Apenas lembranças

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Fiorella saiu do banho, vestiu um pijaminha e se deitou na cama, ligou a televisão e mal conseguia deixar os olhos abertos, o sono estava incontrolável. Em seus sonhos, conseguia sentir o amor que viveu em outras vidas por pessoas mais que especiais.

- Meu amor, estávamos te esperando. - disse Patrízia.

- O cheiro da comida está irresistível. - falou Valentin.

- A mamãe sempre capricha, vamos entrar, está esfriando.

- Senhora Marta, boa noite.

- Lord Valentin, é sempre um prazer recebê-lo.

- Oi, Luca, trouxe esses doces, não come tudo.

- São doces finos? - perguntou o menino.

- Ô menino, deixa de ser folgado! - disse a garota.

- Patrízia, os últimos que ele trouxe quase me mataram.

- Foram esses seus vermes, barrigudo!

- Sente-se, lord Valentin, já irei servir o jantar.

Fiorella acordou assustada, a respiração estava ofegante e o coração disparava.

- Meu Deus, que sonho estranho! Quem eram aquelas pessoas? Eu preciso urgente de férias, assim não dá! Pareciam viver em outra época, ele era um lord, que coisa linda!

As lembranças de uma vida passada, de um amor que viveu com intensidade, de pessoas que fizeram parte de sua vida e que lhe ensinaram lindas lições.
Amanhecia e Fiorella já estava de pé, o cheirinho do café tomava conta de sua casa.

- Que sono, mal consegui dormir!

- Bom dia, que cheiro maravilhoso!

- Bom dia, Álvaro, já veio me perturbar logo cedo?

- Que olheiras são essas?

- Não consegui dormir direito.

- Logo hoje que você irá com a equipe do esporte pular de bungee jumping.

- O quê? Sabe que tenho pavor dessas coisas.

- Você precisa estravazar esse estresse, vai amar.

- Com um amigo desse, eu preciso morar na lua.

- Quero café, o cheiro me trouxe até você.

- Vem me fazer essa proposta de pular das alturas e ainda quer tomar o meu café? Fora daqui! Vai logo, não quero inimigos, só preciso do Valentin.

- Quem é Valentin?

- Não sei, eu sonhei com ele.

- Se apaixonou por um sonho?

- Me deixa, seu chato!

- Vou preparar panquecas para nós, você está precisando comer, te dou uma carona até o jornal.

- Pode esquecer, eu não vou pular de lugar nenhum!

- Vai sim, precisa de adrenalina.

- Quem precisa é você!

- Senta aqui, essa pode ser a sua última refeição.

- Por que?

- Sei lá, vai que...

Álvaro preparou as panquecas e nós comemos, ele sabia como me deixar tensa logo pela manhã.

- Eu já sei do que você precisa. - falou Álvaro.

- De férias!

- Não! Por que não faz uma regressão?

- Como assim?

- É uma espécie de volta a sua vida passada.

- Voltar? Não quero! Já estou estressada o suficiente nessa vida.

- E esses sonhos? Podem ser de memórias do que já viveu.

- Você está muito espiritualizado hoje. O que deu em você?

- Influência sua, estou estudando sobre o assunto.

- Olha, que legal, está fazendo algo que vale a pena.

- Apressa-te, o bungee jumping te espera.

- Eu não vou, Álvaro!

- Vai sim!

Mal o dia começou e eu já estava cheia de equipamentos, a altura era imensa.

- Pula, Fiorella, o público está esperando! - disse o produtor.

- É muito alto, vou matar o Álvaro! - gritou Fiorella.

- No três você pula. Três!

Ela só sentiu as mãos do produtor em suas costas, a câmera acoplada ao capacete mostrava as suas expressões faciais, enquanto Álvaro assistia tudo, sentadinho no sofá da sua sala.

- A Fiorella parece uma batata podre, que máximo! Ela precisava disso.

Ela achou que daquele dia jamais passaria, quando os seus pés tocaram o solo, estava trêmula, com a boca branca e o coração parecia saltar.

- Tudo bem, Fiorella? - perguntou o produtor.

- Vocês querem me matar, seus assassinos? - disse a garota, com a boca toda branca.

- Você foi ótima! O Álvaro está te ligando.

- Fala que eu morri!

- Ela morreu, Álvaro.

- Passa logo o telefone para ela, preciso parabelizá-la. - falou Álvaro.

- O que quer, ser do mal? - perguntou Fiorella.

- Adorei o seu salto.

- Não fala mais comigo!

- Quantas expressões perfeitas!

- Do que está rindo?

- De você, lógico!

- Me esquece, eu vou sumir!

- Não vai nada! Adorei você com a turma do esporte. O que acha de escalar o Monte Everest?

- Vai se ferrar, eu estou infartando, meus nervos estão em frangalhos!

- Adorei! Tira o resto do dia de folga, você foi tão perfeita que merece um descanso.

- Álvaro, não me procure mais, some, desaparece, me deixa em paz, seu ridículo!

Ela desligou o telefone na cara dele, que apenas sorria. Tirou os equipamentos e seguiu sem rumo, só queria ficar sozinha. Ligou o som do carro e curtia as músicas que passavam na rádio, aquelas canções acalmavam o seu espírito, ela sentia o peito respirar aliviado.

- Como é bom cantar, preciso fazer isso mais vezes.

Fiorella parou o carro e ficou apreciando a paisagem, estava em frente à um parque lindo e resolveu descer para caminhar. Os passarinhos voavam e muitas crianças corriam, uma delas caiu em sua frente.

- Oi, você se machucou? - perguntou Fiorella.

- Oi, ralei o joelho. - disse o garoto.

- Qual é o seu nome?

- Me chamo Luca.

- Luca?

- Vem, Luca, vamos subir nas árvores? - disse um amiguinho do garoto.

- Vamos! Obrigado pela ajuda. - agradeceu o garoto.

- Cuidado, brinquem sem se machucar! - falou Fiorella.

As crianças correram e Fiorella ficou olhando para elas, que brincavam sem se preocuparem com nada.

- Luca! Eu adoro esse nome, quero colocá-lo no meu filho, isso é, se um dia eu tiver essa criança.

Ela deu algumas voltas pelo parque, chupou picolé, bebeu um refresco e foi embora, um dia de descanso era importante para que a sua mente se sentisse leve, ela precisava de uma pausa, era necessário.

Regressar ou escolher te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora