The Dead Come Back To Life: O Caminho Para Crossville

𝟎𝟎𝟓 | Em Busca

Envolta pela névoa da inconsciência, Kara é assaltada por um aroma acre de queimado, enquanto um gosto metálico dança em sua boca. Seus olhos turvos discernem um cenário dantesco: o para-brisa destroçado do carro revela uma parede de concreto implacável que o veículo abraçou.

No banco do motorista, jaz Lohan, seu marido outrora amado, agora uma figura sombria com a cabeça tombada sobre o volante, o rosto marcado pela colisão e pelo flagelo de uma bala. Ao lado de Lohan, repousa Luke, inconsciente, sua cabeça careca e seu rosto machucado com um imponente bigode Fu Manchu.

No banco traseiro, ao lado de Kara, encontra-se Jack, de cabelos castanhos desgrenhados agora compartilham espaço com uma cicatriz que cruza sua face. Um gemido quase inaudível escapa de seus lábios enquanto ele luta para retomar a consciência.

— Jack? Está tudo bem? — A voz de Kara, trêmula e fraca, ecoa pelo interior destroçado do carro, tingida de desespero.

Enquanto luta contra a agonia que consome seu corpo, ela não pode conter a torrente de emoções que ameaça transbordar. Mas agora não é hora para lágrimas. Agora, sua preocupação primordial é proteger o bebê e auxiliar seus companheiros — se é que se pode chamá-los assim — e escapar antes que os responsáveis por este ataque se manifestem.

Com um esforço titânico, ela desprende o cinto de segurança e tenta mover-se em direção aos seus companheiros feridos. No entanto, seu corpo — destroçado em agonia, sua perna esquerda entorpecida pela paralisia — se recusa a cooperar. Uma sensação úmida serpenteia por seu cabelo até sua testa, e ao tocar, Kara reconhece o líquido viscoso: sangue.

A cena começa a desaparecer, vozes indistintas ecoam do exterior, ecoando em sua mente atordoada. Um impulso frenético a impulsiona em busca da faca presa em sua calça, mas sua visão turva e sua tontura a traem. Subitamente, a porta ao seu lado se abre, revelando rostos distorcidos pela penumbra, antes que sua visão seja engolida por uma escuridão total.
 

— Se acalma!

As palavras ecoam na mente de Kara como trovões distantes, enquanto ela lentamente desperta para uma realidade turva e dolorosa. Sua visão embaçada é inundada por uma intensa dor pulsante, como se sua cabeça estivesse prestes a estourar. Um curativo apertado comprime sua testa, e suas mãos estão firmemente atadas.

No centro do ambiente, em frente a mesa, ergue-se a figura imponente de Gavin, um homem magro com dreadlocks, cuja presença parece enraizada na própria essência da sala. Ele exibe uma jaqueta de couro gasta, calças jeans rasgadas e botas robustas, uma figura que parece ter enfrentado as vicissitudes da vida com firmeza.

Kara examina o ambiente ao seu redor, percebendo a decoração singela da sala: uma televisão solitária em um canto, uma mesa no centro, uma varanda à direita. Ela se dá conta de que está em uma casa, mas a localização exata permanece um enigma.

— Será que tem como eu me acalmar? — diz o garoto Christian, de cabelos negros e alguns fios brancos que se estendem até o pescoço. Ele veste uma camisa azul mesclada com cinza, com uma palavra estampada que Kara não consegue ler — Como você espera que eu me acalme? Você ocultou o fato de que esses malditos mataram o Pete!

Enquanto tenta reunir seus pensamentos dispersos, Kara nota a presença de outros cativos na sala. Luke e Jake, com as mãos também amarradas, sentados no chão, seus olhos refletindo uma mistura de confusão e raiva. Vestido com uma regata azul e uma calça jeans, Lara, uma jovem ruiva, inclina-se sobre eles, cuidando de seus ferimentos com uma expressão inquieta.

De pé ao seu lado, Raquel, uma figura imponente e misteriosa, segura uma bengala adaptada, trajando um casaco bege claro com botões e um lenço xadrez azul escuro amarrado frouxamente no pescoço, sua saia xadrez azul na altura do joelho e usando chapéu bucket azul que esconde seus cabelos lisos compridos que chegam até a costa, emanando uma aura de autoridade silenciosa.