𝑷𝑶𝑹𝑵𝑺𝑻𝑨𝑹

𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 15

Despertei com uma respiração quente em meu pescoço, havia um braço ao redor da minha cintura, levei um tempo pra entender que aquilo não era um sonho, com cuidado virei o rosto pra trás e Troy dormia ao meu lado, tão bonito quanto o nascer do sol logo atrás, na varanda do quarto de hotel.

Fazendo o máximo de esforço pra não acorda-lo, tirei seu braço de cima de mim e saí da cama, recolhi o vestido que estava no chão e comecei a vesti-lo, quando escutei uma risada preguiçosa, era Troy coçando os olhos:
-Não está pensando em ir embora sem se despedir né?!

Cobri a boca com a mão, rindo, e o vestido escorregou para os joelhos:
-Foi mal, eu não queria te acordar, mas sim, tenho que ir pra casa.

Troy saiu de debaixo das cobertas pra se levantar,   os músculos tão definidos por baixo da pele negra que lembrava mármore de tão perfeita, o pau mesmo amolecido enorme balançando entre as pernas enquanto ele se aproximava, gentilmente ele me ajudou a sair de dentro do vestido e beijou meu pescoço, eu fui falar algo mas ele cobriu meus lábios com o dedo indicador, pegou em minha mão e me levou até o banheiro, tomamos uma ducha juntos, ele me abraçando por trás com a água morna caindo em nossos rostos, me virei pra beija-lo.

Depois do banho, ele me levou até sua mala que estava debaixo da cama:
-Pode escolher algo meu pra vestir, vamos tomar café da manhã em uma padaria ótima que eu conheço, não curto muito esses cafés de hotel.

Eu estava desconcertada, apesar de muito encantada:
-Não precisa Troy, de verdade, ontem a noite foi ótimo, eu gostei muito, mas não quero te atrapalhar.

Ele vestiu uma camiseta preta, jaqueta do Chicago Bulls, calça preta e um Nike, veio me ajudar a vestir uma de suas camisetas, que ficava enorme em mim:
-Eu quero te levar pra tomar café, ontem não deu pra conversar muito, e eu não tenho compromisso pra hoje, você tem?
-Não - respondi, sorrindo de canto, e tirando uma mecha de cabelo do rosto - Não tenho.

As mangas do moletom dele ficavam sobrando muito, eu mal podia ver minhas mãos, tentei disfarçar cobrindo o rosto quando descemos ao estacionamento e vi o carro dele, uma BMW muito chique, eu nunca tinha entrado em nada do tipo...
-O que gosta de ouvir?
-Humm - eu fiquei com vergonha de falar - Desde rock melancólico, até Britney Spears, acho que nada do que você curte.
Troy riu, e deu de ombros enquanto tirava um CD da Britney do porta-luvas:
-Eu tenho uma irmã, e por culpa dela, sei a letra de todas músicas desse álbum.

Comecei a rir, enquanto ele acelerava e aumentava o volume de Baby One More Time, cantamos juntos a plenos pulmões no caminho até a padaria, ele tinha o sorriso mais contagiante do universo, eu estava obecada.

Ele insistiu pra que eu pedisse algo pra comer, mas eu não queria, não era acostumada a comer nada de manhã, apenas vodka pura, então pedi um café puro sem açúcar e um cigarro:
-É sério, não estou fazendo charme, não como de manhã, e não como muito em nenhuma parte do dia.

-Uau - disse Troy, se sentando ao meu lado, com sua torta holandesa e cappuccino - Essa indústria é cruel quando se trata de imagem né, eu entendo.

-Olha, não é bem por isso - respondi, bebericando e dando um trago em seguida - Eu não costumava ter dinheiro pra comer, eu e minha amiga dividíamos um pacote de Maç and Cheese por vários dias...

-Sinto muito gata - ele segurou minha mão por baixo da mesa - Espero que as coisas estejam melhores agora.

-Odeio me colocar em uma lugar de coitada sabe? Mas eu estaria mentindo se dissesse que melhorou muito - suspirei, soprando a fumaça pra cima - Ainda sou uma fodida tentando pagar o aluguel e sobreviver, mas meu cachê aumentou um pouco, agora consigo ver uma luz no fim do túnel.

Troy assentiu, acariciando meu cabelo por trás e me olhando nos olhos:
-Eu vejo uma estrela em você, falo isso de forma honesta, o que fizemos ontem foi arte pura, então imagino que como atriz você deve ser excelente, pois me deu até canseira - ele riu de um jeito safado.

Eu me encolhi, tímida, mordendo o canto do lábio:
-Não sei se você gostaria dos meus filmes se assistisse, são bem.... Peculiares - meu sorriso se desfez - Não quero que você assista, acho que não me veria mais da mesma forma...

Ele apertou minha mão e assentiu:
-Se você não quer que eu veja, respeito isso, mas não precisa sentir vergonha de nada, eu sei que precisamos fazer coisas malucas pra crescer nessa indústria, eu nunca te julgaria gata, fica tranquila.

Me deitei no ombro dele e fiquei sentindo o sol da manhã nos aquecer na varanda daquela padaria bistrô, era estranho como alguém que eu mal conhecia tinha me feito ficar tão confortável, era difícil acreditar que ainda existiam homens gentis e bondosos, eu ficava desconfiada de qualquer gesto estranho, mas com Troy, estava sendo diferente...
-Seus filmes devem ser lindos, só de ter você, já me faria comprar - falei, rindo baixinho.

Troy beijou o topo da minha cabeça:
-Não vou fingir modéstia, eu tenho contrato exclusivo com a PentLust, e eles tem produção cinematográfica profissional para as gravações, fora que são sempre em locais bonitos, bem escolhidos e tal...

-Tão longe da minha realidade - respondi, acendendo outro cigarro - Mas quem sabe um dia...

Troy parou um pouco pra pensar, depois sugeriu:
-Me passa o contato do seu agente? Posso tentar te indicar pra uma gravação comigo, eles geralmente só aceitam atrizes grandes, ou que já tenham contrato com a gravadora, mas eu tenho alguma moral lá dentro, não custa tentar né?

-Faria isso por mim? - fiquei incrédula, o olhando  fixamente como uma criança empolgada - Eu te passo o contato do Frank, se isso acontecer, seria como um sonho...