Os meses se passavam e a barriguinha de Patrízia já podia ser vista, Valentin cuidava da mulher com aquele amor ao qual sempre se dedicou e a felicidade podia ser vista em cada detalhe.
- A sua barriga já está grande, nunca me senti feliz dessa forma. - falou Valentin.
- Amor, será que vai ser menino ou menina? - perguntou Patrízia.
- Podem ser os dois.
- Dois, Valentin?
- Sim! Um cuidaria do outro.
- Valentin, eu queria que os meus pais e o Luca estivessem aqui, eles fazem tanta falta.
- É tão difícil aceitar a forma de como tudo aconteceu, perdemos todos em um curto espaço de tempo, algumas coisas jamais entenderemos.
- O Luca era tão pequeno, tinha uma vida pela frente, a mamãe se mostrou uma guerreira depois da morte do meu pai, eu não aceito tê-los perdido de uma forma brutal como aconteceu.
- Eles iriam ficar felizes com o bebê.
- Seria uma festa o seu nascimento. A casa deles está quase pronta, parece que consigo ver o Luca correndo, o papai arrumando o telhado e a mamãe fazendo aqueles doces deliciosos.
- Será que um dia vamos poder encontrá-los?
- Seria muito bom, pena que as nossas memórias devem ser apagadas, é uma nova vida.
- Não devemos trazer velhas bagagens?
- Acredito que não, Valentin, tudo se faz novo.
- Mas como iremos nos lembrar de quem amamos? É tão injusto!
- Acho que devemos sentir algo diferente, uma ligação forte, algo assim.
- Eu queria me lembrar de você.
- Eu nunca vou te esquecer.
- E como pode saber?
- Eu não sei, apenas sinto.
- Patrízia e suas mil vidas.
- Se todas forem ao seu lado...
- Desse jeito irá enjoar de mim.
- Me fala como?
- Eu não sei explicar.
- Em outra vida vamos nos encontrar nesse mesmo lugar.
- E terão guerras de ovos?
- Quem sabe? Poderemos tomar banho nesse rio e encontrarmos as nossas iniciais na árvore.
- Será?
- Olhe para mim, Valentin, a sua alma reconhecerá a minha, os nossos corações baterão ao mesmo tempo e o beijo nos trará lembranças do que vivemos.
- Você fala com tanta certeza!
- Eu vou te reencontrar!
- E você vai me amar novamente?
- Por mil vidas!
Nos beijamos, eu olhei aquela árvore, P, de Patrízia e V, de Valentin. Que nomes teríamos em uma próxima vida?
Por um momento me transportei para um outro tempo onde eu conseguia ver uma moça e um rapaz passando as mãos nas nossas iniciais, eles sentiam amor, mas ainda iriam viver aquele sentimento, tudo era novo.- Meu amor, está se sentindo bem? - perguntou Valentin.
- Eles vão ser felizes. - Patrízia respondeu.
- Quem? - questionou o rapaz.
- Eu não sei.
- Anda vendo coisas, meu amor?
- Esse meu mundo de situações confusas, de vozes, de sonhos, tudo parece real.
- Você é sensível, Patrízia, sente tudo com muita intensidade.
- Será que sentimos diferente uns dos outros? Me sinto mal ao lado de algumas pessoas, o sonho com a casa do sítio pegando fogo, foi exatamente igual.
- Você quer dizer sobre algo espiritual?
- Eu não sei! Será que sou louca?
- Claro que não, meu amor! És maravilhosa, linda, encantadora e deve ser meio bruxinha.
- Será?
- Eu te amo, bruxinha.
- Para, Valentin, não brinca!
Eu realmente não sabia o que era isso tudo, o que sempre senti, a maioria das vezes me causava arrepios e medo, só que de outras queria saber, entender o porquê de tudo aquilo, me achava diferente e o meu coração tinha tantas perguntas, dúvidas, mas me abria para aquele despertar lindo, onde a minha alma era sedenta por novas descobertas. Sensações únicas, sentimentos confusos, eu tentando entender, mas preferindo sempre viver.
- Patrízia, vou para a cidade e só volto ao entardecer. - falou Valentin.
- Eu te espero para jantarmos juntos. - ela respondeu.
- Quer alguns doces da cafeteria?
- Amor, trás aquele bolo de morangos com chantilly, por favor.
- Trago sim, não se esforça muito, cuidado com o nosso bebê, te amo.
- Também te amo. Vou dar uma volta, quero catar os ovos e colher uns tomates, vou precisar para o jantar.
- Eu pego para você.
- Amor, não precisa, tenho que andar um pouco, faz bem para a gestação.
- Não gosto que saia por aí sozinha, tenho medo.
- Valentin, eu nasci aqui, conheço cada pedacinho desse sítio, não vou me perder.
- Promete se cuidar?
- Prometo! Vá em paz, meu amor, não esquece o meu bolo.
Nos despedimos e Valentin seguiu para a cidade, eu coloquei um chapéu de palha, peguei a minha cesta e segui até o galinheiro. Recolhi os ovos e passei pelo chiqueiro, os porquinhos estavam lindos, era o lugar preferido do meu pequeno, que saudades me deu.
Fui até a horta e colhi os tomates e algumas folhas, iria fazer uma salada bem colorida.- Que horta linda, adoro esse lugar! Acho que uns milhos cozidos com carne ficariam ótimos para o jantar.
Quando eu estava quase chegando em casa me deparei com uma pessoa parada observando o rio, era o marquês Morgan, até me assustei.
- Marquês Morgan, achei que fosse outra pessoa. - disse Patrízia.
- Olá, minha querida, não queria te assustar. Onde está o meu filho?
- Ele foi para a cidade, só voltará mais tarde.
- Que pena, pensei que iria encontrá-lo.
- Eu fui pegar uns ovos e hortaliças para o jantar.
- A sua barriga está crescendo.
- Sim, logo poderá conhecer o seu neto.
- Meu neto? É verdade.
- O senhor aceita um café? Vou passar um fresquinho.
- Esse rio é muito fundo? Tem tantas pedras.
- Eu amo esse rio, conheço tudo sobre ele.
- Tem pedras escorregadias?
- Algumas, é bom ter cuidado.
- Tem tomado muitos banhos?
- Somente com o Valentin, preciso pensar no bebê, pode ser perigoso.
- É verdade, você está certa.
- Vai aceitar o café, marquês?
- Não vou lhe dar trabalho, minha querida, descanse, vou encontrar com o meu filho na cidade.
- Apareça para jantarmos juntos, será um prazer.
- Vou aparecer, se cuide.
Ele se foi e eu fiquei sentada na varanda, a brisa estava tão fresquinha e tinha tempo até o jantar, os arrepios vinham sem parar, como a sua presença me incomodava, era algo que não entendia, mas sabia que não era algo bom.
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Regressar ou escolher te amar?
RomanceAlmas que se procuram e amores que precisam ser vividos. Histórias marcadas por momentos fortes e carregados de emoções. Dois séculos diferentes, onde eles foram em busca do que tocava o coração. Valentin e Patrízia, Noah e Fiorella, vidas que se bu...