The Dead Come Back To Life: O Caminho Para Crossville

𝟎𝟏𝟑 | Laços

Eles voltam no final daquela tarde, quando o céu se pinta em vibrantes tons alaranjados. Para a surpresa de nenhum dos dois, Henry e seu grupo ainda não retornaram da missão. Naquela noite, Amélia decide preparar o chá sozinha, mesmo com Christian se oferecendo para ajudar. Lexie, apesar de inicialmente hesitar, acaba bebendo o chá e logo cai em um sono profundo. No dia seguinte, Christian sobe até o terceiro andar da antiga mansão, onde busca encontrar Sam que o chamou.

— Willard mandou-lhe entregar isto. — Sam diz, com a voz firme e decidida, de pé do outro lado da mesa circular. Com um gesto sutil, ele indica com a cabeça no centro da mesa a armadura de cavaleiro, negra como as sombras da noite, adornada com detalhes vermelhos que parecem pulsar como sangue em meio ao metal frio. A única fonte de luz na sala vem da enorme janela atrás de Sam, cujo qual lança raios dourados que dançam sobre a superfície da armadura.

— Presumo que ele quer que eu me una aos cavaleiros dele. — Christian observa a armadura, seus olhos absorvendo cada detalhe.

— Exato — Sam confirma com um brilho de aprovação nos olhos. — Mas ele disse que, caso você não queira, ainda será sua. Para ajudar a encontrar sua família. Ele também deu um discurso estranho sobre a armadura… se você quiser, eu…

Christian sorri, uma expressão que mistura leveza e determinação.

— Não precisa — ele interrompe, desdenhando do discurso excêntrico de Willard. Caminha em direção à mesa e toca o metal da armadura, mal conseguindo esconder a satisfação que sente ao contato. — Pelo menos ele acertou na cor. — Ele olha para Sam com um brilho de gratidão nos olhos. — Isso vai me ajudar muito lá fora. Assim, não precisarei me preocupar com os mortos.

Depois que Christian deixou o local, ele se dedicou a ajudar na reconstrução da ponte, cuja conclusão estava prevista para menos de duas semanas. O tempo pareceu voar, e a semana transcorreu com uma produtividade impressionante. Sem as aulas de Louis durante esse período, Christian aproveitou os momentos livres — quando não estava na ponte ou envolvido em outras tarefas — para mergulhar nos estudos de um livro que havia pego na biblioteca de Crossville sobre Oftalmologia, além de outros temas relacionados. Sam, por sua vez, organizou um grupo para cuidar das plantações, permitindo até que Lexie — que insistia em ajudar para não se sentir inútil — desse uma mãozinha. Além disso, ele decidiu que era hora de planejar uma festa, em comemoração ao renascimento de Crossville e ao casamento de Henry e Lexie. Mas o verdadeiro e principal motivo era que Fortaleza havia doado mais comida do que o necessário, junto com vinhos, e, se não consumissem logo, a comida poderia estragar. A festa também serviria para aliviar a tensão e dar uma merecida recompensa aos meses de trabalho árduo.

Amélia, junto com sua amiga Safi e outros moradores, se encarregaram da decoração para o evento. Christian tentou se aproximar de Amélia durante a semana, mas ela, visivelmente aborrecida, o evitava, respondendo com frases curtas e frias. Na terça-feira eles terminam a reconstrução da ponte. Já na quarta-feira, Christian se uniu a Sam e a outros voluntários logo ao amanhecer, para ajudar no plantio. O campo escolhido para a nova plantação foi uma vasta área de terra fértil, localizada ao leste da comunidade.

— Segura assim e enfia assim — orienta Sam, empunhando a enxada com firmeza.

Christian usando um boné cinza para lhe proteger do céu e com a testa franzida de concentração, imita o movimento, esforçando-se para emular a postura confiante do amigo.

— Assim? — pergunta ele, os músculos da mandíbula tensionados em um esforço silencioso.

— Quase. Precisa de mais força. — Sam pausa, enxuga o suor que escorre por sua testa com um pano surrado, a respiração pesada como se cada respiração fosse uma carga a mais. Um sorriso discreto se forma em seus lábios, revelando um misto de encorajamento e brincadeira. — Um macacão e um chapéu, e músculos definidos, e aí você estará pronto para ser fazendeiro.