Algumas horas depois, por volta das quatro horas da tarde do mesmo dia, Christian atravessa o limiar do depósito, agora um cenário de desolação: Prateleiras jazem retorcidas no chão, suas estruturas metálicas enegrecidas e deformadas pelo calor voraz das chamas. Caixas de alimentos, antes repletas de provisões, estão reduzidas a cinzas, com fragmentos de comida carbonizada dispersos entre os restos mortais que salpicam o piso frio e sujo.
Ele deixa a porta escancarada, incapaz de suportar o odor fétido de carne queimada que permeia o ar, um cheiro que invade as narinas e se agarra à garganta. Christian desvia o olhar dos corpos carbonizados, cuja visão macabra é um assalto aos olhos, e foca sua atenção no jovem soldado acorrentado, uma figura solitária sentada entre os mortos, alguns marcados por facadas certeiras para evitar reanimação e outros perfurados por balas.
O soldado ergue a cabeça, revelando olhos injetados e um nariz rubro, vestígios de um choro.
— Todos os dias, temos que reportar ao general — ele murmura, a voz trêmula — se não fizermos o general vai perceber que tem algo de errado.
— Por que está me contando isso? — Christian interroga, a suspeita tingindo suas palavras.
— Porque eu quero que você entenda que eu não estou com eles — o soldado confessa, a culpa pesando em cada sílaba.
Christian solta uma gargalhada áspera, e sob a luz tênue que se infiltra do refeitório, seu sorriso se desenha como de alguém à beira da loucura.
— Você e suas histórias — ele escarnece.
— É a verdade — o jovem insiste, o remorso evidente em seu tom — Nunca fui um soldado de verdade... apenas tentando sobreviver quando o general cruzou meu caminho. — Seu olhar se perde nos corpos de seus companheiros caídos, a dor em seus olhos é palpável — Não fui o único a ser forçado a escolher... era isso ou a morte.
— Eu teria escolhido a morte antes de me aliar a essa causa — Christian rebate, a firmeza em sua voz.
— Não... você não desejaria isso. Você desconhece a sensação de fome, frio e dor — o soldado retruca, a voz embargada pela emoção, como se a mera memória fosse suficiente para reviver aqueles tormentos.
— Não ouse dizer o que eu desejaria! — Christian explode, a ira fervendo em suas veias — Vocês levaram meu melhor amigo, assassinaram minha outra amiga.
— E por isso, lamento profundamente, — o soldado oferece suas condolências, sincero.
— Lamenta? Eu... — Christian começa, mas a raiva o sufoca, uma onda de calor o invade. Ele se vira, respirando fundo, lutando para dominar o furor que ameaça transbordar. Não posso matá-lo, preciso dele. Ele pondera, antes de se voltar novamente ao soldado.
Com um gesto decidido, Christian retira o walkie-talkie de seu cinto.
— Você vai informar ao general que está tudo sob controle — ele ordena.
O soldado concorda com um aceno. Christian se agacha diante do prisioneiro, posiciona o walkie-talkie próximo aos lábios trêmulos do jovem e pressiona o botão.
— Posto avançado da escola, está tudo calmo — o soldado transmite a mensagem, seu gesto de cabeça é um sinal de cumplicidade.
Christian solta o botão, e o aparelho emite um chiado de estática antes que uma voz masculina responda:
— ... Certo, desligando...
Christian se ergue, impondo-se sobre o homem, e guarda o walkie-talkie.
— Em algumas horas, partiremos. Descanse — ele instrui, já se dirigindo à saída.
Quando Christian alcança a porta, o soldado o interpela:
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The Dead Come Back To Life: O Caminho Para Crossville
Teen FictionEm um apocalipse devastador que transformou o estados unidos em um pesadelo desolado, Christian, um jovem resiliente que luta pela sobrevivência junto a um bando de jovens, atravessa este novo mundo infernal com um propósito inabalável: reencontrar...