Esperei por séculos

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Século XXI, vida agitada e tudo havia mudado. Uma nova época, novos costumes e vidas que tinham a chance de recomeçar outras histórias.

- Meus Deus, Álvaro, como quer que eu consiga tantas informações? - disse a garota.

- Você é a minha melhor jornalista, sei que vai dar tudo de si.

- Pensei que fosse meu amigo.

- Eu sou o seu melhor amigo, aguento todos os seus chiliques.

- Na minha outra vida, você deve ter sido meu pai, vive me dando broncas.

- Uma filha como você, Fiorella, que horror!

- Eu sei que você me ama, só se faz de durão.

- Estou te achando muito estressada, precisa dar uma pausa, o nosso corpo pede.

- Comprei aquela casa do anúncio.

- Aquela que você me mostrou?

- Sim! Quando vi aquela foto me encantei.

- Vai trocar a cidade pela paz do campo?

- Pensei em passar as minhas férias por lá. O que acha?

- Eu acho ótimo! Anda muito pilhada, ansiosa, me preocupo com você.

- Está ficando velho, Álvaro.

- Eu te acompanho desde a faculdade, o seu pai era meu melhor amigo, brincávamos juntos na infância.

- Aí quando ele nos deixou, você resolveu pegar no meu pé.

- Mais ou menos isso, me sinto um pouco seu pai.

- Eu adoro isso, você me acalma, sabia?

- É incrível a nossa conexão, é tão forte!

- Será que em outras vidas fomos irmãos, vizinhos ou será que éramos inimigos?

- Quem sabe eu fui seu pai e te dei umas boas palmadas.

- Você é muito rabugento, Deus me livre! Agora preciso ir, parece que nesse jornal eu sou a única que trabalha.

- Você é a que mais reclama!

Fiorella e Álvaro tinham uma amizade incrível e trabalhavam num jornal badalado, ele era o editor chefe e ela, a jornalista mais competente. Em outras vidas, foram pai e filha, o encontro que ela sempre esperou. Runan e Patrízia, se entendiam como antes, mas agora como melhores amigos.

- Vai deixar a barba crescer? Aposto que está de olho em alguma gatinha.

- Eu sei que sou charmoso!

- E convencido!

- Anda logo, tem muito o que fazer na rua.

- Tchau, seu chato!

- Almoçamos juntos?

- Não sei, você me deu mil coisas para fazer.

- Que mentira, dramática, você!

- Me dá um abraço logo, preciso ir.

Sempre que se abraçavam os corações se reconheciam, o amor nunca acabou.

- Se cuida, esse trânsito está uma loucura. - disse Álvaro.

- Você precisa se casar, para de pegar no meu pé!

- Ainda não encontrei a mulher que me fará feliz.

- E onde ela está?

- Se eu soubesse já teria virado seu escravo.

- Álvaro, menos, bem menos!

Ela desceu as escadas e mostrou a língua para ele, que revidou como se fossem duas crianças.

- Essa Fiorella, nem sei porquê me preocupo tanto, cabeça de vento, pareço até pai dela, devo estar ficando velho mesmo.

Ela saiu em meio aquele trânsito agitado, as correrias do dia a dia estavam lhe rendendo problemas de saúde, se sentia ansiosa e os seus cabelos estavam caindo mais que o normal.

- Sai da frente, seu bosta, estou com pressa! - disse Fiorella.

E o som da buzina era ensurdecedor.

- Tem horas que dá vontade de largar tudo e sumir, nem meus cabelos suportam ficar na minha cabeça, estou um caco!

- O sinal abriu, acelera sua roda presa! - gritou um motorista.

- Roda presa é você, seu rato de esgoto, vai se catar! - gritou a garota, ela era o puro estresse.

E o dia começava desse jeitinho, tenso e cheio de motivos para enlouquecer.

- Fiorella, você entra ao vivo em dez segundos. - disse o produtor.

- Tudo bem, estou preparada.

Ela entrou ao vivo dando as últimas notícias que aconteciam naquela grande metrópole, o corre corre era cheio de adrenalina.

- Um bom dia à todos, estamos mais uma vez ao vivo, trazendo as melhores notícias direto do centro da cidade, onde manifestantes protestam pelo aumento dos impostos, isso aqui está pegando fogo, muita correria e a polícia tenta conter os manifestantes com bombas de efeito moral lançadas contra a multidão. Eu volto a qualquer momento com outras novidades.

- Corta! - gritou o produtor.

- Que tenso, vamos nos afastar um pouco! O Álvaro nunca me manda cobrir festas, quermesses, é só onde existe tensão.

- É o peso de ser a melhor.

- Desse jeito vou ter um colapso, olha essa baderna!

- Vamos, precisamos entrevistar os manifestantes.

- O Álvaro me ama, é incrível essa capacidade de me ver estressada.

- Calma, Fiorella, assim vai adoecer! E por falar nele, está me ligando.

- O que ele quer? - perguntou Fiorella.

- Deve ter ficado preocupado com você no meio dessa bagunça.

- Deixa que eu atendo, Eduardo. Oi, Álvaro, o que deseja?

- Fiquei preocupado com a sua entrada ao vivo, estão lançando bombas?

- Que nada, isso aqui está uma calmaria.

- Não seja sarcástica! Como está?

- Álvaro, eu vou enlouquecer!

- Vamos almoçar juntos? Te espero naquele restaurante italiano que você gosta.

- Me manda para a guerra e depois me afaga? Você é normal?

- Estou te esperando, beijos.

- Beijos! Vamos concluir as entrevistas, vou almoçar com o Álvaro.

- Ele parece o seu pai, sempre está preocupado, eu acho bonito a relação de vocês. - falou o produtor.

- Aquele chato é meu porto seguro, não vivo sem.

Concluímos as entrevistas e segui para encontrá-lo, a manhã havia sido tensa, mas no fundo, eu amava tudo aquilo.

Regressar ou escolher te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora