𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 26

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Passei em um Starbucks e pedi um latte, o céu amanhecia em tons pastéis quando sai para a rua, caminhei cinco quarteirões até o apartamento do Troy, ainda trêmula e fumando um cigarro, eu tinha me lavado no banheiro da cafeteria era como se o cheiro de morte estivesse impregnado no meu corpo, como se um alvo na minha testa gritasse ASSASSINA.

Assim que sai do elevador, notei que tinha algo errado, a porta do apartamento estava destrancada, abri uma fresta e espiei... Meu sangue congelou, lá dentro estavam quatro policiais tomando café e conversando com Troy, antes que eu pudesse dar a volta, alguém terminou de abrir a porta:
-A Camille está aqui - anunciou um dos policiais, e me deu passagem - Estávamos procurando por você.

Eu suava frio por baixo do moletom, minhas mãos tremiam tanto que derrubei o café quando o coloquei no balcão, mas ignorei e continuei seguindo em direção a eles.
-O que tá acontecendo? - minha voz quase falhou, gaguejando - Por que estão aqui?

-Bom dia senhorita Camille - o comandante se levantou e me estendeu a mão - O senhor Troy nos solicitou essa manhã pra abrir um boletim de ocorrência, mas precisávamos da sua presença, aonde estava essa madrugada?!

Olhei de canto pra Troy, que estava de braços cruzados segurando uma xícara de café, depois voltei pro comandante e respirei fundo:
-Bom, eu não moro aqui, então fui resolver uns problemas pessoais no meu apartamento, mas por que isso é relevante?

O policial franziu o cenho e entrelaçou os dedos ao se sentar novamente:
-Foi apenas uma pergunta, mas enfim - ele coçou a garganta - Estamos aqui pois seu namorado ficou preocupado com o seu sumiço essa madrugada, e ele relatou sobre uma agressão grave que você sofreu alguns dias atrás, gostaria de prestar queixa?

Nesse momento, soltei todo o ar que segurava nos pulmões, o alívio foi surreal, me sentei na cadeira de frente pra ele com um sorriso estranho no rosto:
-Não, já está tudo bem, não foi uma agressão mas sim o resultado de uma briga, acusar ela só me traria mais dor de cabeça...

Depois de mais alguns minutos de conversa, os polícias se despediram e deixaram o apartamento, eu limpei o suor embaixo da franja e me apoiei no balcão pra respirar, Troy fechou a porta balançando a cabeça negativamente:
-Você cometeu um erro, não devia deixar isso passar assim...

O fuzilei olhando por cima dos olhos, minhas narinas inflaram de raiva:
-QUAL O SEU PROBLEMA? - gritei, dando um tapa no copo de café, que voou longe - Quer me fuder me pede, mas não tenta me matar do coração!

Ele fechou a cara, passando por mim e indo pro sofá, se sentou ainda inquieto:
-O que eu fiz além de tentar cuidar de você Camille? - ele deu um soco na mesinha - Tudo que eu faço é tentando te ajudar, mas sou sempre o pior cara do mundo!

Soltei uma risada irônica, espumando de ódio:
-Sabe como você me ajuda?! - apontei o dedo pra cara dele - Cuidando da porra da sua vida, dessa sua carreira estagnada, e para de se intrometer nos meus problemas!

Troy desviou o olhar pra parede, como se estivesse com nojo:
-Eu me enganei tanto com você quando pensei que fosse uma boa pessoa - ele se levantou, e então me encarou com dificuldade - Mas você é cruel, tóxica, é fria e manipuladora - ele segurou o choro - Pra que meter minha carreira nessa história? Eu não te ataquei em momento nenhum.

Revirei os olhos, pegando vodka na geladeira e dando um gole do gargalo:
-Ah como você é bonzinho, como é politicamente correto e educado - eu estava em estado de fúria, incontrolável - É por isso que vai ser medíocre pra sempre, nunca vai ser um Manuel Ferrari ou Tim Deen, você quer sempre ser o cara legal, mas adivinha só? Ninguém gosta do cara legal, e é por isso que eu e você não combinamos, eu quero intensidade e violência, e você é só um otario achando que vai encontrar o amor na indústria da putaria!

Troy roía os dentes, segurando e engolindo toda a raiva de aguentar aquele despejo de grosserias, ele então teve uma atitude inesperada, partiu pra cima de mim e me agarrou pelo cabelo:
-Que porra é essa?! - gritei - Me solta!
-NÃO - ele gritou com uma voz grossa que eu nunca tinha ouvido - VOCÊ NÃO É MAIS BEM VINDA NESSA CASA!

Troy abriu a porta e me atirou pra fora, com tanta força que eu bati na parede do corredor, o olhei assustada, ele devolveu com um olhar de profunda tristeza, raiva e mágoa, antes de bater a porta com muita força.
...

Andei sem rumo pelo centro de Nova York, fumando meu último cigarro e chorando copiosamente, pois agora eu estava sozinha no mundo de novo, sem namorado, sem melhor amiga... Tudo que eu tinha era uma carreira em ascensão, e era nisso que eu iria focar, ficar rica pra não precisar de migalhas de afeto pra me realizar...

Naquela mesma noite, liguei para John Bass e ele me convidou para uma festa em uma boate, aceitei de imediato... Coloquei um vestido de látex, luvas pretas, bota de couro, maquiagem pesada e um rabo de cavalo alto, por cima um sobretudo de pele de lobo.

Foi uma noite muito intensa, regada a álcool e drogas, encontrei muitos conhecidos da indústria e fiz alguns contatos, dancei descontroladamente na pista após cheirar cinco carreiras, beijei garotos e garotas, rodei de mãos dadas com John até cair no chão, me joguei no colo dos homens no camarote, encontrei Manuel e o cumprimentei com um beijo intenso apertando o pau dele...

No camarote circulava o boato de que atores e um produtor de filmes duvidosos da indústria haviam sido brutalmente assassinados, mas que era uma coisa boa pois haviam imagens nazistas na casa.
-Que queimem no inferno esses lixos! - disse uma atriz, rindo e brindando.

De canto, eu sorria de satisfação e êxtase pela droga, então voltei pro banheiro e pela primeira vez decidi injetar heroína, foi um orgasmo tão intenso que desmaiei ao lado da privada, enquanto Jayna chupava um cara ao meu lado.

𝑷𝑶𝑹𝑵𝑺𝑻𝑨𝑹Onde histórias criam vida. Descubra agora