25

2.3K 268 97
                                    


Eu queria dizer que depois do nosso final de semana maravilhoso, Miranda passou a ser mais aberta comigo, mas não, ela voltou a ser igualmente fria e distante, entretanto quente e atenciosa quando queria sexo. Isso está me matando.

Em que momento eu permiti que ela me tratasse assim?

Foi quando eu disse para ela que aceitava o que ela quisesse? Eu só falei aquilo no calor do momento, por medo dela dá por encerrado o nosso envolvimento que mal estava começando, mas, depois de tantos encontros casuais, eu não suporto mais a ideia de ser apenas um passa tempo, um deposito de porra que ela usa a hora que quer.

Já é quinta-feira e eu estou me sentindo exausta, depois do nosso final de semana no resort, só nos encontramos uma vez, no mais só tivemos amassos e uma rapidinha no banheiro do seu escritório, pois, Miranda está cheia de compromisso e para completar, leva a insuportável da modelo para qualquer evento que precisa ir fora da Runway. Isso tem me irritado bastante.

Olho para as folhas que chegaram da sala do Irv para Miranda assinar, pego-a e caminho para sua sala.

Olho para o lado e Miranda está com a mão na cintura da Elsa, bem do jeito que ela segura a minha, seu sorriso é maroto. Meus olhos se arregalam e ela afasta sorrindo para mim, vindo em minha direção como se não estivesse fazendo nada demais.

— Irv quer que você assine esses documentos, Miranda. — Estico para ela pegar.

— Oh coisinha, providencie meu almoço para depois da sessão de fotos. — A modelo perfeita fala de maneira antipática.

— O nome dela é Andreah! — Miranda informa gentil.

Eu fecho os olhos, respiro fundo e olho para Miranda que tem sua atenção aos papéis. Eu sinto que ela está evitando olhar na minha cara. Olho para a modelo e balanço minha cabeça em concordância. Mesmo que meu desejo fosse manda-la ir para o inferno.

Eu não vou dá chilique na frente dela, eu não vou cobrar da Miranda alguma explicação para o que eu acabei de presenciar, não temos nada definido não é mesmo?

Tento controlar a lágrima que quer sair de meus olhos. Ignoro a ardência em meu estômago.

— Donnatela já nos deu retorno? — A voz da Miranda está branda.

— Não tivemos retorno da última ligação, Mi-ran-da.

— Isso é tudo! — Ela faz gesto com as mãos me dispensando.

Eu saio da sua sala direto para o banheiro, e ao me trancar em uma das cabines eu me permito me acabar em lágrimas. Eu sabia que Miranda estava interessada nela, a gente sente, não importa como, mas a gente sempre sente quem é uma ameaça.

Depois de alguns minutos e nariz entupido, tento me recompor, eu preciso trabalhar, eu preciso desse emprego, eu preciso pagar meu aluguel, eu preciso sobreviver. Não será a primeira, e talvez não vá ser a última decepção amorosa que eu vou passar. Mas, se Miranda não me der um belo motivo para está daquele jeito, com toda aquela intimidade, o nós não existirá nunca mais.

Menos descontrolada internamente, volto para a minha mesa, não dá muito tempo de eu sentar, logo Miranda aparece acompanhada da Elsa ordenando que as acompanhe.

As duas vão lado a lado e eu atrás com meu bloco amarelo de notas. É dolorido para mim, perceber que eu nunca vou ser suficiente o bastante para está caminhando ao lado da Miranda. Eu não sou padrão, eu não sou rica, eu não tenho cultura suficiente, eu não tenho etiqueta o suficiente para ser vista por ela como alguém além de comer escondido tomando todos os cuidados para ninguém saber.

Elas entram no estúdio e eu me acomodo no cantinho em pé perto da porta, assisto a garota perfeita de cabelos sedosos e brilhosos apenas de calcinha e sutiã. Ela não tem uma cicatriz, ela não tem uma imperfeição, ela tem um sorriso bonito, um olhar atraente, ela tem a feminilidade que atrai qualquer pessoa que tenha um pau entre as pernas.

Eu acompanho todo o processo de desfile e fotografia assistindo Miranda sempre atenta e tocando a garota que sorrir e olha para Miranda de maneira conquistadora e isso me dói o estômago, me dói o coração, me dói à alma.

Ao total de tempo, foram 50min de pura tortura para mim que não vejo a hora dessa garota voltar para Paris. É lá que ela tinha que ficar e nunca ter aparecido nas nossas vidas.

Providencio o almoço da garota e pelo menos elas não almoçaram juntas, Miranda almoçou fora.

Sentada na minha mesa o telefone toca, e assim que atendo sinto alívio por ser a resposta da equipe da Donnatela, se a gente não tivesse conseguido retorno deles ainda hoje o nosso dia amanhã seria um inferno.

Anoto atenciosamente as instruções, agradeço e encerro a ligação indo para a sala da Miranda novamente, eu preciso deixa-la a par de tudo. Sempre!

Mas, eu paraliso no meio da sua sala ao ver os lábios da Miranda tocando os lábios daquela modelo. Meus olhos ardem, meu coração quer sair pela minha boca, minhas pernas estão moles, meu ar escasso.

— Miranda? — Seu nome sai com gosto amargo da minha boca.

RecônditoOnde histórias criam vida. Descubra agora