Capítulo 38

136 23 6
                                    

- Eu sei que você queria outra coisa quando veio para casa... Estraguei tudo. - Juliette disse ainda com o semblante triste.

- Não pense assim Juli... Descansa um pouco. O quê quer comer? Hoje eu faço algo para nós.

- Huuum... Deixa eu ver. Macarrão e carne.

- Macarronada? Lasanha?

- Qualquer coisa que você fizer eu vou gostar.

- Tá bem. Fica quietinha. Eu nem posso imaginar como é estar nesses dias, mas não deve ser muito confortável.

- Eu vou tomar um banho.

Rodolffo foi até a cozinha e Juliette foi para o banheiro.

Enquanto preparava a comida, Rodolffo mais uma vez tentava entender Juliette. Ora ela parecia uma fortaleza inabalável; outra o cativava pelo carinho que lhe ofertava e em outro momento chorava por algo que não merecia suas lágrimas.

Pensava que ia demorar muito tempo até a compreender totalmente a sua essência, mas queria muito viver cada dia uma nova descoberta.

Enquanto isso, Juliette terminava o banho e secava o cabelo. Se olhava no espelho, via os fios a secarem e pensava na vida.

Uma infância difícil; uma adolescência diferente dos seus colegas de escola, com pouca diversão e muita obrigação; a etapa do ensino superior, sempre desafiador e marcante. Pensou nos ex namorados, gargalhou e exclamou:

- Babacas! Três babacas!

As recordações iam e vinham, até que ela recordou-se da primeira vez que viu Rodolffo. Era uma noite de quinta-feira e o movimento do quiosque estava lento. Todos os funcionários ficaram olhando aquele homem distinto que chegava ali, mas o espanhol dificultou a comunicação e ela veio conversar com ele.

Nunca podia imaginar que aquele homem aparentemente tão diferente dela, seria agora o seu homem, marido e futuro pai de seus filhos. Seria errado estar vivendo isso com um homem que lhe ofereceu dinheiro por um casamento? Esse questionamento sempre vinha a cabeça de Juliette.

Ela não quis pensar muito nisso e logo depois de secar o cabelo foi se vestir, optando por um vestido curto e leve. Passou um perfume suave e hidratou os lábios com hidratante labial. Seguindo para a cozinha.

Já chegou ali abraçando Rodolffo por trás e ele parou a tarefa para segurar suas mãos.

- Vai tomar um banho também. Eu termino aqui.

- Nada disso. Hoje eu faço questão.

Ele se virou e a encarou.

- Bem... Com você vestida assim confesso que é um pouco difícil.

Juliette ficou na ponta do pé e deu uma leve mordiscada no lóbulo da orelha de Rodolffo.

- Não me provoque.

- Vai banhar. Eu cuido aqui.

Rodolffo foi e quando voltou a refeição estava pronta, com Juliette já montando a mesa. Ela parou para olhá-lo e admirá-lo. Sorriram um para o outro e depois deram um selinho.

Quando sentados a mesa, a comer a refeição, Rodolffo segurou nas mãos de Juliette e lhe disse:

- Eu fui um babaca, mas não teria chances com você se agisse de outra forma.

- Poderia ter tentado de outra forma.

- Juli, me perdôo de verdade?

- Ainda tem dúvidas?

- As vezes eu acho que nunca vou me perdoar.

- Nunca vamos esquecer, mas o perdão temos que nos dá. Acha que eu  também não penso que fiz uma coisa errada, ao aceitar o dinheiro. Inclusive, eu quero que ele retorne para você.

- Não. Eu não aceito.

- Por favor... Eu preciso disso para ter uma paz plena.

- Eu posso aceitar esse dinheiro. Mas não quero que seja desprovida de uma conta com alguma economia e temos que alterar o regime do nosso casamento, por que eu quero que tudo que for meu seja seu.

- Só podemos fazer isso no Brasil.

- Vamos voltar e mudar isso.

- Amanhã vou a transferência da minha conta para a sua.

- Tudo bem. Mas depois eu vou lhe transferir um outro valor e não quero que conteste, tudo bem?

- Tá bem. Eu só quero que você saiba que não é...

- Não precisa terminar...

Ele deu um beijo na face de Juliette. Depois de alimentados, foram para o quarto. As persianas das janelas foram fechadas, a temperatura foi ajustada e a TV foi ligada baixinho.

Era a tentativa de assistir um filme que se tornou um dos atos de amor mais prazerosos do casal. Juliette gemia enquanto os movimentos certeiros a faziam atingir o gozo, enquanto Rodolffo ficava maravilhado.

Exaustos e suados ficavam se beijando depois de tudo.

- Eu te amo meu homem.

- Eu te amo minha mulher. - ele tocou o rosto de Juliette e lhe olhando fixamente lhe perguntou: casa comigo perante Deus?

Juliette sorriu e respondeu imediatamente.

- Sim. Eu caso!

- Só nos falta isso. Nada mais.

- E eu quero muito, de verdade.

O casamento foi planejado naquela tarde e em breve aconteceria. Não com grande pompa, mas do jeito que Juliette sempre sonhou.

...

Um amor irrecusável Onde histórias criam vida. Descubra agora