Eu e você

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- Fiorella, Noah, o almoço está pronto. Meu Deus, eles estão se beijando! - disse Antônia, admirada.

Antônia recuou e voltou para casa, não esperava ver os dois daquele jeito.
Os dois pararam de se beijar e nenhum deles sabia explicar ao certo o que tinha acontecido.

- Noah, eu preciso ir embora, a minha cabeça dói muito!

- Senta um pouco, deve ter sido a água gelada do rio.

- O que estávamos fazendo?

- Parece que nos beijamos.

- Do nada?

- Eu também não entendi.

- Meu Deus, Noah, eu sinto coisas, eu vejo coisas e agora eu faço coisas!

- Calma, aconteceu!

- Melhor eu voltar para casa, não me sinto bem.

- Eu te levo.

- Não precisa, eu quero ficar sozinha.

- Mas eu não quero te deixar sozinha.

- Por favor, me desculpa, isso não irá se repetir.

- Fiorella, foi só um beijo.

- Um beijo que aconteceu sem que pudéssemos perceber!

- Já passou, não precisa ficar assim.

- Eu vou para casa, quero entender o que aconteceu, o que senti foi muito forte.

- Foi como se eu já estivesse vivido esse momento ao teu lado.

- Eu preciso do meu cantinho.

Ela pegou a câmera e seguiu para casa, voltou a pé por aqueles caminhos e as sensações eram de total desespero. O coração estava aflito e cada lágrima parecia cair com bastante dor.
Chegou em casa e foi até o seu quarto, se jogou na cama e assistia ao vídeo que tinha feito há um tempo atrás, onde ele domava o cavalo.

- Noah, quem é você? Me fala, eu preciso saber!

Ela chorou sem que pudesse entender tudo o que sentiu por ele, e de como foram felizes.
Os pensamentos e lembranças assustavam, mas ela havia vivenciado um momento onde foi completamente feliz ao lado do seu grande amor.

- Filho, onde está a Fiorella?

- Ela foi embora.

- Embora? Íamos almoçar juntos.

- Ela não quis ficar.

- Noah, eu vi vocês dois se beijando.

- Mãe, eu não sei como tudo aconteceu, não me pergunta nada.

- Vocês se sentiram atraídos, foi isso.

- Mãe, estávamos vendo umas letras gravadas na árvore e depois não me lembro de mais nada, quando percebemos já nos beijávamos.

- Não entendi, filho.

- Nem eu! Ela ficou nervosa e quis ir embora, não pude impedir.

- Talvez a ligação de vocês seja forte e esse encontro deveria acontecer.

- Eu nunca me senti assim, mãe.

- Onde vai?

- Vou andar por aí, a minha cabeça está explodindo.

- Meu amor, come alguma coisa.

- Não quero, eu vou dar uma volta a cavalo.

- Noah, se acalma primeiro!

Ele montou no cavalo e saiu pelos campos, galopava tão depressa que levantava poeira, na cabeça estava aquela que despertou em seu coração um sentimento incontrolável.
Um pensava no outro, aquele beijo abriu um portal em seus corações e que nessa vida eles pudessem viver o que foi impedido, pela loucura de alguém que se rendeu à sentimentos que acabaram com um amor que precisava ser vivido.
Noah parou em frente ao riacho e estava completamente confuso, desceu do cavalo e molhou o rosto nas águas, sentou e só conseguia pensar em Fiorella, aquela que fez o seu coração disparar. Viajou séculos atrás em seus pensamentos.

- Você também acordou cedo?

- Valentin, o que faz aqui?

- Essas terras são do meu pai.

- Nossa, nem percebi o quanto me distanciei.

- Seja bem vinda, aqui não é tão bonito quanto o seu sítio, mas eu gosto bastante.

- Amei esse riachinho, não conhecia esse lugar, me afastei demais das terras do papai.

- Saiu cedinho por quê?

- Não dormi muito bem, meu coração estava angustiado.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, está tudo bem. E você, caiu da cama?

- Também estava com o coração aflito.

- Pelo visto não estamos muito bem.

- Nada melhor do que dar uma volta, a cabeça começa a pensar em coisas mais leves, parece que os pesos ficam para trás.

- Senta aqui, esquece tudo, escuta o barulho do riacho, coloca o seu cavalo perto do meu, deixa ele descansar um pouco.

Ele abriu os olhos e se assustou com o cavalo, amar Patrízia foi tão profundo, que nem a passagem dos séculos conseguiu apagar aquela história.
Vidas passadas, sentimentos novos e eles angustiados por sentirem mais uma vez, naquele momento não entendiam, tudo apenas doía.
Fiorella se sentou na varanda e ficou olhando as flores que tinha ganhado de Uli, elas estavam lindas, quando olhou ao longe, avistou que Noah estava vindo cavalgando muito rápido, o seu cavalo preto era imponente, ele parecia nervoso.

- Noah, você está bem?

- Eu vim aqui entender.

- O quê?

Ele segurou firme em sua cintura e ficou bem próximo a sua boca, eles se olharam e o encontro de almas aconteceu, jamais conseguiriam controlar o que estavam sentindo, os corações pulsavam forte.

- Noah, o que está fazendo?

- Não me reconhece? Disse que jamais esqueceria de mim.

- Está chorando?

- Deixe que eu volte a ser o seu amor?

E o beijo entre os dois após séculos de espera aconteceu, foi mais que intenso, era algo sobrenatural, vidas que se reencontravam, histórias que precisavam ser esclarecidas e vividas.
Noah e Fiorella se rendiam à um desejo profundo de viverem aquela paixão, por mais que quisessem controlar, era impossível, as unhas passadas nas costas, demonstravam que tudo estava vivo como antes, a entrega era verdadeira e aquele momento seria o mais bonito, onde os corpos se queriam e as bocas se encontravam.
Eles se amaram naquela casa onde tudo começou, entre carícias e carinhos, ela voltava a repousar em seu peito, onde sempre se sentiu segura.
Os dois ficaram abraçados e não disseram nada, eles queriam viver, sentir e acreditar que aquele encontro já estava escrito.
Adormeceram abraçados, sentindo a pele, o cheiro e aquele amor que estava destinado a ser vivido, pois eles mereciam experenciar o extraordinário.

Regressar ou escolher te amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora