Capítulo 37

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- Vamos para casa Juli? - Rodolffo disse ao pé do ouvido da sua esposa e ela sentiu o corpo arrepiar.

Juliette nunca havia sentido por ninguém o mínimo das coisas que sentia com Rodolffo. Desde o primeiro beijo, mesmo na circunstância que foi, seu corpo havia reagido. Como se liberasse tudo o quê estava guardado desde o princípio.

No início ela se sentiu estranha, culpada e muito temerosa, mas depois entendeu que não podia e nem devia fugir do seu desejo de estar com ele.

A descoberta do sexo foi fascinante e ela tinha tanta vontade de falar sobre isso, mas não sentia que devia conversar com o marido tão abertamente. Tentava apenas demonstrar com gestos que queria o mesmo.

Haviam dias que ela pensava besteiras, principalmente quando estava em seus dias de mulher. Na verdade tinha ciúmes de Rodolffo, um sentimento velado, nunca demonstrado, mas sentido. E se um dia ele quisesse outra? O quê ela faria?

- O quê foi? Por que está pensativa?

- Não é nada.

- Claro que é... Você ficou pensando... Pensou o quê?

- Vamos para casa. Lá podemos conversar.

Rodolffo segurou sua mão e juntos saíram da empresa. O falatório era grande sobre o quanto Juliette era privilegiada.

Max assistiu a saída do casal pela janela e os invejou. Viu o cunhado abrir a porta do automóvel para Juliette e ainda viu um selinho do casal.

- Eu vou acabar com vocês dois... Ah se vou...

...

O caminho até a casa do casal foi silencioso. Rodolffo até tentou puxar assunto, mas Juliette estava monossilábica.

Quando finalmente entraram em casa,  Rodolffo foi direto.

- Eu fiz alguma coisa? Me recebeu tão alegre e agora parece triste... Distante.

- O Max esteve na minha sala hoje.

- O quê aquele verme queria.

- Veio me contar que descobriu que a Roberta está o traindo.

- Não. Eu não acredito nisso. Minha irmã é louca naquele idiota, acho que a história pode estar invertida. Max já traiu a Roberta e eu já presenciei. Miserável... Quando eu lembro... Ela estava as portas do parto da Maria e ele desfilando com uma amante. Esse é um dos motivos do meu pai não confiar no Max.

- Ele chorou Rodolffo.

- Lágrimas falsas. Mas se ele está sofrendo problema deles, um dia a conta chega. Por acaso está triste por causa disso?

- E se um dia você quiser outra pessoa?

- Juli não pense nessas coisas.

- Eu tenho que pensar.

- Não tem que pensar. Inclusive não deve escutar o Max. Ele não é confiável. Não quero que o receba na sua sala.

- Ele disse que a Roberta já fez coisas muito ruins e eu tenho certeza que tudo foi contra você. Rodolffo não é normal a forma como algumas tragédias aconteceram na sua vida. A sua namorada não foi vítima de um acidente de trânsito normal, alguém veio e a atropelou de propósito, por que nunca investigaram isso?

- Não quer dizer que suspeita da Roberta?

- Sim. Eu suspeito. E digo o por quê.

- Então diga...

- Das vezes que ela falou das tragédias da sua vida, tem um orgulho nas suas palavras. Roberta a todo instante quer dizer que você é louco.

Rodolffo respirou profundamente.

- Ela quer te invalidar legalmente. Se for provado que você tem transtornos mentais, que é o quê ela diz para todo mundo, você é carta fora do baralho e tudo é ela e do Max.

- Meu amor, eu sei que a minha irmã é ruim, mas não é tudo isso. Ela não seria capaz de matar alguém ou de provocar uma queda em outra.

- Você sabe quem incentivou seus pais a te internarem? Ela mesma, Roberta. A sua mãe tem remorso e o seu pai também por ter ouvido ela.

- Eu não sabia disso.

- Agora está sabendo.

- Você é uma mulher tão sábia.

- E você precisa ser também.

- Eu nunca quero perder você. Você é todo o caminho que eu precisava para andar certo.

- Eu não sei o por quê, mas...

Juliette foi depressa para os braços de Rodolffo e ele a confortou:

- Não chore Juli... Não tem motivos.

Ela não respondeu. Ficou com o rosto grudado ao peito do marido e molhou a camisa dele. Mais uma vez Rodolffo se sentia surpreso, Juliette nunca demonstrou tamanha fragilidade.

- Não chore... Vem!

Nos braços do marido ela entrou em casa. Nunca tinha tido uma crise de choro e aquilo também a assustou. Qual era o motivo? Ela não sabia ao certo.

- Eu não sei por que chorei assim... Acho que foi por insegurança.

- Não tem por que sentir isso. O inseguro da história sou eu.

- Me desculpa. Acho que estou com TPM. Apesar que nunca senti essas coisas antes. Na verdade eu nunca tive tempo para isso. Acho que estou muito ociosa, por isso penso bobagem.

- Não tem por que pedir desculpa. Ficará tudo bem e não está ociosa. A vida não é somente trabalhar e trabalhar. Descansar também é importante.

...

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