Capítulo 2

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Mais um dia iniciou e logo Juliette foi envolvida em mais problemas.

- Não tem carne Juliette e seu irmão só come com carne fia...

- Mãe eu vou trabalhar e nem vou tomar café para sobrar para vocês. O quê eu posso estou fazendo, mas não tenho como ter mais dinheiro. Eu estou lutando para deixar água, luz e aluguel pagos, isso é importante.

- Mas comida também é...

- Faça ovos, aqui ainda tem alguns. Eu espero receber algum dinheiro hoje, se não acontecer, só Deus sabe.

Juliette seguiu para o escritório e ao chegar soube da terrível notícia. SSouto Escritório de Advogados fechará as portas.

- E os nossos salários? - o questionamento era um só.

- Eu estou declarando falência, não tenho como pagar. Entrem na justiça pelo direito de vocês.

Juliette nem questionou. O senhor José Souto foi um bom patrão nesse um ano, mas algo muito ruim aconteceu para ter decretado falência.

...

Ela retornou para casa, mas estava tão triste que resolveu se demorar um pouco mais a entrar e logo viu Adailton com uma mulher na garupa da sua moto.

Seus olhos não acreditaram no que estava vendo, mas ela não hesitou a ver. Adailton tinha muita intimidade com aquela mulher e isso fez Juliette ficar furiosa. Ela caminhou até o possível casal e logo foi vista.

- O quê significa isso Adailton?

- Juliette... Eu posso explicar...

- Explicar o quê? Que você tem duas namoradas? Ou que eu sou uma otária?

- Meu amor...

- Me esqueça... Nunca mais ouse me chamar de amor.

Juliette saiu dali e se fez de forte, mas quando ficou completamente sozinha chorou. A falta de dinheiro lhe doeu, mas a traição de Adailton foi a pior coisa daquele dia.

Ela lembrou dos alertas de Catarina e constatou que ela estava muito certa. Ficou numa praça até o horário do almoço e quando chegou em casa a lamentação era enorme. Faltava carne e faltava verdura, também não tinha suco.

Juliette explicou toda a situação e sua mãe levou a mão até a cabeça:

- E agora como vamos viver?

- Eu vou dá um jeito.

...

Durante toda a noite, no seu período de trabalho no quiosque, Juliette esperou ansiosa pelo "espanhol", ficava de olhos vidrados a sua espera, mas ele não veio da forma como sempre vinha.

Hoje ele resolveu aparecer ao fim do expediente e pediu dois sanduíches para viagem, mas não estendeu conversa e Juliette pensou que perdeu uma oportunidade de trabalho.

Ela foi a responsável por fechar o quiosque e depois foi até a parada de ônibus.

- Seu noivo não vem lhe buscar hoje? - ela se assustou com a aparição repentina.

- Não. Você não comeu o lanche?

- Um é seu e o outro é meu, eu vejo que não dão um lanche aos funcionários, depois o desumano sou eu. Pegue.

Juliette não recusou. Pegou o lanche e foi comendo sem conversar. Estava faminta.

- Depois de alimentada, tem algo a me dizer?

- Eu aceito o emprego.

Rodolffo sorriu e Juliette sentiu um deboche naquele riso.

- De ontem para hoje muita coisa mudou.

- Eu estou desempregada.

- Eu não estou te oferecendo um emprego. Não quero que se engane.

- E o quê está me oferecendo?

- Uma posição ao meu lado e um milhão e meio de reais.

Juliette ficou horrorizada com o valor.

- Por caridade, tu tá me oferecendo um cargo de assassina de aluguel ou de traficante de drogas?

Rodolffo gargalhou.

- Seu censo de humor me chamou atenção desde o primeiro momento.

- Eu não vou fazer nenhum crime. Deus me livre.

- Não é nada ilícito, mas é algo que eu exijo segredo.

- Diga... Só diga...

- Te pago um milhão e meio para que se case comigo e mantenha a farsa por seis meses no mínimo.

- Casar?

- Sim, casar de verdade. Na igreja e no papel, vestido, buquê, festa e com lua de mel, não precisamos ter relações sexuais, mas beijos teremos que dá em algum momento.

- Isso não é real... É uma piada. Meu dia foi horrível hoje, você não tem ideia e ainda me aparece uma presepada dessa.

Juliette começou a andar e Rodolffo foi atrás.

- Estou falando sério.

- Eu não sou prostituta. Procure uma garota de programa.

- Se eu quisesse uma garota de programa não te procuraria. Eu estou supostamente noivo a dois anos e agora é inadiável. Preciso viajar a Lisboa e me casar.

- Fala sério... Um marmanjo do teu tamanho fazendo isso... Tenha vergonha.

Rodolffo segurou firme o braço de Juliette.

- Escute... Eu estou falando sério. Se quiser sair dessa vida e ter um futuro, só precisará fazer um sacrifício que é casar comigo. Tem a descrição perfeita da mulher que eu procuro. Eu já fui em muitos lugares do Brasil e andei em vários ambientes, mas foi num quiosque que eu achei a mulher ideal.

- Isso é uma loucura. Olhe para si mesmo, não precisa disso. Devem haver mulheres fazendo fila para casar contigo de graça.

- De graça? Nunca. Todas querem o meu dinheiro e eu não estou disposto a dá.

- Oxente e está me oferecendo tudo isso por uma farsa.

- Aqui eu controlo. O dia de começar e o dia de terminar. Controlo os seus direitos e não temos afeto, isso é importante. Onde se ganha o pão, não se come a carne. Pense bem Juliette, tem até amanhã para decidir. Se resolver favoravelmente viajará comigo de imediato, mas não se preocupe que todas as suas dificuldades serão sanadas. Dinheiro não é um problema.

Juliette ficou inquieta depois dessa conversa.

...

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