Capítulo 7

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Quando Juliette se sentiu mais restabelecida procurou o marido e ele estava a olhar para a orla, mal se movia, então ela chamou sua atenção.

- Escute... Precisamos conversar seriamente.

Rodolffo estava com as mãos nos bolsos da calça e seu semblante era duro.

- Se não quiser falar nada, permaneça em silêncio, mas me escute por que eu não vou falar outra vez.

Ele parecia furioso, mas Juliette não temeu.

- Eu sou sua esposa. Quando você me procurou e me fez a oferta, foi para ser sua es-po-sa. Eu nunca serei sua mulher, não sei o quê te deu que fez você pensar que eu iria ceder.

- O Adailton, aquele desgraçado, ele te tinha a força?

- Não. Ele nunca fez isso.

- Então por que não foi sincera e me deixou acreditar que vocês não tem mais volta?

- O quê uma coisa tem a ver com a outra? Só me responde isso.

- Não me responda com perguntas Juliette.

- Você é louco. Um doente mental por que eu nunca vou te entender.

- Eu te conheço desde janeiro.

- Não... Você me via trabalhar desde janeiro. É muito diferente de me conhecer. Eu por exemplo, me casei contigo, mas não te conheço.

- Se eu soubesse que tinha alguém entre nós, nunca teria proposto nada.

- Olhe aqui. Não há ninguém entre nós. O quê existe entre nós é um contrato. E eu não sou cara, mas também não sou barata ou fácil. Eu recebi uma proposta pronta e aceitei. Não me conheceu sendo uma garota de programa, então nunca mais me ofereça dinheiro para me deitar contigo por que da próxima nem vou me importar de ficar viúva.

- Não me ameace. Você não me conhece.

- Eu não tenho nada a perder, pode acreditar. Quem aceita uma proposta dessa não tem muitas opções na vida e eu sei que no futuro terei ainda mais vergonha de mim. Mas você tinha a isca e eu caí pela necessidade, pela mágoa ou por qualquer outro motivo.

- Eu me sinto atraído por você. O quê vou fazer com isso?

- Eu tenho sugestões... Vá a um lugar onde mulheres te digam "sim" e realizem os seus desejos carnais. É simples, é fácil, barato também. Está precisando urgentemente de sexo.

- E só preciso disso?

- Eu não vou te falar da minha vida íntima. Não espere isso de mim.

- Vou te levar para São Paulo e lá vou passar dois dias e duas noites em baladas. Te deixarei sozinha.

- Problema seu. Isso não me interessa. O quê me importa é encenar e fazer sua família crer que somos felizes. Sua vida sexual é totalmente responsabilidade tua.

- Pois a sua é problema meu e não ouse ficar com ninguém enquanto estiver casada comigo.

- E não vai dizer a sua família que eu sou adúltera? Em algum momento terei que fazer isso se tornar real.

- Eu sou vingativo Juliette. Ninguém passa a perna em mim e não vai ser você que fará isso.

- Sossegue. Eu só quero paz e relacionamentos de qualquer ordem com homens é um verdadeiro tormento. Eu desisti. Viva a sua vida e a minha eu viverei daqui a seis meses.

- Vamos para São Paulo. Em uma hora o nosso vôo sai. Organize tudo por que ainda temos tempo.

- Estamos certos no que combinamos?

- Sim.

- Vou confiar.

- Não me julgam muito confiável, só saiba disso.

- Não venha com suas ironias. Um homem tem que ter palavra.

A conversa teve fim. As malas foram arrumadas. As roupas foram trocadas e Rodolffo pediu as vestes para jogá-las no lixo em seguida. Juliette só viu a cena, nada disse.

O vôo para chegar em São Paulo foi num jatinho fretado. Chegaram já a noite e Juliette estava faminta.

- Antes que saia pode pedir algo para eu comer? Estou com fome.

- Vou pedir jantar para nós dois.

- Tá bem. Eu vou tomar um banho.

Ambos tomaram banho e Rodolffo decidiu que seria  melhor descer até o restaurante do hotel. Juliette aceitou por ser mais rápido.

Comeram em silêncio e só foi dito o necessário. Juliette não via a hora de finalmente ficar sozinha, já que Rodolffo disse que passaria dois dias fora. Mas estranhou o fato dele pegar uma garrafa de whisky e levar até o quarto.

- Eu vou deitar e dormir. Quando sair coloque a chave por baixo da porta.

Ele a olhou e deu um sorriso debochado, abanando a cabeça no mesmo instante.

- Eu não vou a lugar nenhum.

- Mas você disse que iria.

- Mas eu não vou. Eu mudei de ideia.

Juliette ficou irritada com aquela afirmação.

- Não vai beber no quarto.

- Vou sim. É minha lua de mel.

- Não vai de jeito nenhum. Se sóbrio você é assim, bêbado deve ser...-  pensou mais não disse.

- Acostume-se comigo Juliette. Eu não vou me moldar ao que você quer, aqui você se molda.

- Não vou ficar nesse quarto com você.  Arrume outro.

- Você acha que em Lisboa teremos um quarto para cada um? Não teremos. Minha família nos espera com muita ansiedade, teremos uma viagem de casais para fazer e ninguém vai aceitar um agregado no quarto. Então não vai dormir  em um quarto separado.

- Me dá a chave do quarto, por favor.

Rodolffo entregou a chave e enquanto ficou bebendo na varanda do quarto, Juliette assistia televisão. Ela tinha medo, mas no ritmo que via ele virar as doses de whisky sabia que seria muito difícil que Rodolffo levantasse da cadeira.

...

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