𝟎𝟎𝟒 | Crossville

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Louis corre desesperadamente pela floresta, o ar pesado de folhas úmidas e galhos que chicoteiam seu rosto, deixando marcas vermelhas no caminho do suor que escorre em rios pela sua testa. A cada passo, uma pontada aguda de dor perfura sua perna ferida, fazendo-o mancar dolorosamente. Sua perna está rígida e inchada, mas a necessidade de sobreviver o impulsiona a seguir em frente.

Reflete, amargamente, sobre os anos em que ignorou os avisos do médico, preferindo a cadeira confortável de sua sala de aula ao exercício físico. Agora, ele paga o preço por sua negligência ao tentar andar, somado ao ferimento deixado pelo ataque de um urso a alguns minutos atrás que quase lhe custou a vida.

Ele lança um olhar aflito por cima do ombro, vendo os mortos-vivos em uma perseguição implacável. Suas peles pálidas e decompostas, olhos vidrados e dentes podres, criam uma visão aterradora. Vestidos em trapos sujos e rasgados, suas feridas abertas e ossos expostos são testemunhos de sua decadência. Os grunhidos guturais e sussurros sombrios ecoam pela floresta, aumentando a atmosfera de terror.

Eles estão a apenas dezesseis metros de distância, avançando com passos descoordenados, mas implacáveis. O pânico toma conta de Louis, seu coração martelando no peito. Ele olha para a frente, o desespero estampado em seus olhos, avistando a ponte a apenas quinze metros de distância: uma estrutura de madeira coberta por um telhado, atravessando o rio que corta a floresta.

Louis tropeça em uma raiz e cai pesadamente no chão, um gemido de dor escapando de seus lábios. Ele tenta se levantar, mas a dor lancinante na perna o impede. Olhando para trás, vê os mortos-vivos se aproximando, a apenas seis metros de distância, braços estendidos, prontos para agarrá-lo. O ódio e a fome em seus olhos mortos são palpáveis. Com um último esforço, ele se ergue e continua cambaleando em direção à ponte.Ignorando a dor e o cansaço, Louis se arrasta com o que resta de suas forças. O sol poente tinge o céu de laranja e vermelho, a luz do fim da tarde refletindo no rio e criando um brilho cintilante. A ponte, agora a poucos metros, parece uma promessa de salvação.

Ele finalmente chega à ponte. A madeira antiga estala sob seus pés, soltando um pó acinzentado que se espalha pelo ar e cai no rio. O teto de madeira apodrecida cria sombras profundas no caminho, mas não o suficiente para esconder as caixas de madeira e papelão encostadas na parede da ponte. O ar é abafado e cheio de poeira, o som do rio e do vento misturando-se aos passos e à respiração ofegante de Louis. Ele olha para trás e vê os mortos-vivos chegando na ponte, que treme e estala com o peso deles. Louis continua seu caminho, vendo a saída da ponte a dois metros de distância.

Sabe que está longe demais de Crossville, que não chegará lá a tempo, especialmente com a perna ferida. Mesmo se pudesse, não levaria a horda para lá. Ele não tem um plano, não sabe para onde está indo ou por que continua fugindo. Sente um vazio no peito, uma angústia que o consome.

Ele atravessa a ponte e olha para trás mais uma vez. Os mortos-vivos estão no meio da ponte, arrastando-se lentamente. De repente, um estrondo forte o lança para frente. Ele cai de cara no chão, uma dor aguda atravessando sua cabeça com o impacto. Confuso, tosse e se apoia nos braços, olhando para trás, em direção à ponte. No céu alaranjado, uma fumaça negra e espessa sobe sobre os restos da ponte, que agora está completamente destruída. Pedaços de madeira e metal são levados pela correnteza, junto com os pedaços dos mortos-vivos. O que sobrou da ponte, ainda preso na margem, está em chamas, as labaredas altas e vermelhas iluminando o cenário de destruição. A fumaça densa e sufocante cobre o sol e o céu, transformando o que foi um símbolo de civilização em cinzas.

Louis observa a cena, ainda atordoado no chão, seus olhos escuros refletindo as chamas da ponte. Parte de seu rosto está coberta de fuligem preta, seu cabelo cacheado desarrumado. Ele se levanta quando sente o frio metálico de um cano de arma encostar em sua nuca, seguido pelo som característico de uma arma sendo engatilhada, pronta para disparar. O frio do metal contra sua pele e o medo de morrer o paralisam.
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The Dead Come Back To Life: O Caminho Para CrossvilleOnde histórias criam vida. Descubra agora