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Arrastei-me para casa sem nem saber ainda o que pensar e como pensar, meus olhos seguiam com aquela sensação de ardência, meu nariz agora entupido e, corpo seguia ainda muito pesado. Tento respirar fundo antes de abrir a porta do apartamento desejando novamente não encontrar Nate ali. Mas olho para o sofá e ele está lá.

— Você está com a cara péssima. — Ele sorrir sem mostrar os dentes.

Passo a mão em seus cachos como cumprimento e me arrasto para o quarto ignorando seu comentário, eu só preciso de roupa larga, confortável e da minha cama, nada mais.

— Ontem cheguei tarde e hoje você saiu antes de eu acordar. — Ela fala e só ai eu percebo que ele me acompanhou.

— Estou gripada. — Informo vestindo meu moletom surrado, entretanto muito confortável.

— Vou fazer um chá para você. — Ele sorrir prestativo mexendo em seus cabelos.

Eu sinto um aperto no peito tão grande, um nó fazer presente em minha garganta, meus olhos lacrimejam. Esfrego meu nariz e fungando entro debaixo do edredom e em posição fetal me recuso a chorar, eu só queria dormir para sempre.

Não demora muito e então Nate retorna me oferecendo uma xícara de chá quente. Sento na cama e só a fumaça do chá quente entrando em minhas narinas me causa uma boa sensação. Ele senta na beira da cama me observando tomar com pressa o líquido fumegante.

Ele pergunta se eu quero comer alguma coisa, recuso com a cabeça e volto a me deitar em posição fetal. Eu não sei em que momento eu peguei no sono, mas acordo com a mão dele me puxando pela cintura, talvez para dormir de conchinha. Resmungo me acomodando para ser a conchinha menor, mas então ele começa a beijar meu pescoço, a se esfregar em minha bunda, o nó em minha garganta volta com toda força.

— Não toca em mim. — Esbravejo em revolta com os olhos cheios de lágrimas ao me afastar bruscamente dele. — Eu estou doente, mas que merda. — Sigo gritando descontrolada sentindo minha voz ficando rouca.

— Calma aí, Andy, a gente é um casal, não precisa de tudo isso, só estava te procurando, desculpa querer você. — Ele fala parecendo assustado com meu descontrole.

— Me deixa só, me deixa em paz, Nate. — As lágrimas caem descontroladas pelo meu rosto.

Nate sai do quarto e eu volto a me deitar e me permito esgoelar em um choro intenso e confuso. Eu estou me sentindo tão suja, me sentindo usada e me sentindo culpada por descontar em Nate. O choro parece que sai de dentro do meu coração, porque ele dói, e dói muito, como se quisesse sangrar.

Eu só queria que ela tivesse sido mais cuidadosa comigo, mais atenta, mais interessada em meu bem estar. Eu me sinto uma grande de uma idiota. Ela nunca vai querer nada comigo, ela nunca vai se preocupar quando eu estiver doente, ela me acha feia e gorda e que sequer serve para ser uma prostituta... O comportamento dela antes da gente ter aquela conversa no terraço do Elias-Clarke veio como uma adaga envenenada. E então eu choro ainda mais.

A minha vida está completamente errada, e meu mundo parece de ponta cabeça e ninguém parece realmente se importar comigo. "Eu só queria ser cuidada sem depois ser usada." Sussurro baixinho entre soluçar. A minha cabeça dói, meu corpo dói, meu coração dói. Tudo dói!

Respiro fundo e me arrasto para fora da cama. Nate está novamente no sofá assistindo UFC. Escoro-me na parede e cruzo os braços, fecho os olhos tentando encontrar forças e coragem.

— Nate, a gente precisa terminar. — Minha voz segue rouca evidenciando meu resfriado.

— Ai, Andy, não faz drama, eu fui idiota, mas não é para tanto. — Ele dá de mão e volta sua atenção para a TV.

— Eu não amo mais você, Nate. — As lágrimas agora parecem tão mais pesadas pela confissão.

— Você está doente, deve tá entrando naqueles dias também, vai dormir, vai. — Ele nem tira os olhos da TV.

Passo as mãos em meu rosto interrompendo o percurso das lágrimas e me sentindo ainda mais humilhada retorno para o quarto. Eu me sinto uma idiota covarde que não consegue sequer ser franca com ele e dizer que eu o trai. Céus a cabeça minha dói tanto.

É como se eu tivesse tido tipo um dia no paraíso e depois caísse direto para o inferno. O peso das minhas ações parece tão mais tirana comigo mesmo, e eu me sinto sufocar, meu peito parece sufocar o meu coração, eu pareço sufocar e eu só queria que a Miranda cuidasse de mim.

RecônditoOnde histórias criam vida. Descubra agora