𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 34

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Dias, semanas e meses se tornaram nebulosos, os minutos, horas e segundos eram difíceis de calcular pois eu estava o tempo inteiro bêbada e drogada, gravei diversos filmes que sequer me lembrava de ter assinado contrato, ficava confusa ao me ver em cenas que eu não tinha memória alguma de ter filmado...

Peter King estava fodendo meu cu em um sofá de couro, de quatro eu levava aquelas estocadas fortes mas não sentia nada, estava anestesiada, só sabia que estava sendo penetrada pois o impacto do corpo dele atingia o meu e isso fazia minha pressão baixar, pois eu não me alimentava a dois dias, estava sobrevivendo de gin e cocaína.

O diretor dizia coisas e sinalizava mas eu apenas via vultos, Peter me deu uma chave de braço e me puxou pra cima, continuou metendo me segurando daquela forma, eu tentava focar a visão em alguma coisa mas tudo era embaçado, senti meu corpo inteiro ficar frio e perdi minhas forças, antes de vomitar vodka e desmaiar completamente.
...

Acordei com uma luz forte no meu rosto, gemi de dor no estômago e virei o rosto pro lado, Tim estava sentado na cadeira fumando um cigarro e lendo um catálogo de armas:
-Eu tô delirando - sussurrei - Ou você tá fumando na porra de um hospital?!

Tim abriu um sorriso ao ver que despertei, dobrou a revista e veio pro meu lado:
-Nossa Camille - ele beijou minha testa e segurou minha mão - Fiquei apavorado, sério, tive tanto medo de te perder, os médicos disseram que sua situação era crítica, você tá desidratada, desnutrida e chegou perto de uma overdose!

-Uau - respondi, mordendo a pele da mão dele, e me ajeitando pra sentar - Pelo jeito eu já sou um cadáver ambulante, só falta enterrar.

-Não brinca com isso! - ele fechou a cara - Eu acho que estamos exagerando, se continuarmos vivendo assim vamos morrer!

-E que outra opção nós temos Tim? - meus olhos marejaram - Não sei viver de outra forma, se tirar as drogas e o álcool eu perco a pouca alegria que me resta, eu prefiro morrer fazendo o que me dá prazer do que viver em eterna amargura.

-Somos escravos - Tim franziu o cenho, preocupado e profundamente triste - Escravos do prazer, e vamos morrer em breve por conta da nossa luxúria.

Ele apertou minha mão, encostou a cabeça no meu ombro e chorou baixinho, e eu o acompanhei, sentindo um aperto esmagador no peito, era triste embarcar no trem que te levaria ao destino final sem opção alguma de mudança, só restava olhar pela janela e observar a curta estrada até a morte.

Eu estava começando a suar frio, minha cabeça dava pontadas e eu não parava de tremer, comecei a me desesperar e ficar agitada, Tim comprimiu os lábios e respirou fundo:
-Calma meu bem, o doutor disse que é normal, você está em abstinência e isso são os sintomas aparecendo, vou pedir pra enfermeira te dar algo.

-NÃO - agarrei ele pelo braço - Eu preciso que você me tire daqui agora, eu já sofro o suficiente dentro da minha cabeça, se o meu corpo for me fazer sofrer também eu não vou aguentar, preciso de uma picada de heroína, AGORA!

Tim balançou negativamente a cabeça:
-Sinto muito Camille - ele segurou minha mão que o segurava - Mas eu preciso te ajudar.

-Não ouse fazer isso Tim - meus dentes estavam raspando uns nos outros - Eu sei que você tem drogas aí com você, é tão viciado quanto eu, então para de querer bancar o bom moço que eu sei quem você é!

De mãos dadas, saímos do quarto em direção ao banheiro do hospital, eu estava paranóica e confusa, olhava para os lados o tempo inteiro com medo de ser atacada ou repreendida, até que finalmente chegamos em um banheiro e fomos para a cabine.

Tim preparou uma picada pra mim, e depois outra pra ele, e assim que a droga entrou na minha corrente sanguínea eu amoleci, sentindo um prazer intenso e sorrindo como uma retardada, ele sentiu o mesmo, caímos juntos no chão, fiquei entre as pernas dele com o rosto deitado em seu peito, ambos curtindo a própria onda que batia, e naquele instante, eu pensei ter sentido amor por Tim, pois apesar dos defeitos, ele estava ao meu lado, e não era um homem moralista e entediante, ele era tão fodido quanto eu.

𝑷𝑶𝑹𝑵𝑺𝑻𝑨𝑹Onde histórias criam vida. Descubra agora