Corroído pelo ódio

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O marquês Morgan chegou em casa completamente nervoso, a firmesa das duas ao falarem sobre o sítio, aguçou o seu ódio e mais do que nunca, ele decretaria o fim daquelas terras.

- Meu pai, o que aconteceu?

- Onde está indo?

- Vou ao escritório, tenho clientes me esperando.

- Fui ao sítio do Runan, hoje.

- O que queria?

- Você já sabe.

- Papai, deixe-os em paz.

- Eu vou acabar com todos aqueles feirantes!

- Não toque em nenhum deles!

- Afaste-se daquela garota!

- Eu vou me casar com a Patrízia.

- O que disse?

- Que vou me casar, o senhor querendo ou não!

- Eu estava certo, se apaixonou!

- Eu amo a Patrízia.

- Você é um Morgan, Valentin! Vive pelas ruas com aquela garota, se comporta como se fosse um deles.

- Ela será minha mulher.

- Só se eu estiver morto!

- Deixe-os em paz, aquele sítio nunca será seu.

- É o que veremos, Valentin!

Ele bateu a porta e saiu, não podia mais esconder os seus sentimentos, era algo impossível.
Valentin tinha aberto o seu escritório e era um advogado requisitado pelos nobres, era alguém influente na cidade e estava completamente rendido aquela linda vendedora de doces.

- Oi, moço bonito, aceita um doce?

- Meu amor, que bom te ver!

- Aceita uma carona, nobre advogado?

- É lógico que sim.

Ele subiu na carroça e seguimos até o escritório, eu estava fazendo as entregas de doces pela cidade, enquanto a mamãe e o Luca estavam na feira de animais.

- Patrízia, falei com o meu pai sobre o nosso casamento.

- Ele foi nos visitar no sítio, queria mais uma vez comprar as terras.

- Amor, a situação entre eu e o meu pai está insustentável, vou organizar os papéis para nos casarmos e faremos tudo ao nosso modo.

- O seu pai nunca gostou de nós, eu nunca estive errada.

- Nos falamos mais tarde, passarei no sítio para comunicar a sua mãe sobre o nosso casamento.

- Eu vou entregar esses doces e irei para a feira de animais, a mamãe e o Luca estão me esperando.

- Se cuida, eu amo você.

- Também, meu amor. Fica com esse bolo, é de fubá com goiabada e queijo.

- Que delícia, obrigado! Boas vendas, nos vemos mais tarde.

Deixei Valentin na porta do escritório e segui pelas ruas entregando as encomendas, que cresciam a cada dia. Eram tantos pedidos, que passávamos muitas noites preparando tudo, já tínhamos um estoque considerável de compotas.

- Mamãe, já fiz todas as entregas. Aqui está o dinheiro.

- Já vendemos quase todos os animais. - disse Marta.

- Encontrei o Valentin, ele vai nos visitar mais tarde, quer conversar com a senhora.

- Falou sobre a visita do marquês Morgan?

- Sim, a convivência entre eles está ruim.

- Aquele homem é estranho, coloca sempre o dinheiro acima de tudo e todos.

- Ele nunca terá o nosso sítio, é do meu pai, é questão de honra cuidar do que ele nos deixou.

- Seu pai deve sentir orgulho da filha que criou, está se tornando uma mulher de fibra.

- Mamãe, eu defendo a senhora e o Luca de qualquer pessoa, só tenho vocês.

- Minha princesa, quanto orgulho sinto de ti.

- O Luca negociando os animais, o papai amaria ver esse moleque lindo lutando por nós.

- Ele será um homem valoroso.

A minha família era o meu coração fora do peito e defendê-los sempre será a maior missão que terei nessa vida.
O dia foi longo, muito trabalho e a certeza de que continuávamos lutando pelos ideais do meu pai.

- Filha, o jantar está quase pronto.

- O Valentin deve estar chegando.

- Olha o barulho de cavalo, deve ser ele.

Saí na varanda e o meu amor descia do cavalo.

- Meu amor, estávamos te esperando.

- O cheiro da comida está irresistível!

- A mamãe sempre capricha, vamos entrar, está esfriando.

- Senhora Marta, boa noite.

- Lord Valentin, é sempre um prazer recebê-lo.

- Oi, Luca, trouxe esses doces, não come tudo.

- São doces finos? - perguntou o menino.

- Finíssimos, lord Luca!

- Ô menino, deixa de ser folgado! - disse a garota.

- Patrízia, os últimos que ele trouxe quase me mataram.

- Foram esses seus vermes, barrigudo!

- Sente-se, lord Valentin, já irei servir o jantar. - disse Marta.

- Senhora Marta, queria falar sobre o meu casamento com a Patrízia.

- Vocês vão se casar? - perguntou ela.

- Sim! E que seja o mais rápido possível.

- Como eu fico feliz, você é um homem diferente dos demais e sempre esteve ao nosso lado em todos os momentos.

- Preciso dizer que o meu pai não aprova, mas isso não muda a minha decisão.

- Eu já imaginava, ele quer alguém a sua altura.

- E eu quero a Patrízia.

- Vocês tem o meu consentimento, podem construir uma casa aqui no sítio, podemos ficar todos juntos.

- Eu amo esse lugar e quero poder cuidar de vocês, jamais tiraria a Patrízia de perto daqueles que ama.

- O amor de vocês é muito sincero, as almas se reconhecem.

- Eu viverei para fazê-la feliz. Quero tirar a minha mãe da clínica e trazê-la para cá, já estou preparando os papéis, o meu pai não pode mantê-la naquele lugar.

- Vai fazer bem à ela viver aqui conosco, essa paz, esse verde, os animais, ganhará qualidade de vida.

- Vocês eram a luz que eu previsava, me sentia vazio, talvez virasse a cópia do meu pai, mas todos aqui me salvaram e me ensinaram o que era ser bom e como isso me faz crescer como homem.

- O nome disso é destino, estávamos nos seus caminhos. - disse Patrízia, com os olhinhos brilhando.

- Eu te amo, Patrízia.

- Meu amor, você sempre será aquele que buscarei em todas as minhas vidas, incessantemente, amo-te.

Regressar ou escolher te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora