A história de amor entre Patrízia e Valentin chegava ao fim, uma paixão que superou tantas dores, mas que foi construída com grandes atitudes que sempre falaram mais que palavras.
Tudo foi intenso, verdadeiro e regado à grandes momentos, sempre se amaram desde a briga no meio da feira, ele nunca largou a sua mão, até mesmo nos piores momentos e agora chegava a hora de dizer adeus, de forma sofrida, sem explicação. Os sonhos de uma vida, de poderem ver o filho correndo pelos campos, aquela menina linda que teve tudo o que mais desejou, ceifado, ele nem pode ao menos dizer um último eu te amo, o seu corpo estava jogado ao chão, a vida havia dado lugar a morte, o seu ciclo ao lado de quem amou foi encerrado.
As lágrimas em seu rosto seriam o sinal do quanto ela queria viver ao lado dele e poderem juntos cuidarem daquele bebê.
O desespero de Valentin não pôde ser visto por ela, que morreu vendo o homem que sempre amou segurando aquela arma, ela jamais poderá saber o motivo de tanta crueldade.
O bebê morreu junto com a mãe, aquele rostinho que eles nunca veriam, o quartinho que ele jamais usaria, tudo se foi, junto com aquele sentimento de almas.
Como saber se os dois iriam se reencontrar em uma nova vida? Será que teriam outra oportunidade de serem felizes?
E as memórias que não seriam levadas para o novo tempo?
Como reconhecer e entender que um dia existiu amor?
Ficaram tantas lembranças para trás, de uma vida que foi interrompida. Os beijos, os abraços e aquele desejo que parecia incontrolável.
Valentin e Patrízia, agora não seriam mais um casal, o que foi cultivado naquela vida, deixariam marcas nos dois e saber entender os sinais de tudo o que foi vivido, era o desafio para uma nova jornada daquelas almas.
Regressar ou escolher te amar?
Amar, sonhar, voltar às velhas memórias, viver o amor mais uma vez ou deixar que lembranças atinjam o coração?
Decidir amar era a questão, pois apesar da passagem dos tempos, o que estava destinado aos dois, um dia seria vivido.
O reencontro das almas, o reconhecimento daquela energia onde os corpos se conectavam, as vibrações características de um grande amor, os arrepios que seriam sentidos ao toque das mãos, tudo seria sobre sentir.
Vidas iam e vinham, era como se para os dois algo faltasse, mesmo sem saber, se procuravam e se queriam imensamente.
Em uma de suas vidas, eles se reencontraram, Valentin cruzou com Patrízia num grande acampamento para crianças, onde os dois brincavam livremente pelos campos e árvores, estavam no século XIX.- Ai, você me machucou!
- Menina chata, sai da minha frente, preciso me esconder.
- Menino feio, meu joelho está sangrando!
- Vai se catar, chorona!
Ele saiu correndo, mas ela conseguiu acertá-lo com uma pedra no meio da cabeça.
- Meu Deus, está doida?
- Meu nome é Lana e não sou doida!
- Meu nome é Diego, eu odeio você, nunca mais quero te ver!
- Nem eu!
E acredito que o amor não seria vivido, mas eles continuavam intensos.
Morrer, renascer para o novo, seguir o coração e permitir que ele mostrasse os caminhos.
Sentir o que continuava guardado, compreender velhas memórias e esperar para vivenciar mais uma vez o que era apenas deles.- Pode sair, esse esconderijo é meu!
- Garoto, você é abusado, vou ficar aqui e cala essa boca!
- Veio parar aqui de propósito, tenho certeza!
- E porquê viria até você?
- Porque sou forte, posso te proteger.
- Com esses bracinhos finos? Parece um grilo. Se enxerga, menino feio!
- Duvida da minha força?
- Me solta, seu frango!
- Por que está me olhando?
- Porque tenho olhos!
- Mentira! Aposto que quer me beijar.
- Garoto, se acha um príncipe?
- Cale-se!
E o beijinho entre duas crianças foi o mais lindo e inocente, o amor sempre esteve ali.
- Que nojo!
- Sua babona!
- Nunca mais chegue perto de mim!
- Chata!
- Frango feio!
- Achei vocês! - gritou outra criança que brincava no acampamento.
- É tudo culpa sua, moleque sujo!
- Namora comigo?
- O quê?
- Aceita? Eu te dou duas paçocas.
Ele tirou os doces do bolso, estavam um pouco amassadas, mas foi romântico e fofo.
- Não sei!
- Nos beijamos, agora somos noivos.
- Noivos? Só temos sete anos.
- Sim! Seremos um do outro.
- Acha que essas paçocas são suficientes?
- Mulheres, são sempre exigentes! Tenho essas balas de coco.
- E o que mais?
- Ainda quer mais?
- Quero o seu pedaço de bolo, aquele de morango, vi você escondendo na mochila.
- O bolo não!
- Está bem, não te queria mesmo!
- Chata! Te dou o bolo. Me dá outro beijo?
- Outro? Nem escovou os dentes.
- Me dá logo!
E tudo poderia começar mais uma vez.
Eles correram de mãos dadas e o que antes eram apenas intrigas, agora sorriam sem parar.
E lá se foi mais uma nova vida...
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Regressar ou escolher te amar?
РомантикаAlmas que se procuram e amores que precisam ser vividos. Histórias marcadas por momentos fortes e carregados de emoções. Dois séculos diferentes, onde eles foram em busca do que tocava o coração. Valentin e Patrízia, Noah e Fiorella, vidas que se bu...