Essas são as minhas feridas

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Uma chuva fininha começava a cair, Álvaro acabava de despertar e chamava por Fiorella, andou pela casa inteira e nada de encontrá-la.

- Fiorella, aparece! A chuva está engrossando, meu Deus!

Ele saiu procurando por todos os lugares, a chuva estava mais forte e cada vez mais a preocupação aumentava

- Fiorella, fala comigo, meu amor, aparece. Será que ela foi até a casa da Antônia? Não me falou nada.

Continuou percorrendo todo o sítio e chegou ao campo de flores, avistou Fiorella caída em meio ao roseiral.

- Fiorella! - gritou Álvaro.

Ele se desesperou e correu ao seu encontro, colocou a garota em seus braços e seguiu com ela para casa. Deitou a amiga no sofá da sala e protegeu o seu corpo com uma manta.

- Meu amor, fala comigo, acorda!

Ela abriu os olhos e chamou o amigo de pai.

- Papai, eu sonhei tanto em te ver novamente, sofri com a sua ausência, fica ao meu lado, eu preciso do seu amor.

- Minha pequenina, eu estou aqui, também te amo e nunca vou te abandonar.

Ele pegou Fiorella em seus braços e levou a garota para casa.
Álvaro foi até a cozinha e fez um chá, Fiorella falava frases desconexas, mal ele sabia o quanto tudo fazia sentido.

- Meu amor, bebe um pouco, está tão abatida.

- Eu saí para dar uma volta e depois não sei mais o que aconteceu.

- Não fala nada agora, vou te fazer um carinho, precisa de um banho quentinho e de uma massagem nos ombros, vamos, vou cuidar da minha menina.

Ele colocou Fiorella nos braços e levou a amiga até o quarto, preparou o seu banho e lavou os seus cabelos, enquanto cantava músicas de criança.

- Canta mais!

- Eu sempre tive vontade de ter uma filha, mas nunca consegui, aí quando o seu pai se foi, só pensava em te proteger, em cuidar de você, riscava os meus livros, mexia no meu computador e me dizia que queria ser jornalista, logo você cresceu e se tornou independente, a sua mãe seguiu viajando pelo mundo e nós viramos melhores amigos.

- O meu pai era um homem inteligente, amoroso, mas não tinha muito tempo para mim, já você, me deixava fazer tudo, largava o que estivesse fazendo e corria para me ver, logo percebi que chorar era a melhor solução.

- Malandrinha, isso era jogo sujo!

- Nunca conseguiremos explicar o amor.

- São tantas formas, ele é tão vasto. São amores entre amigos, amor entre casais, amor por plantas, animais, cores, estilos de músicas, é muito bom amar.

- Eu encontrei o túmulo entre as flores, ele se chamava, Runan Stones, foi no século XVI.

- Runan?

- Isso!

- Que nome forte!

- Ele era muito querido, construiu tudo isso aqui.

- Ele no século XVI e você no século XXI, como as coisas são difíceis de entender, aquele lugar é mágico, parece que nos atrai, é uma experiência inexplicável, sentimos, mas não compreendemos.

- Eu te amo.

- Também! Me sinto responsável por você, é como se fosse o seu pai, sinto isso.

- Você é! São as atitudes que me fazem entender. Canta mais, hoje estou sensível.

Regressar ou escolher te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora