Vidas que se completam

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Voltei para casa e preparei um café gostoso, a minha família merecia aquele carinho, o meu coração estava em festa, pois eu e Valentin nos aproximamos cada dia mais.

- Bom dia, filha, que cheiro é esse?

- Bom dia, papai, fiz café e uns biscoitos.

- Você acordou muito cedo.

- Já coloquei o leite nos galões, organizei as hortaliças, os ovos, só faltam as galinhas.

- Meu amor, eu ia organizar tudo, não precisava.

- O senhor anda muito cansado, eu só quero ajudá-lo. Vou acordar o Luca, ele vai colocar as galinhas nas gailolas.

- Obrigado, meu amor, você é a minha princesa, agradeço por tê-la em minha vida.

Nos abraçamos e aquele sentimento sempre foi enorme, meu pai era alguém que cuidava de nós e trabalhava duro para que jamais nos faltasse nada.
A carroça já estava preparada e a feira nos esperava, arrumamos a nossa barraca e os clientes começavam a chegar.

- Bom dia, freguesa, o que vai levar hoje? - perguntou Patrízia.

- Bom dia! Quero uma dúzia de ovos, alface, couve e cinco tomates.

- Vou pegar os melhores para a senhora.

- Estão fresquinhos!

- Aqui estão, volte sempre.

A correria era sempre maravilhosa e comer aqueles doces de feira eram a melhor parte.

- Trouxe para vocês. - disse Runan.

- Papai, que delícia! - falou Luca.

- Eu sei que você gosta, meu pequeno, não se lambuza muito.

- E o meu, papai?

- Está aqui, filha, trouxe essas cocadas.

- Eu adoro!

- Come devagar, Patrízia!

- Papai, é muito gostoso!

A minha boca estava completamente suja, eu não sabia comer sem me melecar toda, era impossível.

- Olá, que boca suja é essa?

- Valentin!

Ele tinha o dom de me encontrar em situações constrangedoras, parece que advinhava todos os momentos.

- Esse doce deve ser muito gostoso, se sujou toda.

- É gostoso mesmo! Quer um pedaço?

- Eu quero.

Coloquei um pedaço naquela boquinha linda, ele me olhava com carinho, nem percebi que os meus pais nos olhavam, esqueci o mundo.

- Hum, e esses olhares? Veja, papai, a Patrízia está apaixonada. - disse o garotinho.

- Luca, não seja linguarudo! - falou Runan.

- Tudo bem, senhor Runan?

- Tudo bem, lord Valentin.

- Senhora Marta, é um prazer revê-la.

- Lord Valentin, como está?

- Estou bem, as hortaliças de vocês são as mais bonitas da feira, parabéns!

- Passeando um pouco?

- Senhor Runan, na verdade eu vim aqui ver a Patrízia.

Meus olhos arregalaram de um jeito, que eu parecia querer tirá-los do meu rosto, a minha cocada desceu pelo lugar errado e engasguei, perdi o ar e causei mais uma vez alvoroço na feira.
Meu pai tentava me ajudar, a mamãe batia nas minhas costas, até que Valentin me pegou por trás, apertou a minha barriga e o pedaço de doce voou longe.

Regressar ou escolher te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora