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Cheguei em casa e Nate não estava. Olho para a nossa sala e recordo dos bons momentos que tivemos. Eu sei que não é justo o que fiz com ele, ele não é um mau rapaz, colocando na balança o nosso namoro, tenho mais coisas positivas do que negativas, definitivamente ele não merecia ser traído, ninguém merece afinal... Sento-me no sofá sentindo meus olhos lacrimejarem, lembro da Miranda pedindo para que eu me separe de Nate e ficar apenas com ela, e para nunca mais deixar ele entrar em mim.

Balanço a cabeça em negação e me questiono se todas aquelas falas foram apenas pelo calor do momento, aquele desejo de posse, ela parecia tão possessa e interessada em mim. O que mudou? Por que mudou? O que fiz de errado?

Pego meu celular e envio algumas mensagens para meu amigo Doug perguntando a ele se posso ficar alguns dias em seu apartamento até encontrar um para mim. Imediatamente ele me liga querendo saber o que aconteceu. Eu não entro em detalhes, mas ele já sabia que eu e Nate já não éramos mais os mesmos. Como eu esperava, ele permitiu.

Caminho com o resto de disposição que me resta para o quarto, pego minhas malas de cima do guarda-roupa e com pressa vou guardando minhas coisas.

Eu não estou fazendo isso porque Miranda pediu. Eu estou isso por mim e por Nate, estou fazendo isso porque eu o traí e, ele merece alguém honesto com ele, merece alguém que o deseje, e desejo por ele é algo que eu não sinto mais há bastante tempo.

Aquela chama que tínhamos no começo parece que em algum momento que não percebemos diante dos desafios profissionais apagou e passou despercebido por nós, — Ou talvez só eu não percebesse — pensando bem, as cobranças dele sobre minha indisponibilidade para programas a dois possa ser indícios que ele já havia notado e estava tentando reacender o fogo da paixão. Pego um porta-retratos de nós, estamos mais jovens e sorridentes. Meu coração se aperta ao perceber que eu estou abandonando o barco. Nós dois juramos que seriamos pessoas de sucesso juntos, fizemos tantos planos, e agora aqui estou eu pulando fora, não me sinto no direito de pedir que ele saia, afinal, quando eu cheguei a sua vida, ele já morava aqui. Respiro fundo, e enquanto aguardo o táxi que pedi, pego o caderno onde ele costuma escrever algumas ideias malucas de receitas e começo a escrever uma carta para ele.

Agradeço por tudo que ele fez por mim, por tudo que fizemos juntos, e me permito dizer a ele que me apaixonei por outra pessoa, eu sei que falando isso, é a única maneira dele pensar que não é mais um chilique das muitas vezes que eu já dei. Sorrio de mim mesmo por ter terminado com ele por tantas vezes e depois voltado.

Mas, eu não tenho coragem de dizer a ele que num dia em que ele pensava que eu apenas havia chegado ele já estava dormindo e na manhã seguinte saído quando ele ainda estava dormindo, na verdade eu estava toda a noite fora o traindo, e mesmo que se algum dia a gente se encontre novamente, acredito que também não irei confidenciar.

Levo as malas uma por uma para baixo, eu sei que não deveria fazer tanto esforço, mas, tem momentos que são necessários e inevitáveis, olho para o molho de chave em minhas mãos, tiro a da porta que um dia eu senti que fosse meu lar, tranco a porta e empurro por debaixo dela.

Eu tenho a certeza dentro do meu coração que eu nunca mais irei voltar. Isso não me dá medo.

— Oi! — Falo sem entusiasmos para Doug.

Sua expressão é diferente de todas as outras vezes que eu pedi para ficar lá durante meus términos com Nate. Talvez seja a quantidade de mala, talvez seja minha cara de doente, muitos talvez, mas, nenhuma certeza.

— Você está péssima. — Ele ajuda com as malas.

— Me sinto doente. — Sorrio forçadamente para ele.

— Você está ardendo em frente. — Ele fala preocupado ainda com a mão em minha testa.

— Eu suspeitei que estiva mesmo com febre.

— Deita aí, vou terminar de trazer suas malas e volto para cuidar de você.

Não demora muito para que minhas malas estejam no canto da sala, eu faço menção de levantar para ajudar, mas ele me proíbe. Não demora muito para ele chegue com chá, pastilhas, e um cobertor. Agradeço a ele apenas com sorriso.

— Se Nate ligar perguntando se eu sei do seu paradeiro eu digo o quê? — Ele pega meus pés e começa a fazer massagem.

— Eu acho que ele não vai ligar, mas se ligar, diga a verdade.

— O que realmente aconteceu? — Sua seriedade denota sua preocupação.

Eu pego meu celular desligando-o, não por causa de Nate, e sim de Miranda. Não quero está disponível para ela, mesmo que seja algo do trabalho nesse final de semana, em meu contrato é apenas de segunda a sexta... Eu preciso ficar bem para saber o que pensar. 


Nota da autora: Oie, a vida imitando a fanfic, peguei aquele chuva fina ontem no final da tarde e hj amanheci com a garganta doendo, dor de cabeça, coriza e muito mal estar, talvez essa fic volte a ter pausa ksksksks

RecônditoOnde histórias criam vida. Descubra agora