𝟎𝟎𝟗 | Sirene Do Apocalipse

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Chegam a Verstoppt por volta das 11 horas da manhã, o céu matinal está encoberto por nuvens ameaçadoras, como se estivesse prestes a ter uma tempestade iminente. O grupo se prepara meticulosamente, dividindo-se em dois: Gavin e Blake formam um grupo composto por Kara, Mia, Nathan e Breno. Todos se  equipam com armas e ajustam mochilas. Pegam os únicos dois walkie-talkies para manter a comunicação: um com Gavin e outro com Joshua, que lidera o segundo grupo junto com Lara, Raquel, Mary e Riley.

Combinam de se reunir às 13:00 no caminhão, antes de dispersarem pelos cantos da cidade em busca de pistas sobre o paradeiro de Christian e Leonor, além de procurarem por roupas úteis.

— É simplesmente horrível — Mary diz quase hipnotizada com seus olhos tristes examinando a estrutura diante deles. Ela está vestida com uma jaqueta puffer rosa e uma calça peluda preta e seus perfeitos cabelos afros estão presos com presilhas.

Diante deles, ergue-se um pequeno shopping, sua presença imponente agora uma ruína de épocas passadas. As paredes, uma vez pintadas de branco, estão desgastadas pelo tempo, suas portas de vidro completamente estilhaçadas. Do telhado, a cauda de um helicóptero militar agoniza sob o sol, seu metal corroído testemunha de anos de intempéries. Trepadeiras cobertas de neve adornam o lugar como guirlandas de Natal, subindo pelas paredes e enlaçando a carcaça do helicóptero.

Internamente, o alarme de Mary dispara. Desde pequena, ela possui um estranho pressentimento, um temporizador psicológico que a avisa quando algo está prestes a dar errado. Ela sentiu isso minutos antes do ataque ao seu acampamento, durante a peça no dia em que sua escola foi invadida, e agora, mais uma vez, enquanto atravessa o pequeno estacionamento coberto de neve e adentra o shopping.

Mary cresceu em um lar humilde nos arredores de Atlanta, ao lado de sua mãe, uma trabalhadora incansável de um pequeno mercado da cidade. Embora nunca tenha conhecido o luxo, Mary nunca passou fome nem frio; tinha o suficiente para sobreviver. Ela observava suas amigas brincarem com bonecas e sonhava em ter uma, mas sua mãe nunca pôde proporcionar esse luxo. As vezes, suas amigas a convidavam para passeios no shopping, algo que ela ansiava profundamente, mas suas condições financeiras sempre a impediam.

Hoje, olhando para o shopping em ruínas, seu coração se aperta. As paredes são marcadas por tiros, os pilares entrelaçados por trepadeiras parecem prestes a desabar. No centro, onde antes havia uma animada praça de alimentação, agora reina o caos. Alguns mortos-vivos vagueiam sem rumo entre mesas e cadeiras reviradas, cobertas pela neve que se infiltra através de uma enorme claraboia, cuja cauda de helicóptero pendura-se perigosamente, prestes a cair. Os pedaços quebrados da claraboia se curvam para baixo como ossos quebrados, e a única luz provém dali.

Mais adiante, as escadas rolantes, outrora funcionais, estão imóveis e cobertas de sujeiras. Mary suspira profundamente, girando 360 graus para observar as lojas e restaurantes nos dois primeiros andares. Algumas vitrines foram destruídas por saqueadores oportunistas, outras estão seladas com tábuas. Algumas estão protegidas por portas estilos garagem amassadas.

— Lá em cima! — Mary encontra a loja de roupa.

Então o grupo segue para o segundo andar em direção à Columbia Sportswear. Lara e Riley lideram o caminho, eliminando silenciosamente os mortos-vivos que cruzam seu caminho. Mary atrás ajuda Raquel, a andar, enquanto Joshua, armado com um M16, vigia atentamente atrás delas.

Lara enfia seu cutelo no crânio de um morto-vivo que um dia foi um segurança depois faz o mesmo com outro que antes trabalhava no McDonald's. Com mochilas batendo contra as costas e pés pisando no piso frio eles atravessam apressadamente a desordenada praça de alimentação até alcançar as escadas onde Riley lança de cima uma idosa em avançado estado de decomposição.

The Dead Come Back To Life: O Caminho Para CrossvilleOnde histórias criam vida. Descubra agora