Sempre será o nosso porto seguro

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A chuva ficava cada vez mais forte, a minha mãe estava desesperada, chorava muito e o meu irmão abraçava o seu corpo.

- Mamãe, eu vou atrás do papai, a carroça pode ter quebrado ou ele está na cidade esperando a chuva passar.

- Não, meu amor, olhe quantos raios, é perigoso!

- Fica aqui, Patrízia! - disse Luca.

- Meu menino, eu estou aqui, fica com a mamãe, abraça ela bem forte.

O meu coração sentia uma angústia imensa, e com certeza o meu pai estava preocupado por não estar junto a nós numa tempestade tão forte.

- Meu Deus, que tempestade, eu preciso chegar rápido ao sítio, a Marta tem pânico de chuva, devem estar com medo dos trovões. - falou Runan.

Runan tentava fazer com que o cavalo corresse mais rápido, mas o caminho até o sítio estava completamente coberto por lamas, dificultando a sua passagem. O animal se assustava com o barulho dos trovões e já não conseguia se equilibrar naquela terra molhada.
Em determinada parte do caminho, um raio caiu próximo ao animal, ele se assustou, a carroça virou e Runan rolou em um barranco, bateu a cabeça em umas pedras, era o fim daquele homem que se dedicava com amor à família e ao sítio que era a sua grande paixão.
Valentin olhava aquela chuva pela janela e só conseguia pensar em como a família de Patrízia poderia estar.

- Essa chuva está muito forte, será que o telhado ficou bom? Que angústia em meu peito!

Ele não conseguia parar de pensar em como podiam estar, foi até o quarto, vestiu uma capa e saiu em seu cavalo, seguiu o coração. Pegou o caminho mais curto que eram pelas terras do pai, a chuva continuava forte, mas ele precisava chegar, não entendia o porquê, só queria estar ao lado deles.
Chegou à casa do sítio e bateu na porta.

- Mamãe, deve ser o papai.

- Graças à Deus, abre logo, filha!

- Valentin, o que faz aqui? - perguntou Patrízia.

- Senti uma angústia, precisava vê-los.

- O papai não chegou da cidade, ele foi comprar mantimentos.

- Eu vim pelas terras do meu pai, não passei pelo caminho que costumam fazer.

- Valentin, será que a carroça quebrou? Ele pode estar ilhado.

- Patrízia, veja, é o cavalo do papai! - falou o irmão de Patrízia.

- Onde, Luca?

- Ali, está sem a carroça.

- Meu Deus, onde está o seu pai? - disse Marta.

- Eu vou procurá-lo, me esperem aqui. - disse Valentin.

- Eu vou com você. - falou Patrízia.

- Não, Patrízia, é perigoso! - disse o rapaz.

- Eu vou, é o meu pai!

Não existia ninguém capaz de me segurar, montei no cavalo e seguimos juntos.

- Valentin, eu estou sentindo uma dor.

- Falei para você ficar, Patrízia.

- Não! Eu quero o meu pai, ele deve estar precisando de mim.

- Olhe, é a carroça, seu pai deve ter procurado um abrigo.

- Vamos, eu quero ver o meu pai.

Descemos perto da carroça e gritamos o seu nome, mas sem nenhuma resposta.

- Papai, onde está?

- Senhor Runan, fala alguma coisa!

- Valentin, onde o meu pai está?

Regressar ou escolher te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora