Capítulo 5

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Juliette passou mais um dia a ouvir lamentações da mãe e do irmão, o quê a levou ao estresse.

- Eu vou viajar, a trabalho, em breve mãe. Mas antes vou deixar vocês bem estabelecidos. Diminuam os gastos e você Pablo procure imediatamente um trabalho, quando eu voltar não quero que dependam mais de mim. Estou cansada disso tudo. Só eu me esforço, dou a minha vida em sacrifício desde que o papai morreu.

- Vai viajar para onde Juliette?

- Para São Paulo. Tenho uma oportunidade única e não posso perder. Se as coisas na minha vida não são como eu quero será como Deus quiser.

- E o Adailton? Vai deixá-lo?

- Já o deixei. Ele não merece o meu carinho.

No fim da tarde ela se arrumou e foi trabalhar no quiosque. Nas primeiras horas apareceu Adailton.

- Meu amor...

- Vá ao inferno com seu amor.

- Me perdoe Juliette, por favor.

- Eu te perdoar? Nunca e também não faz diferença. Viva a sua vida.

- E os nossos planos?

- Cancelados.

- E o nosso casamento? Os filhos que você prometeu me dá?

- Prometi por que fui idiota. Meu Deus como eu fui burra. O amor não é para mim e eu sei disso, mas eu insisto por que eu desejo construir uma família. Só que eu posso ter isso sozinha.

- Sozinha? Não meu amor.

- Não me chame mais de amor.

- Não pode ter um filho sozinha... Isso vai contra os seus ideais. Você resolveu esperar, lembra?

- Não lembro mais. Nessa minha eterna espera só me envolvi com cafajestes e já estou com 25 anos. O próximo que se interessar por mim, não vou hesitar, só para que você saiba.

- Não haverá próximo... Eu vou ser o primeiro e o único Juliette.

- Vá embora daqui.

Juliette saiu de perto de Adailton, mas ele segurou seu braço e Rodolffo surgiu ao lado deles.

- Solte ela agora.

- Ela é minha namorada.

- Solte ela, se não te parto a cara.

- Pois venha partir.

Nesse momento uma luta corporal começou entre os dois e Juliette apreciava a surra que Adailton levava com contentamento. Em momento algum pediu que os homens parassem e a polícia veio para acalmar os ânimos.

- Quer denunciar ele senhor Adailton?

- Denuncia Adailton e eu vou dizer a polícia o por quê tudo começou. No fundo ele queria me bater e o meu amigo me defendeu, essa é a verdade seu policial.

Adailton saiu muito machucado e Rodolffo só tinha a mão direita ferida.

- Devia me agradecer... - Rodolffo disse se aproximando de Juliette.

- Não vou. Sou sua noiva, é seu dever me proteger.

- Eu ouvi a discussão de vocês, mas fiquei em dúvida em algumas coisas.

- São coisas que não te interessam.

- Queria casar com esse idiota?

- Vou me casar com um pior... Então o meu karma é grande.

- Gosta dele, é isso?

- O quê importa?

- Responde Juliette.

- Isso não é da sua conta.

- Se gostar dele, fique com ele. Está desfeito o nosso acordo.

- O nosso acordo não tem nada a ver com sentimentos. Não confunda as coisas. E eu já estou preparando a minha família para a viagem e hoje avisei ao dono do quiosque que é minha última noite de trabalho.

- Eu quero que passe no hotel para rever o contrato. Refiz e adicionei o quê pediu.

- Traga aqui. Amanhã assino.

- Eu gostaria que fosse ainda hoje. Pago o táxi para que volte para casa.

- Tá bem. Me espera.

Juliette trabalhou até às 23:20 e depois foi ao encontro de Rodolffo. Leu e releu o contrato, por fim o assinou.

- E o dinheiro?

- Está aqui... 5 mil reais. - ele entregou o montante em espécie e ela olhou bem para todo aquele valor.

- Obrigada. Desconte ao fim de tudo.

- O quê pretende fazer com esse dinheiro depois de tudo?

- Ser independente e livre. Isso já é suficiente. Posso te pedir uma coisa?

- O quê?

- Será que podemos nos casar aqui no Recife?

- Podemos... Se eu ceder de uma parte, você pode ceder em outra.

- O quê quer?

- Tirar fotos do casamento. Preciso que finja estar feliz.

- Tudo bem. Eu consigo fazer isso, só marque a data.

Juliette ia saindo do quarto, quando Rodolffo se atravessou no seu caminho.

- O quê quer agora? Eu estou cansada e preciso dormir.

- Promete que ninguém saberá do nosso acordo além de nós dois?

- Acha que eu tenho orgulho do que estou fazendo para sair por aí contando que estou me vendendo a um homem que eu não conheço? Não seja estúpido, nunca vou contar isso a ninguém. Disse que estou indo a trabalho.

- Meus pais querem muito te conhecer. Diria que você já é adorada pelos meus.

- Só acredito vendo, mas quem está na chuva é para se molhar, então não tenho queixas. Pode me deixar ir?

- Eu te telefono no dia do casamento, vou marcar para a tarde por que assim pode se arrumar.

- Eu vou vestida com o mesmo terno que vencia minhas causas.

- Não. Eu quero que vá vestida de branco, de vestido para ser preciso. Que número usa?

- 38 é meu número de roupa. 37 é meu número de calçado. Agora eu já vou. Tchau.

Rodolffo liberou o caminho e Juliette retornou a sua casa.

...

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