𝟎𝟎𝟔 | Lobo Entre Ovelhas

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A neve cai intensamente sobre os escombros do hospital destruído, cobrindo tudo como um manto silencioso e gélido. Pequenos grupos de cientistas e soldados, num total de 13 indivíduos — 6 deles cientistas —, ajoelham-se na praça, mãos na cabeça, sob a ordem do grupo liderado por Mia e Johnny. Eles, que haviam conduzido os sobreviventes que haviam ficado na escola para o campo de batalha e salvaram os capturados que agora estão ajoelhados.

— Hoje vocês ganham uma nova chance! — proclama Mia, sua voz cortante como uma lâmina, enquanto olha fixamente para cada um dos ajoelhados. Seus cabelos loiros dançam ao vento, e ela mantém uma postura imponente, lembrando uma xerife do Velho Oeste. — Uma chance de se arrependerem e fazer tudo de forma diferente.

Ela faz uma pausa estratégica. Todos os olhares estão nela, atentos. Atrás dela, Johnny vigia os arredores e os ex cobaias observam a cena com uma mistura de esperança e desespero. O odor pútrido de carne em decomposição permeia o ar, um aviso claro de que uma horda de mortos-vivos se aproxima, trazendo consigo o cheiro da morte iminente.

— Podemos capturar alguns mordedores para seus testes, produzir equipamentos, melhorar nossas defesas e plantações. — Mia deixa suas palavras pairarem no ar, dando tempo para que cada um absorva seu significado. — Podemos fazer isso dar certo. O que acham? — ela pergunta, seu olhar penetrante varrendo os rostos dos capturados.

Os prisioneiros permanecem em silêncio, suas expressões uma mistura de medo e resignação. Mia segura sua pistola no coldre, a mão firme, como se o simples ato de tocá-la reforçasse sua autoridade. Ela vira o olhar para o hospital e vê Maddy e Christian se aproximando. O garoto está com o rosto manchado de sangue e um olhar abatido conforme caminha e carrega sua macuahuitl manchada de sangue. Mia sente um aperto no coração, uma pontada de dúvida e pena sobre a origem daquele sangue, mas rapidamente volta sua atenção para o grupo ajoelhado.

— Os mortos estão chegando. Vocês têm cinco minutos para decidir. — sua voz é firme, mas o tom é implacável.

Olhares tensos são trocados entre os ajoelhados. O soldado que se atende pelo nome Hoper, de pele escura, cabelos crespos e olhos verdes, levanta a cabeça. A determinação brilha em seu olhar, um fogo inextinguível de sobrevivência e liderança.

— Aceitamos — responde ele, sua voz grave e decidida quebrando o silêncio.

O grupo parte para a longa jornada até a escola. Os ex-cobaias e os capturados se amontoam no compartimento de carga junto com os outros jovens da escola, misturados a caixas de armas e munições. Durante o percurso, Mason permanece inquieto, incomodado pelo odor pútrido que infesta o ar, enquanto os motores rugem pela cidade devastada. Devido ao congestionamento de veículos na estrada, a viagem consome quase metade do dia e eles chegam as 16h43 na escola.

— Quando vamos voltar? — um dos ex-cobaias, um homem corpulento de 30 anos, inquere no meio da multidão que se aglomera no pátio coberto de neve da escola.

— Uma das minhas filhas se perdeu no meio da multidão no hospital — a senhorita Martin expressa sua preocupação, sua voz trêmula.

Mason e os outros jovens da escola, que se dirigiam à porta de vidro, param nas escadas sob as colunas e se voltam para os ex-cobaias.

— A maior parte de vocês está ferida — ele começa, fazendo uma pausa enquanto busca as palavras certas. A verdade é que qualquer um que ficou no hospital morreu, mas o grupo não está pensando de forma racional e ele teme a reação emocional dos ex-cobaias quando caírem na real. — Vamos encontrar um lugar para vocês dormirem, cuidar de...

— VOCÊS QUASE NOS MATARAM EXPLODINDO O HOSPITAL! — um senhor de cerca de 60 anos berra, a voz carregada de fúria.

A multidão explode em um caos de gritos, cada um tentando ser ouvido acima do outro. "DE QUEM FOI A IDEIA?" "TRAGAM-NOS DE VOLTA!" "PRECISAMOS VOLTAR!"

The Dead Come Back To Life: O Caminho Para CrossvilleOnde histórias criam vida. Descubra agora