Mais que amigos

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- Olha quem chegou! Estava participando de um duelo? - perguntou Álvaro.

- Engraçadinho! Por que não me manda fazer reportagens num cruzeiro? Seria o máximo! - disse Fiorella.

- Seu perfil nunca foi esse, és guerreira, atrevida, prefiro você nas ruas cobrindo reportagens polêmicas.

- Tem certeza que me ama?

- Muito! O que vai pedir?

- Quero um nhoque com molho de ervas.

- Eu acho que vou pedir o mesmo. E as suas férias, vai conhecer o sítio que comprou?

- Me mandaram outras fotos, vou te mostrar.

- Nossa, esse lugar é perfeito, que casa diferente!

- Eu amei, você pode vir comigo.

- E quem vai cuidar do jornal?

- Quero muito conhecê-lo, é tudo tão simples.

- Essa casa me lembrou algo.

- O que, Álvaro?

- Não sei, deve ter sido somente impressão.

- Minhas férias são daqui duas semanas, quero descansar, andar por esses campos e colher alfaces na horta.

- Uma vida tão diferente da nossa, parece um lugar de paz.

- Estou ansiosa, veja os porquinhos, são lindos!

- Não vai me trocar por um sítio?

- Jamais!

- E essa casa próxima ao rio?

- Ela não estava a venda, deve ter um dono bem sortudo, você acorda e já entra no rio para relaxar.

- Eu vou tirar um fim de semana e irei te visitar.

- Faz isso, eu vou amar.

Almoçamos juntos e o papo estava maravilhoso, a vontade era de ficar ali o resto do dia. Estar ao lado dele sempre era um dos momentos mais felizes da minha vida agitada.

- Vai encontrar um amor nessa viagem? Anda muito sozinha. - Álvaro perguntou.

- Amor? Será que isso existe mesmo? - indagou Fiorella.

- Lógico!

- E porquê está sozinho?

- Porque ainda não consegui encontrá- lo.

- Eu quero um amor diferente e que seja intenso, que eu possa sentir uma conexão verdadeira.

- Um amor de almas, Fiorella?

- Isso!

- Você acredita que isso existe?

- Sim! Quem será que fomos em outras vidas?

- Outras vidas? Acho isso um pouco bizarro!

- Por que?

- Viver novamente, qual seria o sentido?

- Evoluir, tentar corrigir erros, ser uma pessoa melhor, poder encontrar quem amamos, esse tipo de coisa.

- É estranho pensar que vivemos em outras épocas, que tivemos experiências completamente diferentes das que temos hoje.

- A nossa conexão é muito forte, quem pode entender o que sentimos? Será que uma outra vida poderia ser a explicação?

- Eu e você em um outro tempo, te aguentar novamente? Mas isso é muito ruim!

- Não brinca, eu acredito em vidas passadas.

- Gostaria de saber quem foi?

- Não sei, tenho medo de misturar informações e conflitar com o que vivo.

- Será que todas as nossas memórias foram apagadas?

- É uma nova vida, o resto ficou para trás, eu tenho essa marca aqui no peito, será que me aconteceu algo?

- Nossa, é profunda, parece um tiro!

- Um tiro?

- O seu pai ou a sua mãe tinham essa marca?

- Não! Lembro da mamãe me falando que era um buraquinho onde abriria as portas do meu coração.

- É bem perto do coração. Nossa, me deu um arrepio!

- Vou esperar que o meu amor possa colocar a sua chave bem aqui.

- Então, a bruxinha quer um amor?

- Bruxinha?

Ela fechou os olhos e flashs vinham a sua cabeça como se fossem lembranças.

- Claro que não, meu amor, és maravilhosa, linda, encantadora e deve ser meio bruxinha. - disse Valentin.

- Será? - indagou Patrízia.

- Eu te amo, bruxinha!

- Para, Valentin, não brinca!

Eram lembranças de uma vida que ficou para trás.

- Fiorella, onde está? - perguntou Álvaro.

- Valentin! - exclamou Fiorella.

- Quem é Valentin? - questionou Álvaro.

- Valentin? Não sei!

- Você falou esse nome.

- Eu estava tão longe, me desculpa, nem sei o que digo.

- Precisa de férias, realmente é urgente!

Os dois se despediram e ainda tinham muito trabalho pela frente. Álvaro seguiu para o jornal e Fiorella foi cobrir novas reportagens pelas ruas.
A cabeça estava longe...

- Foca, Fiorella, vamos gravar novamente! - falou o produtor.

- Essa é a quarta vez. - disse a garota.

- Você parece que está em outro lugar.

- Me desculpa, prometo me concentrar.

A conversa que teve com o seu grande amigo mexeu fundo em seu coração, ela chegou em casa e se preparou para tomar banho, parou em frente ao espelho e abriu o roupão, olhou para aquela marca e sentiu uma profunda tristeza.

- Será que alguma chave irá abrir esse peito cheio de anseios? Eu busco respostas que mal sei as perguntas. Quem é você, Valentin? O Álvaro anda bebendo e ouvindo vozes, só pode. - disse Fiorella.

Regressar ou escolher te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora