Te guardando em meu peito

6 1 3
                                    

- Olha lá a maninha, mamãe, ela está vindo! - gritou Luca.

- Você deu dinheiro para ela comprar aquele vestido? - perguntou Marta.

- O dinheiro que eu dei, mal daria para pagar aquelas luvas. - falou Runan.

A minha família me esperava na entrada do sítio, todos olhando com espanto, pois eu estava linda.

- Filha, você demorou!

- Papai, tive um dia tão incrível, ainda estou impactada.

- O dinheiro que eu te dei rendeu tanto assim? Está maravilhosa!

- Eu ganhei tudo isso do lord Valentin.

- Você se encontrou com ele?

- Papai, parecia um sonho!

Eu sentei com a minha família na varanda e contei tudo, eles mal acreditavam em toda a história. Falei sobre a nossa amizade e de como a tarde juntos nos aproximou bastante. Eu parecia aquelas duquesas da realeza, por mim ficaria vestida com aquela roupa para sempre, mas ela iria estragar e isso eu não queria jamais.
Fui até o meu quarto e guardei naquela caixa decorada, jamais esquecerei esse dia.
Tomei um banho e jantei com a minha família, a noite estava iluminada pelo clarão da lua, e a minha vontade era que ele estivesse ali comigo.

- Valentin, será que és quem eu tanto procuro? Começamos de um jeito tão rude, brigando, quase nos matamos com aqueles ovos e hoje te vejo de uma forma diferente, até beijou minhas mãos, queria que tudo pudesse ter um final feliz, nessa e em todas as outras vidas.

Fiquei apreciando a lua por um bom tempo, ela parecia querer me dizer algo, o seu brilho me deixava fascinada e todas aquelas estrelas me lembravam o seu olhar, era como se me olhasse naquele momento.

- Patrízia! Ela é uma menina cheia de sonhos, ficou feliz por ganhar um vestido, algo tão simples, mas para ela significou muito. Como as pessoas podem ser felizes com o pouco que a vida oferece? falou o lord Valentin.

Ele se lembrava dela, dos seus lindos olhos brilhando ao ver o reflexo no espelho, estava feliz.

- Amanhã cedo vou ao sítio, quero comemorar junto com eles a reforma do telhado. A Patrízia é engraçada. Por que o meu pai está sendo tão mal? Que saudades da senhora, mamãe, um dia tudo isso vai passar e poderei cuidar de você, eu te amo.

Valentin estava olhando um quadro da sua mãe na parede, aquela pintura linda, de alguém que representava o mais puro sentimento na sua vida.
Que aquela lágrima de tristeza pudesse ser substituída por sorrisos de felicidade ao lado de pessoas que amassem de verdade.
No dia seguinte, ele acordou cedo e seguiu até o sítio, o dia estava ensolarado, perfeito para substituir telhados velhos.
Ele passou na cafeteria e comprou bolos, pães, geleias e sucos, queria fazer uma surpresa para todos.

- Bom dia, é aqui que precisam de um ajudante para trocar o telhado? - perguntou Valentin.

- Lord Valentin, que surpresa boa!

- Senhor Runan, vim passar o dia com vocês, quero ajudar com as reformas. Trouxe essas quitandas para tomarmos café.

- Meu Deus, o Luca vai amar esses doces! Vamos entrar, a Marta está preparando o café.

- A senhorita Patrízia está dormindo?

- Acredito que sim, mas logo estará de pé.

Ele entrou, colocou tudo o que comprou sobre a mesa e ficou conversando com o pai de Patrízia, enquanto Marta acabava de preparar o café. Luca já estava acordado e amou aqueles bolos deliciosos.

- Bom dia, senhora Marta.

- Bom dia, lord Valentin, que prazer recebê-lo mais a vez.

- Gostou, Luca?

- São muito gostosos, obrigado, lord Valentin.

- E a sua irmã, já acordou?

- Está roncando, parece um leitão, baba mais que as vacas do pasto. - falou o menino.

- Meu filho, não fale assim da sua irmã! - disse Runan.

Valentin sorria com todas aquelas palavras e quando olhou para o lado, viu que a sua amiga saía do quarto, completamente sonolenta e nem percebia que ele estava na casa.

- Mamãe, que cheirinho bom, estou com muito sono! O papai já vai retirar as telhas? - perguntou Patrízia.

- Filha, dê bom dia à visita. - disse Marta.

Quando eu limpei os olhos, percebi que ele me olhava, estava completamente descabelada, cheia de remelas, de camisola e com a cara toda marcada pelas dobras do lençol.
Meu mundo foi abaixo, eu queria cavar um buraco e sair do outro lado da lua. Pensei em desmaiar, mas nunca fui uma boa atriz, então resolvi me esconder atrás das cortinas.

- Mamãe, nem me avisou!

- Bom dia, senhorita Patrízia, como vai?

- Bom dia, lord Valentin, estou bem.

- Filha, sai dessas cortinas e vai se trocar, depois venha tomar café conosco. - disse Runan.

- Eu trouxe os croissants que você gostou, vem sentar conosco.

- Lord Valentin, eu não esperava vê-lo tão cedo.

- Aceitei o seu convite, vim ajudar com a reforma do telhado.

O meu corpo estava envolvido na cortina, parecia uma bala, só a minha cabeça ficou de fora, uma verdadeira vergonha alheia.

- Vou me trocar e já volto, com sua licença, lord Valentin. - disse a garota.

Eu tentei me desvencilhar daquele tecido, mas ele estava completamente envolvido em meu corpo, caí como uma jaca podre no chão e arranquei os varões que caíram na minha cabeça, era o fim do mundo, um verdadeiro colapso.
O meu irmão não parava de rir e o Valentin correu para me ajudar, que vergonha, meu Deus!

- Você está bem? - perguntou Valentin.

- Não foi nada, eu estou ótima!

- Vem, se levanta.

- Eu estou horrível!

- Para mim sempre está linda.

- Linda?

- Sempre!

Se tudo aquilo era de verdade, eu só queria viver.
Entrei no quarto e me troquei, recuperei a minha dignidade e sentei com eles na mesa do café.

- Senta aqui ao meu lado, come esse bolo de morangos, parece delicioso. - disse o rapaz.

- Não sabia que viria. - falou Patrízia.

- Lembrei do leitão assado.

- Ele já está assando, lord Valentin. - falou a mãe de Patrízia.

- Senhora Marta, já consigo sentir o cheiro.

- Tem certeza que quer nos ajudar? - perguntou a garota.

- Sim, já tenho todos vocês como amigos, será um prazer.

Nós tomamos aquele café especial em meio a conversas, risadas e as vezes ele me olhava, eu estava boba de felicidades com a sua presença. Amei a surpresa!

Regressar ou escolher te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora