrei.

Termino de me alinhar para que ninguém perceba que Miranda estava me agarrando dentro do banheiro do seu escritório e saio da sua sala em busca dos meus pertences para ir buscar a modelo de ouro da capa desse mês.

Sorrio para Roy que me recebe com toda atenção e carinho, reclamo com ele que não precisava da minha ida, pelo amor de deus, ele era capaz de ser gentil suficiente com a modelo e entregar na Runway com toda atenção que parece que ela exige ter, como ele sempre fez com qualquer outra pessoa.

Sinto-me uma ridícula segurando uma placa com o nome da modelo, não é como se eu não fosse capaz de diferenciar ela vindo no meio de varias pessoas de altura mediana e ela com altura de uma jogadora de basquete.

— Oi, meu nome é Andy Sachs, vou levar você até Miranda! — falo receptiva.

Mas então ela apenas me olha de cima abaixo, revira os olhos e joga suas malas em cima de mim ignorando toda a minha existência e andando para fora do aeroporto.

Roy abre o bagageiro assim que me ver amarrotada com aquelas bolsas pesada, a modelo para do lado do carro como se não tivesse mãos para abrir a porta. Mas tudo bem, não é nada que nenhuma outra modelo já não tenha feito antes.

— Me falaram que Miranda Priestly só contratava modelos para ser sua assistente. O que aconteceu que você trabalha para ela? — A loira perfeita tira o chiclete da boca fazendo uma bola dele e colocando na minha mão.

Apenas respiro fundo, eu sei que ela não tá errada em estranhar, afinal ela tá certa e eu fujo completamente do padrão da Runway, que eu sou gorda e não tenho o perfil para ser uma das Clarkes, então apenas sorrio para a moça de inglês rudimentar.

— Levo você para o hotel ou para a Runway? — Roy questiona antes de entrarmos na avenida que liga Runway.

— Runway! — Ela responde atenta ao seu celular.

Ele para o carro em frente ao prédio Elias-Clarke e então eu desço com ela para levar até Miranda. É impressionante em como eu me sinto tão feia e tão baixa perto de uma modelo famosa, uma Angel, eu sinto minha autoestima indo pelo ralo porque eu sei que todos esses olhares sob nós estão comparando o nosso tamanho, o nosso andado, o nosso cabelo, o nosso peso, o nosso quadril que o meu é de parideira e o dela de uma adolescente que ainda não se desenvolveu completamente. Cara, eu tô me achando tão feia perto de uma mulher tão perfeita.

Assim que chegamos ao andar da revista, eu me permito me afastar mais dela, eu não quero que Miranda me veja ao lado dela e faça como os outros, eu não quero que Miranda perceba o quanto estava cega ao me querer, não mesmo... Sento-me em minha mesa enquanto Emily toma a frente para entregar a modelo para Miranda que estava conversando com Nigel. Sinto-me livre para voltar a planejar nossa programação para o fim de semana no resort.

RecônditoOnde histórias criam vida. Descubra agora