- Papai, posso falar com o senhor? - perguntou Valentin.
- Entra, filho, estou organizando uns papéis.
- Preciso que vá comigo ao sítio, pedi ao senhor Runan para cortejar a Patrízia.
- Que notícia boa! Então, está dando tudo certo?
- Sim.
- Que cara é essa?
- Eu não queria que ela sofresse.
- Já sei, ela está apaixonada?
- Papai, estou fazendo o que me pediu, me deixa ver a mamãe, por favor!
- Não sei! E se estiver me enganando?
- Nos beijamos, eu chamei ela de amor, estou fazendo do seu jeito, está doendo, papai.
- Sabia que essa feirante se apaixonaria rápido, um nobre jamais se aproximaria dela.
- A Patrízia é uma menina maravilhosa, não merece isso.
- Não seja bobo, aproveite-se dela!
- Cale-se, papai, eu não quero fazer mais isso, é crueldade!
- Não quer ver a sua mãe?
- É o que mais quero!
- Vou autorizar a sua entrada apenas por hoje, ainda não consegui as terras.
Valentin subiu as escadas correndo e se trancou no quarto, ele sabia o quanto Patrízia era especial, mas não sentia amor por ela e isso era torturante, pois a garota já estava completamente apaixonada.
- Me perdoa, Patrízia, eu não quero te magoar, mas eu preciso fazer, a minha mãe necessita do meu amor.
Ele chorou preso aos seus pensamentos e como tudo aquilo era aterrorizante.
A visita à clínica onde sua mãe estava internada foi marcada por fortes emoções, Valentin estava vivendo o pior momento de sua vida, onde para ficar perto do seu grande amor, ele deveria enganar alguém inocente e que jamais merecia passar por qualquer tipo de mágoa.- Mamãe, deixa eu te abraçar!
- Filho, você esqueceu de mim?
- Não! Eu estava estudando.
- Senti sua falta, não me abandona, meu amor.
- Não vou fazer isso, mamãe, logo estaremos juntos, vou te tirar daqui e cuidarei da senhora com todo o meu amor.
- Você ainda me ama?
- Muito! Deixa eu te abraçar mais um pouco? A senhora é o meu grande amor, vou fazer de tudo, eu prometo, nem que para isso eu precise ser injusto com outras pessoas.
- Não chora, filho, eu estou aqui, você é o meu único amor.
A mãe de Valentin passava por uma depressão profunda, mas o seu pai tratava tudo aquilo como loucura e internou a esposa em uma clínica, para que não tivesse trabalho algum durante o seu tratamento, queria distância de tudo aquilo, que daria muito trabalho, e afastar o filho dela, só atrapalhava na sua evolução.
- Mamãe, eu trouxe essas flores para a senhora e esses bombons.
- Filho, eu queria tanto te ver.
- Prometo não demorar, é que aconteceram algumas coisas, mas vai ficar tudo bem.
- O seu pai não veio?
- Ele tinha muito trabalho, mas virá sim.
- Ele me jogou aqui, me trata como louca, as vezes penso que sou louca mesmo.
- Mamãe, a senhora não é louca, isso tudo vai passar e vamos ficar juntos.
- Você está lindo, sempre com esse sorriso perfeito, lembro de ti todos os dias.
- Vamos passear um pouco? Quero cuidar da senhora, te ouvir, te abraçar, não sabe o quanto desejei esse momento.
- Nem acredito que está aqui.
Eles passearam juntos pelo jardim, conversaram bastante e deram boas risadas, ele estava tão feliz que nem se lembrava de tudo o que precisou fazer para estar ao lado de sua mãe, aquele encontro foi mais que esperado, pois se amavam além do céu.
- Mamãe, não queria ir embora.
- Vou te esperar, meu filho, você sempre trás o sol junto com a sua presença.
- Logo tudo isso acabará e vamos poder ficar juntos, jamais vou deixar que te façam mal.
- Se cuida, meu amor.
- Eu te amo, mamãe.
- Também, meu filho, seja feliz.
Eles se abraçaram e Valentin foi embora, o seu coração estava despedaçado por ter que deixá-la mais uma vez, a sensação era de total impotência.
- Mãe, um dia eu vou conseguir te tirar dessa prisão e vamos embora desse lugar para sempre.
Ele olhou aqueles portões se fechando e os seus olhos eram completamente tomados por lágrimas, a dor que sentia era imensa e tudo causava um incômodo insuportável.
Pensava em Patrízia, na sua inocência, no seu sorriso e de como ela deixava o seu coração em paz sempre que estavam juntos, ela era a bagunça necessária no meio de todo aquele caos.- Ela é apenas uma menina, eu estou sendo um monstro.
Se lembrava do primeiro encontro, da queda do cavalo, da guerra de ovos, da boca suja de doce e do beijo perto do riacho, mesmo que ainda não entendesse, ela entrava aos poucos em seu coração
- Você é tão boba, quando estou ao seu lado esqueço de todas as coisas que me causam mal, fica feliz com um pedaço de bolo, com uma flor, seria incapaz de fazer mal a quem quer que fosse.
Ele fechou os olhos e se lembrava dos encontros no riacho, dos abraços e da sua cabeça encostada em seu peito, o jeito que ela sorria e do grito que deu quando ele a chamou de amor.
- Amor! Eu sei que você ficará bem.
Ele saiu andando pela cidade e viu um vestido rosa na vitrine de uma loja, lembrou dela no mesmo instante.
- Que bonito, parece com ela!
Valentin entrou e comprou o vestido, só conseguia vê-la dentro dele.
Passou em uma joalheria e comprou um lindo anel de compromisso, queria ver o seu sorriso, o seu coração estava sentindo novas emoções, mesmo que ele não percebesse que seus pensamentos estavam apenas nela.- Demorou na clínica! Sua mãe está bem?
- O senhor deveria ir visitá-la.
- Eu já fui.
- Uma vez?
- Fui algumas vezes, não gosto daquele lugar.
- Imagina ela, meu pai.
- O que são essas coisas?
- Comprei uns presentes para a Patrízia, falei com o senhor Runan, vamos visitá-los, quero cortejá-la.
- Está me surpreendendo!
- Comprei um anel, ela vai gostar.
- Não vejo a hora de ter aquelas terras em minhas mãos.
- Quero a minha mãe fora daquela clínica.
- Faça o que combinamos e terá o que quiser.
- O senhor não se sente mal por tudo isso?
- E porquê me sentiria?
- Isso é sujo!
- Não deve ser tão mal beijar uma menina linda como a filha do Runan.
- Eu desisto de entender as suas atitudes, vou para o meu quarto.
- Não se atrase para o jantar.
Ele foi para o quarto e abriu a caixa onde estava o vestido, lembrava dela e de como ficaria linda com ele.
- Ela vai amar, só espero que não grite. Quando ela ver o anel é capaz de se engasgar, tenho que ter cuidado.
E que todo aquele mal pudesse se transformar em amor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Regressar ou escolher te amar?
RomanceAlmas que se procuram e amores que precisam ser vividos. Histórias marcadas por momentos fortes e carregados de emoções. Dois séculos diferentes, onde eles foram em busca do que tocava o coração. Valentin e Patrízia, Noah e Fiorella, vidas que se bu...