𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 17

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Era surreal o que estava acontecendo na minha vida, pois em um dia eu estava definhando em um apartamento decadente nos confins do Brooklyn, e agora, Troy estava fechando um colar de diamantes ao redor do meu pescoço.

-Foi feito pra você - sussurrou ele, no meu ouvido, de frente pro espelho da loja - Eu vou comprar!

-Não posso aceitar - meu coração martelava no peito, aquela jóia custava mais do que o meu apartamento - É sério, isso é muito, eu não tenho aonde usar!

Ele riu, e me virou pela cintura, pra ficar de frente pra ele, e me beijou:
-Agora você vai ter, vai ser uma longa temporada de premiações do pornô, e minha acompanhante precisa ser a mais bonita da noite!

Senti minhas bochechas formigarem, e sabia que meu rosto estava vermelho de vergonha:
-Ninguém nunca me tratou assim, eu nunca tive um namorado sabia? - assim que as palavras saíram da minha boca, eu me arrependi - Não que você seja meu namorado, mas que merda, o que eu tô falando?!

Troy ajeitou meu cabelo nos ombros, e sorriu, não disse nada até que a atendente aparecesse com outras opções de jóias:
-Não precisa gastar mais tempo, já encontrei o que estávamos procurando, vamos ficar com esse colar aqui, de diamantes com as esmeralda no centro.

Enquanto ele ia até o caixa pra pagar, fiquei sentada no sofá de couro da loja, que era frequentada por milionários, tomando um champanhe e me sentindo intimidada por aquelas esposas troféu ao meu redor, que me olhavam de cima a baixo como se soubessem que aquele não era meu lugar, como se estivesse escrito ''puta'' na minha testa, pessoas ricas de verdade reconheciam uma intrusa quando as viam, e eu odiava me sentir assim, me lembrava a porra do ensino médio, fiquei torcendo pra Troy andar logo e sairmos dali.
...

Troy tinha uma gravação naquela tarde, então dirigiu até os estúdios de sua gravadora e insistiu pra que eu fosse junto, tive que desmarcar com Lily, pois eu tinha combinado de ir com ela comprar roupas nos brechós do centro.
Subimos uma rua cercada de mansões, até chegarmos na última casa, entramos por um portão enorme e estacionamos na garagem, de mãos dadas subimos as escadas da entrada da casa e fomos para o estúdio que ficava na suíte do segundo andar.

-TROY - gritou Joseff, o diretor - Meu garoto de ouro, como está? - ele deu um abraço forte, depois me olhou - Olha só, Camille Moon, estou correto?

-Sim - respondi, meio acuada - Muito prazer.

-O prazer é todo meu - ele me deu dois beijos nas bochechas - Eu vi a cena de vocês dois juntos, uau, que espetáculo, vai vender igual água!

De dentro do camarim, saiu a atriz que iria gravar com Troy, uma verdadeira boneca russa, alta, magra e de cabelos loiros muito bem ondulados, ela caminhava com imponência na nossa direção, usando uma lingerie muito bonita cor ciano e salto de stripper, ela encostou no diretor e acendeu um cigarro:
-Olá Troy - disse, com sotaque russo - Olá... Quem é você?!

-Camille Moon - respondi, sorrindo de canto.

-Entendi - ela me examinou dos pés a cabeça, e deu um sorriso falso - São namorados?!

Eu abri a boca pra falar, mas olhei pra Troy, que também me olhou sem jeito, mas depois me abraçou pela cintura:
-Estamos nos conhecendo.
-Interessante - a moça soprou a fumaça - Só espero que não atrapalhe a cena, detesto mulher ciumenta em set de filmagem.

Troy respondeu, sem pestanejar:
-Somos profissionais Lolla, não se preocupa.
-Veremos...

A gravação foi ótima, assisti tudo sentada em um canto tomando um café preto e fumando um Marlboro, Troy e Lolla mostravam em cena o motivo de serem verdadeiros pornstars, ela era incansável e muito flexível, sabia sempre aonde a câmera estava e fazia tudo em direção a ela, fizeram anal, vaginal e oral, no fim ele ejaculou no rosto dela e ela terminou mandando um beijo e dizendo algo em russo pra câmera.

Troy foi tomar um banho pós cena, e ela, veio se sentar comigo pra fumar um cigarro, ainda com esperma no rosto:
-Gostou do que viu?
-Sim, foi uma ótima cena.
-Que bom, garota.

O tom de voz dela era sempre passivo agressivo, eu não gostava da forma com que ela me intimidava com o olhar:
-Também é do ramo?
-Sim.
-Estranho, nunca ouvi falar de você.
-Ainda não tenho um ano de carreira, estou começando.
-Tá explicado - ela sorriu, tinha um sorriso maquiavélico - Já começou bem hein, se envolvendo com um grande nome, garota esperta.

Foi então que eu me lembrei a forma certa de lidar com garotas malvadas, não demonstrar fraqueza ou medo:
-Não leva por esse lado, eu e Troy gostamos de ficar um com o outro, é só isso...

Rajadas de vento empurravam o cabelo pra frente do rosto de Lolla, que jogou a cabeça pra trás pra se livrar, depois me fuzilou com o cigarro pendurado no canto da boca:
-Você pode mentir pra si mesma, mas não pode mentir pro mundo, sabe quanto tempo levei pra gravar pra uma produtora como essa? Cinco anos, cinco longos anos, e você? Acabou de chegar e já fez uma grande produção, então para de bancar a ingênua que esse papel não combina com você, banca essa atitude de gótica bad girl e não aja como uma sonsa, ou pessoas como eu, vão engolir e devorar você - ela apagou o cigarro no chão - Entenda minhas palavras como quiser, como uma ameaça ou um conselho, o problema é seu, mas lembre-se, estamos de olho em você.

Troy saiu de dentro da casa, de cabelo molhado e cheirando a sabonete, pegou minha mão e fomos nos despedir de todo mundo da equipe, eu estava silenciosa e pensativa com o que Lolla havia dito, minha mente estava em outro lugar e fiz tudo no automático.

Dentro do carro, Troy colocou a mão na minha coxa e perguntou:
-Quer ir dormir comigo essa noite?
-Não... Quero ir pra casa.
-Por que?
-Se não somos namorados, eu devo satisfação?
Ele se assustou com a resposta, e depois assentiu, mudando a rota:
-Tá bom então, vou te levar.

Passei o restante do caminho em silêncio, de braços cruzados e jogada no banco, olhando pra paisagem azulada do lado de fora....

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