Capítulo 29

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Sempre que faziam amor, Rodolffo era carinhoso e sempre ansioso por mais um pouco. Juliette também não ficava atrás e gostava da troca que tinha com o marido, mas só a possibilidade de uma gravidez o afastou.

No meio da madrugada, acordou e ele não estava mais na cama. Então foi buscá-lo e o encontrou na sala sentado. Junto dele tinha uma garrafa de whisky que ela não fazia ideia que existia em casa.

Rodolffo não devia beber, mas era óbvio que vez ou outra ele era desobediente e isso preocupava Juliette. A única vez que o viu beber certamente era motivado pela frustração e dessa vez também seria?

- Não pode beber e você sabe disso...

Ele a olhou e não respondeu.

- Está triste? É por isso que está bebendo?

Rodolffo arremessou o copo contra a parede e Juliette deu um pulo pelo susto.

- O quê é isso?

- Não quero! Eu não quero!

- O quê não quer?

- Não quero ninguém entre nós.

- Não há ninguém entre nós. Está louco?

- Não pode está grávida. Eu não quero isso.

- O mundo não gira por que o senhor quer ou não quer... Só para constar. - ela disse magoada, mas firme.

- O médico me garantiu e eu pedi irreversível.

- Diga a verdade... Não tem material algum congelado, não é? Está tentando me enganar?

- Eu não quero perder mais ninguém. Para mim foi suficiente.

- Pois eu digo que vai perder. Se não quiser esse bebê, já me perdeu.

- Você não está grávida! - ele falou alterado.

Já mostrava sinais de embriaguez e Juliette sabia que enfrenta-lo nesse estado, segundo seu sogro, não era boa ideia.

- O próximo passo é dizer que não é seu. Só não sei de onde vai tirar a hipótese da traição, se você grudado em mim 24 horas por dia. Será que estou grávida de um fantasma ou do homem com quem divido a cama?  Faça sua aposta.

- É o seu psicológico.

- Agora eu sou a louca? Se te convém, pense assim, mas em algum tempo teremos a prova viva da minha loucura.

- Será que não ver que é impossível? 

- Para mim nada é impossível se Deus permitir. Se ele permitiu que eu te ame, o resto pode acontecer.

- Sai daqui. Eu não tô bem. Sai Juliette!

Ela ainda caminhou na direção dele, mas percebeu que era melhor se afastar. Retornou ao quarto e tentou relaxar, mas não conseguia. Estava preocupada, mesmo que Rodolffo não merecesse.

Quando ia sentindo o sono a vencer, sentiu a chegada de Rodolffo e ele foi logo colocando a cabeça sobre a sua barriga. Sentiu um úmido sobre o tecido da camisola e percebeu que ele estava chorando.

Ela sabia que ele tinha medos e simplesmente não sabia lidar com eles. A verdade é que Rodolffo tem problemas psicológicos, talvez provocados pelos traumas ou com outra fonte.

Juliette tocou seus cabelos e depois fez um carinho. Rodolffo logo se reergueu e olhando nos olhos de sua esposa disse:

- Eu não mereço você.

- Sim. Isso é verdade. Mas na vida a gente não tem exatamente o quê merece, mas sim o quê precisa. Eu precisava de você, como você precisava de mim.

- Se for verdade, não sei se essa criança vai gostar de mim.

- Pare! Chega disso. Deita e dorme.

Rodolffo deitou de frente a Juliette e ela fez um carinho no seu rosto que logo o fez apagar. Ao contrário dos que tinham medo e dos que tinham pena, Juliette só queria que a dor que ele sentia passasse.

...

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