- Onde estava, Valentin? - perguntou seu pai.
- Dando uma volta, papai.
- Parece que veio de uma guerra, está todo sujo.
- Fui ao sítio visitar a Patrízia.
- Que bom! Está fazendo tudo como planejamos?
- Eu não planejei nada, fui para ajudá-los, são pessoas boas e amam aquelas terras.
- Ajudá-los, de que forma?
- O telhado estava muito velho, trocamos todas as telhas.
- Você trocou as telhas daquela tapera?
- Não é uma tapera, a casa deles é linda, cheia de amor, diferente dessa, com tantos luxos, mas sem sentimentos.
- Você está conquistando toda a família, gostei disso.
- Quando vou poder ver a mamãe?
- Faça a sua parte primeiro, tem pessoas cuidando dela.
- Mas ela precisa de mim!
- Você precisa de um banho, pelo que vejo já se adaptou à família da sua pretendente.
- A Patrízia é apenas uma amiga, nunca vou magoar o seu coração.
- Você vai conseguir mais rápido do que eu imaginei.
- Papai, eles cuidam e preservam aquele lugar, esquece daquelas terras, o senhor tem tanto e eles quase nada.
- Com o dinheiro poderão comprar outro sítio maior, novos animais e melhorarem de vida.
- Mas eles não querem, é questão de apego emocional, jamais vai entender isso.
- Vai se lavar, o jantar será servido.
- Não estou com fome, vou me recolher.
- Quando verá a garota novamente?
- Não sei! Só tenho vontade de sumir desse lugar.
- Não sentiu nada por ela?
- Sentir o quê?
- Atração, não sei.
- Ela é apenas uma menina simples e seu coração é imenso.
- Essas meninas pobres sempre sonham com princípes, conquiste-a!
- Não, meu pai!
- Vou colocar a sua mãe numa clínica longe daqui, nunca mais poderá vê-la.
- Não, por favor!
- Faça o que eu ordenei!
- Eu faço, mas deixe a mamãe em paz!
Tudo aquilo era uma tortura e por mais que lutasse, ele sentia carinho por todos e jamais faria nenhum mal à qualquer um deles, mas a sua mãe era o seu grande amor e por ela faria de tudo, até mesmo participar dos planos de seu pai.
- A nossa casa ficou linda, Patrízia! - disse Luca.
- Você gostou, seu sapeca? - indagou a garota.
- Muito! Parece que está nova.
- O papai e o lord Valentin capricharam!
- Você gosta do lord Valentin?
- Ele é legal, é nosso amigo.
- Conta uma história.
- Pode ser de amor?
- Pode sim! Você é a princesa e o lord Valentin é o príncipe.
Nessa hora eu fiquei toda boba e contei para o meu irmão sobre o nosso primeiro encontro, mas como era uma história de amor, modifiquei algumas partes.
Na história eu estava em perigo, sendo ameaçada por bandidos e o Valentin chegava em seu cavalo branco e me salvava de todos eles. Seguíamos juntos naquele cavalo, bem próximos, eu sentia a sua respiração, parávamos diante de um lago azul e nos beijávamos, era muito amor envolvido.- E a parte dos ovos, Patrízia? - perguntou Luca.
- Que ovos, Luca? Não estraga o meu romance! - exclamou Patrízia.
- A guerra de ovos foi a melhor parte e também teve vocês apanhando daquelas galinhas, conta mais.
- Poxa, era uma história romântica, você estragou tudo!
- Vou contar para o papai que você quer beijar o Valentin.
- Que horror, Luca, não quero nada disso!
- Quer sim!
- Não te conto mais histórias!
- Você deu um banho de ovo no seu princípe, que romance legal!
- Seu chato, eu vou dormir.
- Vai sonhar com o beijo dele? Vou contar tudo para a mamãe.
- Vou costurar a sua boca com arame!
- Tá bom, não vou contar!
- Vai dormir, você é um menino muito intrometido.
- Patrízia, você não pode sair atirando ovos nos seus pretendentes, desse jeito vai morrer solteira.
- Você é meu irmão ou meu inimigo?
- Te amo!
- Eu também, seu linguarudo.
Eu deitei e só conseguia pensar no seu sorriso e como ele era lindo. A sua boca parecia tão macia, os seus lábios já haviam tocado as minhas mãos, chegava a me dar arrepios. Será que eu estava me apaixonando?
Adormeci com a sua lembrança e tive um pesadelo horrível, a nossa casa pegava fogo, era muito sofrimento, a minha mãe e o meu irmão estavam dentro dela, o Valentin conseguia me retirar daquelas chamas, mas a minha família era consumida pelo fogo. Eu acordei em pânico e gritava pela mamãe, foi uma sensação assustadora.- Mamãe, Luca, não me deixem! - gritou Patrízia.
Eu gritei de uma forma tão desesperada que os meus pais entraram no quarto correndo.
- Filha, o que aconteceu? - perguntou Marta.
- Mamãe, a nossa casa pegava fogo, a senhora e o Luca morriam! Papai, onde o senhor estava? - perguntou Patrízia.
- Calma, meu amor, foi um pesadelo! - disse Marta.
- Mamãe, não me deixe! - exclamou Patrízia em meio às lágrimas.
- Minha menina, eu estou aqui. - falou Runan.
- Papai, o senhor não estava conosco, o Valentin conseguiu me salvar.
- Eu nunca vou me separar de vocês, sempre estarei aqui.
Nos abraçamos, mas o meu coração não parava de doer, foi tão real, machucou demais ver quem tanto amo sendo consumido por aquele fogo.
Dormi abraçada ao meu irmão, queria sentí-lo ao meu lado, ele era um grande tesouro e que eu pudesse esquecer de tudo aquilo.
Na manhã seguinte eu acordei com aquela sensação de tristeza, todos ainda estavam dormindo e o sol estava quase nascendo. Andei pela casa, observei cada cantinho e o telhado novo estava tão perfeito, que senti vontade de chorar.
Abri a porta e olhei tudo o que meu pai cultivava com todo o seu amor e me sentia agradecida, aquele pesadelo mexeu muito comigo, só queria esquecê-lo.
Peguei meu cavalo e saí por aí, queria ver o nascer do sol e entender que a minha família estava bem, eles eram a razão da minha felicidade.
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Regressar ou escolher te amar?
RomanceAlmas que se procuram e amores que precisam ser vividos. Histórias marcadas por momentos fortes e carregados de emoções. Dois séculos diferentes, onde eles foram em busca do que tocava o coração. Valentin e Patrízia, Noah e Fiorella, vidas que se bu...