Capítulo 11

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Quando Juliette se entregou ao beijo, Rodolffo relaxou os braços e a apertou num gesto de carinho.

O beijo era bom, viciante, convidativo e se prolongou ao máximo. O casal só se deixou quando o ar foi necessário.

- Sente orgulho disso? - Juliette disse lhe olhando nos olhos.

- Não precisa ser assim... Sinto que você quer tanto quanto eu.

- Você me agarrou... Isso é muito baixo. Você é um homem sem caráter. Frio, calculista, ordinário e sem escrúpulos. Eu sabia que nada cai do céu além de chuva e que a sorte não bateria na minha porta, afinal nunca tive nada de mão beijada. Nessa vida já levei muita porrada e nesses meus 25 anos não aprendi o suficiente, se eu tivesse aprendido não estaria aqui.

Rodolffo ouvia tudo em silêncio.

- Vai fazer o quê agora? Me pegar na força animal e me possuir? Se for, por favor me bata antes. Me dê uma surra para que eu não amanheça viva para contar mais dessa história amanhã.

- Eu não vou fazer isso. Só quero que você entenda que te quero.

- Eu já entendi. Quer realizar comigo uma necessidade fisiológica.

- Quando me beija não é capaz de sentir nenhum pouco de vontade de estar comigo?

- Eu sinto nojo... Um nojo até de mim.

- Não me diga mais nada.

Rodolffo saiu do quarto e do hotel um pouco transtornado. Sua cabeça estava totalmente perturbada e ele nem sabia que rumo tomaria, mas apanhou um táxi, saiu sem dizer o destino, pagou por um trajeto de uma hora sem parar em lugar nenhum e voltou ao hotel.

...

Juliette juntou tudo que tinha, que no momento cabia em uma mala, pegou o seu cartão do banco onde tinha o dinheiro do acordo e deixou sobre a cama, junto dele pôs um bilhete, com os seguintes dizeres: "É o fim de tudo isso. O cartão com o seu dinheiro está aqui e pode reaver o quê perdeu."

Apressada ela pegou o elevador e saiu. Quando finalmente estava fora do hotel, não sabia o quê faria ou como viveria, São Paulo era uma cidade totalmente desconhecida, então sua luta pela sobrevivência iria começar.

Pegou sua carteira e viu que ainda lhe restava algum dinheiro, então não podia desperdiçar nada. Resolveu ir andar pelos arredores para ver se encontrava algum meio de trabalhar.

...

Quando Rodolffo chegou no quarto do hotel logo percebeu que Juliette havia fugido. Tacou um objeto na parede tamanha foi a sua raiva, mas não teve tempo de ficar pensando muito, tinha que achá-la.

- Que pessoa sou eu que nem pagando ficam ao meu lado?

Ao chegar na recepção deu todo o descritivo de Juliette e a recepcionista lhe deu instruções.

- Ela saiu tem uns minutos. Depois ficou olhando para o nada por um tempo e seguiu rumo a praia.

- Tem certeza?

- Tenho.

Rodolffo foi para a praia. Se não a encontrasse agora nunca mais iria. Seus olhos atentos buscavam qualquer pessoa que parecesse a sua esposa, mas não foi fácil achá-la.

Foram metros e metros percorridos até encontrá-la numa barraca de lanches a pedir um trabalho, que não era oferecido.

- Moça eu não tenho trabalho. Nem te conheço. - dizia o vendedor.

- Por favor moço. Eu preciso muito.

- Não posso ajudar moça.

Ela saiu de cabeça baixa diante da recusa e Rodolffo a chamou. Juntos empreenderam uma corrida na beira da praia.

- Nós não somos crianças Juliette... Pare com isso. - ele estava ofegante.

- Me deixa em paz.

Correram como se não houvessem limites e só pararam quando Juliette furou o pé.

- Deixa eu ajudar maratonista.

- Não me toque.

- Seu pé está sangrando Juliette.

- Vá embora.

- Eu vou, mas com você junto.

- Não.

- Sim. Vem cá. Deixa eu ajudar.

- Não quero sua ajuda.

- Ah quer sim.

Ele a colocou nos braços e fez uma longa caminhada com ela. Por vezes parava e recomeçava até encontrar ajuda.

Juliette foi levada ao pronto socorro por ter um caco de vidro no pé esquerdo e teve que fazer uma pequena cirurgia.

- Ela ficará bem mesmo depois disso?- perguntou ao médico e ele sorriu.

- Ficará bem, mas aconselho buscarem outras formas de diversão. - o médico claramente estava rindo de Rodolffo.

Ele acabou rindo também.

- Vocês brigaram hoje? - perguntou o médico ainda sorrindo.

- Nós não nos entendemos muito. Está sendo difícil essa etapa.

- Faz parte, a adaptação é complicada, mas se houver vontade tudo se ajeita. Tente domar a fera meu caro e a segure, se não ela foge.

Juliette estava adormecida pós procedimento e Rodolffo ficou junto dela.

...

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