𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 23

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Tive dificuldade pra abrir os olhos, estavam inchados e doloridos, tateei ao meu redor e senti algo frio e escorregadio, conforme minha visão foi desembaçando percebi que estava em uma banheira, foi quando me lembrei que havia desmaiado de tanto apanhar...

Meu coração acelerou, fiquei agitada mas senti uma pontada muito forte na costela quando tentei me mover, gemi de dor e suspirei recuperando o fôlego, a água estava quente e soltando fumaça, tinha um tom rosado do sangue que havia escorrido do meu rosto.

Quando um homem entrou pela porta, tomei um susto e tentei me cobrir embaixo d'água, ele riu e balançou a cabeça:
-Não precisa se esconder, o mundo inteiro já viu o que você tem aí! - ele então abriu a palma da mão e mostrou dois comprimidos - É pra dor, imagino que deve estar difícil de aguentar.

Fiquei encarando a mão dele, hesitei, mas estava realmente difícil até pra respirar, então peguei e engoli os dois de uma vez, depois olhei de canto de olho pra aquele homem, e foi involuntário ficar de queixo caído quando o reconheci:
-Tim Deen? - pisquei os olhos algumas vezes seguidas - É você?!

O rapaz magro e alto, pele pálida e cabelo preto se sentou na privada e cruzou as pernas, depois acendeu um cigarro:
-Olha, ainda sou famoso então? - ele riu, soprando a fumaça - Manuel não roubou todas as minhas fãs?

Tim Deen era uma estrela, ele tinha explodido com vários filmes hardcore e dominado a indústria por dois anos, os holofotes só diminuíram quando ele teve que dividir as produções com Manuel, ambos eram os maiores do ramo, tanto em pau quanto em fama.

Como eu não respondi, apenas abracei meus joelhos ralados e apoiei a cabeça, ele continuou:
-Que surra que você levou hein? - Tim ficou analisando minha pele nua e ferida - O que aconteceu?!

Fechei meus olhos e tentei respirar fundo, mas uma fisgada aguda me fez me contorcer:
-Pra ser sincera eu não sei, minha vida está fora de controle...

-Tem certeza que não sabe? - ele levantou de leve as sobrancelhas - Ou não quer falar?!

Desviei o olhar pra parede, por algum motivo estava muito intimidada com a presença dele, que era alguém que eu já tinha me masturbado tanto assistindo aos vídeos:
-Ambas as coisas.

Tim ficou de pé e se apoiou no batente da porta, terminando o cigarro:
-Bem vinda ao mundo adulto, eu até hoje não sei o que estou fazendo, só sei que amo meu trabalho de foder garotas gostosas e ser pago pra isso - ele riu - E de nada por ter salvo a sua vida, tá bom?

-Obrigada - respondi, baixinho - De verdade.

-Fica me devendo essa - ele colocou a mão na cintura - Você não tem amigos? Te deixaram desmaiada e sangrando em um jardim, e ninguém procurou por você?!

Aquelas palavras me açoitaram na alma, pois eu ainda não tinha parado pra refletir que estava na casa de um completo desconhecido após ter sido agredida, e isso deixava claro que ninguém de fato se importava comigo...
-Tem sorte de eu não ser um psicopata - James deu de ombros, jogando a bituca na privada.
-É exatamente o que um psicopata diria...

Ele riu, apontou o dedo pra mim e piscou um olho:
-Então é melhor se esconder enquanto eu peço o jantar, você tem três minutos! - disse ele, antes de sair do banheiro, depois escutei sua voz abafada ao telefone pedindo pizza.
...

Andei pelo corredor vestindo um moletom do Tim, um calção e meias brancas, ele estava sentado no sofá fumando um baseado com seu cachorro no colo e assistindo a um programa de comédia:
-A pizza está na balcão, pode pegar - disse ele ao me ver - Se quiser cerveja, tem na geladeira.

Era estranho como ele estava me tratando como se fôssemos amigos, e eu nunca tinha trocado uma palavra com ele antes, mas fui até lá e peguei uma fatia de pizza, depois me sentei no sofá e comecei a comer, assistindo ao programa junto com ele, e após dar uns puxas no baseado também comecei a achar hilário, rimos muito juntos e quando cai por mim, já estava no quarto pedaço de pizza de bacon.

-Camille - disse ele, baixando o volume da televisão - É Camille né?
-Sim.
-Vamos gravar algo juntos quando você se recuperar?
-Seria uma honra - respondi, tímida e no canto do sofá - Talvez o ápice da minha carreira.
Ele me olhou fixamente nos olhos, se aproximou de mim no sofá e começou a tocar meu rosto, passando o dedo nos meus lábios, acariciando meu cabelo, tocou minha cintura, até que me deu um beijo sútil, riu de canto e disse:
-Agora vou ficar contando os dias pra te foder, você parece a boneca de porcelana da filha do Drácula - ele riu - Tão bonita e estranha, a pele pálida e os olhos de um céu escuro sem estrelas, preciso te fazer minha nem que seja uma vez!

Após terminarmos o baseado e a pizza, Tim me deu uma carona de volta pro meu apartamento, no caminho, ele pediu pra que eu batesse uma punheta pra ele, eu não estava muito afim mas fiz pois ele tinha sido legal comigo antes e eu estava em dívida, ele gozou na minha mão e pediu pra que eu lambesse pois não tinha papel toalha no carro, depois conversamos um pouco sobre a carreira dele e todas as experiências estranhas que ele já tinha passado... Tim era um cara legal, não tinha uma beleza esculpida como Manuel, mas era jovem e engraçado, tinha um pau comprido com a cabeça vermelha, mãos e pés grandes, e um discreto olhar de dominação.

Trocamos contato, e quando ele estacionou na frente do meu prédio, desci do carro e dei a volta, fui até a janela do motorista e me debrucei:
-Obrigada mais uma vez, por cuidar de mim, eu não sei aonde estaria se não você não tivesse aparecido pra me salvar.

Tim segurou meu queixo e me puxou pra um beijo:
-Te vejo em breve, gatinha.

Ele saiu com o carro, e eu entrei no hall, ainda mancando e com muitas dores...

𝑷𝑶𝑹𝑵𝑺𝑻𝑨𝑹Onde histórias criam vida. Descubra agora