The Dead Come Back To Life: O Caminho Para Crossville

𝟎𝟏𝟔 | O Último De Nós

Se Liam, o garçom, não tivesse morrido envenenado, Sam o consideraria o principal suspeito, pois é improvável que ele tenha se autoenvenenado no processo. Contudo, ele mal tem tempo para investigar a origem do veneno ou lamentar as 29 mortes entre as 43 pessoas que estavam no salão. Gritos e tiros ressoam do lado de fora, alertando-o para o caos iminente. Com um gesto, ele convoca todos que possuem habilidades de combate, incluindo Carlos e Christian.

Ao saírem do salão, deparam-se com um verdadeiro inferno. A escuridão que envolve Crossvile é rasgada pelos gritos de terror e dor, ecoando de todos os lados. Sobreviventes desesperados correm, tentando escapar das garras dos mortos. Alguns já não têm mais esperança e agonizam enquanto seus membros são dilacerados pelas mandíbulas dos predadores. No meio do tumulto, alguns dos soldados treinados por Carlos lutam bravamente contra os mortos. O grupo liderado por Sam não hesita e rapidamente se une na luta contra os 16 mortos-vivos que vagam do lado de fora. Facas são cravadas em crânios e disparos ecoam no ar. A batalha parece estar sob controle, até que Sam, após eliminar mais um dos atacantes, ouve uma voz que se destaca acima dos grunhidos e disparos.

— Meu Deus! — exclama Carlos.

Sam se vira e observa um morto-vivo avançando em direção a Carlos. Mas não é um morto-vivo qualquer; é um homem idoso, de cabelos grisalhos e ralos. É Scott, o ancião que os acolheu no início do apocalipse, abrigando-os em seu apartamento. O homem que celebrou o casamento de Henry. Agora, sua pele está pálida e seus olhos, antes brilhantes e cheios de fé, refletem um vazio absoluto. Sam nota que Carlos não consegue puxar o gatilho. Antes que o idoso alcance Carlos, Sam avança pela lateral e enfia uma faca em seu crânio, retirando-a com um jorro de sangue e abaixando o corpo do velho com cuidado até o chão.

— Você está bem? — pergunta Sam ao se levantar.

Carlos acena, mas seu rosto está pálido e abatido. Ele abaixa a arma lentamente e se agacha ao lado de Scott, fechando os olhos do homem e permitindo que ele descanse em paz.

A situação rapidamente se torna mais controlada, mas os corpos jazem espalhados pelas ruas e calçadas, como folhas secas no outono. Christian, Sam e Carlos respiram pesadamente, a adrenalina pulsando em suas veias, quando de repente, passos apressados ecoam em direção a eles. Christian se vira e, com um sobressalto, se depara com Amélia, que salta nos braços dele, quase o derrubando.

— Você está bem... Graças a Deus! — exala ela, o desespero implícito em cada sílaba, como se cada palavra fosse um suspiro de alívio — Enquanto corria, eu temia que te encontrasse decapitado. Mandaria me torturarem e me decapitarem também se isso tivesse acontecido.

Os dois se afastam, e Christian a encara, surpreso com a reação dela. Mas algo em Amélia está diferente; seus olhos, outrora cheios de felicidade e imaginação, agora estão arregalados em terror, como se um véu escuro tivesse se instalado sobre sua alma.

— Você tá bem? O que aconteceu? — ele pergunta, sua voz tensa como uma corda de violão prestes a estourar.

Amélia, nervosa, desvia o olhar para Carlos e Sam, que se aproximam, cobertos de sangue, e então balança a cabeça, hesitando.

— As crianças... elas estão mortas. Arrancaram seus braços e suas pernas... — ela revela, a voz tremendo, enquanto lágrimas começam a brotar.

— O que? — Christian pergunta, a incredulidade estampada em seu rosto como uma máscara de horror.

— Acho que é mais de uma pessoa — diz Carlos, a voz se arrastando como um peso na atmosfera, como se pronunciar aquelas palavras fosse uma maldição.

— O que aconteceu lá dentro? — Amélia pergunta, a preocupação transparecendo em seu tom.

— Alguém envenenou a bebida — Christian explica, a gravidade da situação moldando sua voz.