Capítulo 16

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- Você quer contar a verdade? Toda a verdade Juliette? - ele disse com a voz rouca junto ao seu ouvido.

Juliette sentiu o corpo arrepiar.

- Não me subestime. Só me solte e vai dormir.

Rodolffo a girou para que ficasse cara a cara com ele, e os cabelos de Juliette ficaram por sobre o seu rosto, mas logo foram removidos pelos dedos cumpridos dele.

- Eu entendo que ainda não é o nosso tempo... Mas estou disposto a esperar.

- Rodolffo temos um tempo, ele é cronometrado e cada dia a mais é um dia a menos.

- Eu sei que você sente algo.

- Eu sou um personagem e você também é.

- Mas os nossos beijos não são uma mentira.

- São sim. Todos são mentirosos, assim como nós dois.

Ele tentou fazer um carinho no rosto de Juliette, mas ela segurou sua mão.

- Um dia vai me pedir que eu te ame como merece ser amada...

- Nunca vou te pedir isso!

- Ah vai... e eu não vou dizer "não". Agora vamos dormir.

- Vamos dormir por que eu quero e não por que você mandou.

- Quem manda é você... Relaxe. - ele disse sorridente.

- Detesto esse seu deboche. Você nunca vai parar com isso?

Em outros dias uma briga poderia ser formada, por que Juliette nunca deixava nada passar, mas Rodolffo simplesmente preferiu o silêncio. Fechou os olhos, colocou as mãos sobre o peito e sentiu ela se deitar em seguida.

Quando despertou, não encontrou Juliette na cama e isso fez ele literalmente pular da cama. Imediatamente se recompôs e foi tentar encontrá-la.

...

Na cozinha da casa...

- Seu João o senhor é muito habilidoso com a arte culinária. Eu não sou muito habilidosa.

- A Mariza também não é, mas nunca me incomodei, nesses 34 anos de casados, sempre busquei o equilíbrio.

- Houveram dias que eu só cuidava das crianças e ele do resto. Nos finais de semana sempre dispensamos os empregados. - disse Mariza.

- Hoje acabamos ficando sozinhos nessa casa enorme. Rodolffo bem poderia vir morar com você aqui... As meninas só vem aqui aos finais de semana e nem é sempre. - disse João ao mexer numa panela. - Mas eu sei que ele não quer. Sabe como é o seu marido.

- Não sei de tudo. Rodolffo não me conta muitas coisas, apenas o necessário.

- Rodolffo era uma criança afetuosa e muito ligado a nós, mas na juventude isso mudou. Houveram muitas coisas que o tornaram assim.

- O João quer dizer que ele é frio conosco, isso não significa que seja frio com você. Mas nunca o desprezamos.

- Rodolffo sempre foi inteligente e por isso que não há ninguém melhor para tocar os assuntos da empresa do que ele.

- Ele realmente fala disso com muito entusiasmo. Tem muita vontade e coragem.

- Com certeza filha, são exatos quatro anos como presidente da Albuquerque Engenheiros Associados, tanto aqui em Portugal como na filial do Brasil. Todas as decisões importantes passam por ele.

Juliette ficou tão surpresa que os sogros perceberam.

- Ele não te disse isso? - Mariza perguntou.

- Não. Ele falou que seria e não que era.

- Foi uma decisão que tomei depois que fiz 60 anos. Eu quero desfrutar o resto dos meus dias sem preocupações. Já trabalhei demais nessa vida e cogitei dá ao meu genro o cargo de presidente, mas percebi que era injusto com meu filho. Roberta ficou magoada comigo, enquanto Rodolffo não me agradeceu. Mas o importante é que ele nunca falhou no seu trabalho, muito pelo contrário, o expandiu.

- Juliette minha querida, esperamos por tanto tempo a reação dele, que encontrasse uma companheira. Ficamos contentes quando ele nos disse que tinha conhecido alguém, mas como estamos aqui em Portugal, ele nunca havia te apresentado. Parece ser alguém tão calma e isso deve fazer muito bem para ele.

Juliette sorriu suavemente acreditando estar atuando muito bem.

- Um dia eu lhe disse que tudo poderia ser refeito, mas ele estava incrédulo.

- Como assim?

- Muito jovem ele perdeu a primeira namorada, mas você já deve saber.

- Não sei... Ele nunca me contou isso.

- Ele tinha 23 anos e namorada grávida foi atropelada na frente do apartamento que eles moravam juntos.

- Meu Deus do céu...

- Depois de dois anos, ele namorou a Bárbara e pareciam estar felizes... -Mariza fez uma pausa. - Não fique chateada, mas toda a nossa família gostava dela, mas não deu certo de novo.

- O quê aconteceu?

- Bárbara ficou grávida depois de uns meses de relacionamento e por ser dentista, num atendimento diário ela se descuidou e sofreu um pequeno acidente, devido isso sofreu um aborto, o quê fez Rodolffo ficar perturbado e acabar o relacionamento. Isso deve ter uns cinco anos, depois disso ele viveu dias muito escuros.

- Rodolffo não pode beber Juliette. Isso é sério. - alertou o João. - Já foi internado por causa do vício e graças a Deus se libertou.

Juliette ficou um pouco assustada com essas informações.

- Lá vem ele. Assunto encerrado filha. - alertou Mariza.

- Eu te procurei e não achei. Por que levantou tão cedo Juliette?

- Meu filho, bom dia. Juliette só estava conversando banalidades conosco. Ela é nordestina e você nem nos falou. - disse Mariza.

- Não é necessário mãe. Aposto que estavam falando mal de mim.

- Rodolffo não diga isso. Não estávamos falando mal de você a sua esposa, olha como nos trata filho.

Rodolffo não respondeu ao pai e pegou na mão de Juliette a levando de volta para o quarto.

- Até daqui a pouco. - ela disse ao sair.

Mariza e João ficaram olhando os dois.

- Estou um pouco preocupado Mariza.

- Eu também João. Mas ele parece estar tão bem.

- Rodolffo não é bom com relacionamentos e eu sinto que ele mentiu para essa moça. Ela não sabe nada dele.

- Fizemos mal em ter contato, não foi?

- Creio que sim e o problema é se ela contar a ele o quê nós dissemos. Ele vai se revoltar. Deus nos ajude.

...

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