- O quê estava falando no meu telefone?
- Quer dizer que não sou o único a mentir nessa história?
- Por que diz isso?
- Mentia para o Adailton Juliette? Que vergonha... - Rodolffo abanou a cabeça e sorriu. - Se dizia uma donzela, é isso mesmo?
- Não tem o direito de falar disso. - ela sentiu as lágrimas nos olhos. - Não pode debochar do que não conhece.
- Ele foi muito idiota. Se você fosse mais jovem ainda seria possível acreditar... Mas na sua idade.
- As coisas não dependem da idade. Você sabe a idade que eu entrei na faculdade? Não, você não sabe. Mas eu entrei aos 17 anos. Eu era novinha, mas era muito dedicada, invejada também. Passei na primeira prova de exame de ordem, aos 21 anos eu já advogava e a minha juventude também foi julgada, assim como você julga a minha velhice para a virgindade.
- Isso é verdade? - Rodolffo disse com surpresa.
- Meu pai morreu antes que me visse formada, mas os ensinamentos que ele me deu me valem mais que qualquer diploma e eu sei que nesse momento ele não tem orgulho de mim. Seu Ivan me falou de amor, de sinceridade, de caráter e de ter valor ao invés de ter dinheiro. Durante toda a sua vida eu tive três namorados e com todos eu idealizei uma vida.
- Quis casar com todos os seus ex namorados?
- Sim. Eu gostei de todos e nunca tive vergonha de falar sobre os meus sonhos com eles, mas nenhum deles mereceram o quê eu sonhava. Ninguém merecia a minha confiança.
- Eles não queriam casar com você e essa informação atraiu ainda mais quem não te merecia. Você é muito ingênua.
- Nunca me senti mal por ser de verdade. Me sinto agora por ser uma mentirosa. Rodolffo vamos cancelar isso. Amigavelmente eu te peço.
- Amigavelmente eu te imploro, não vamos desistir agora. Esqueçamos o contrato. Vamos tratar isso tudo como uma ajuda mútua. Você merece um futuro melhor e eu mereço o quê me aguarda em Lisboa.
- Então vamos fingir que é de verdade. - ela tirou a aliança do seu dedo e entregou a Rodolffo. - Coloque a sua aliança. Quando você sair é só retirar e guardar num bolso, mas nos lugares que tiver pessoas é importante manter o personagem.
Rodolffo recolocou a aliança.
- Passei o resto da noite na praia, ouvir o quebrar das ondas me faz bem.
- Não precisa me dá satisfação. Mas não quero que atenda mais meu telefone, pode ser minha mãe. Ela não precisa saber disso.
Aquele restante de dia foi tranquilo. Muito silencioso e o casal só trocou palavras necessárias. A noite caiu e tiveram um sono reparador, finalmente a guerra apresentava alguma trégua.
...
Seis dias se passaram e Rodolffo saia apenas para o necessário e Juliette só para fazer as refeições.
- Hoje poderíamos ir a algum quiosque da praia. O quê acha?
- Tudo bem. Eu quero mesmo sair um pouco. Afinal, é minha última noite em solo brasileiro por um tempo.
- Consegue caminhar sem dificuldade?
- Já está bem sarado, graças a Deus.
A noite se vestiram com roupas leves e sandálias nos pés. A noite era fresca e agradável. Sentados num quiosque sentiram o cheiro do mar.
- Es muy hermoso... igual que la luna.
- ¿De qué estás hablando? ¿de la noche?
- hablo de ti...
Juliette sentiu algo diferente dessa vez, mas disfarçou. Rodolffo não ouviu nenhum xingamento, como esperava, mas não havia nada de novo na relação deles.
Jantaram, depois caminharam um pouco. As vezes se olhavam, mas preferiram nada dizer. Rodolffo por que sabia que tudo que falasse podia ser nocivo. Juliette por que realmente não tinha nada interessante a dizer.
- Vamos voltar? - ela tomou a iniciativa.
- Já?
- Sim. Estou ficando com frio.
- Então vamos.
Antes de tomarem o elevador, Juliette perguntou a Rodolffo:
- E se não gostarem de mim? O quê vai fazer?
- Não se preocupe com isso.
O elevador se abriu e eles entraram.
- Rodolffo eu estou falando sério. Podem não gostarem de mim.
- Sabe o quê importa de verdade? - ele disse se aproximando e tocando seu ombro.
- O quê?
- É que eu gosto.
- Não precisa fingir, estamos no elevador sozinhos.
- Você é uma mulher linda e hoje foi uma noite tão boa...
- Então não vamos estragar a noite tão boa.
- Um beijo... Nós merecemos.
Ele parou o elevador e Juliette viu. Sua mão tocou o peito de Rodolffo e sua respiração ficou trêmula, mas sua língua umedeceu os lábios e veio a lembrança do último beijo.
- Deixa... Só deixa. - ele pediu num sussurro e a única barreira entre eles foi desfeita.
O beijo era o sinônimo de um querer. Eles queriam, de forma livre e espontânea aquela troca. Os lábios faziam a dança perfeita e o encaixe era muito bom.
Ao fim, deram um abraço por que o abraço é um conforto aos que dele precisam.
- Esqueça disso. - disse Juliette ao entrar no quarto. - Não pense que as coisas mudaram por causa de um beijo.
- Que beijo? Eu já não me lembro mais.
Seu sorriso foi enorme quando se viu sozinho.
...
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Um amor irrecusável
FanfictionO quê você faria se recebesse uma proposta de 1,5 milhões de reais?