𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 11

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No topo de uma roda gigante em Coney Island, Lily eu fumávamos um baseado enquanto comíamos um algodão doce, ela olhou pro horizonte aonde os tons pastéis do céu se encontravam com o mar perguntou:
-Eu sou doida, ou parece que todos os homens são uns babacas?!

Eu estava mastigando o algodão doce, quando dei uma risada com os dentes pintados de rosa:
-Acho que as duas coisas, amiga.

Ela semicerrou os grandes olhos verdes e me deu um tapinha no ombro:
-É sério Camille, eu acho muito estranho, em toda gravação os caras são tão legais e engraçados entre eles, mas sempre tratam a gente como lixo, sentem prazer em diminuir, e o diretor é sempre um babaca!

Dei de ombros, já tinha me recuperado um pouco do problema com o Pauly no parque:
-É assim que essa indústria funciona, infelizmente não podemos fazer nada além de aceitar, ou então optar por trabalhar só com mulheres, mas aí passaríamos fome e morreríamos no limbo - dei outra mordida, e também admirei o horizonte - Esses caras não enxergam a gente como pessoas assim como eles, somos só um buraco que eles são pagos pra meter, eu arrisco dizer que não somos vistas nem como mulheres sabe? Porque a maioria dos atores mais antigos, são casados e respeitam suas esposas, mas eles nunca casariam com uma de nós, sempre escolhem outro ''tipo'' de mulher, um tipo que eles respeitam.... Não é o nosso caso.

Lily ficou petrificada me escutando, sua expressão cada vez mais desanimada:
-Que merda... Se Deus existe, ele me odeia muito, me colocar nesse mundo como uma órfã, burra, com tendência a engordar e ainda HÉTERO!

Levantei uma sobrancelha, e dei risada:
-Quem disse que você é hétero?!
-Ué, não sou?
-Aquela cena que fizemos juntas, acho que você tava mais do que atuando!

Ela abriu a boca e depois partiu pra cima de mim, me fazendo cócegas e mordendo, eu devolvi, ela então beijou minha bochecha e sorriu:
-Se eu largar o Harold, namora comigo?
-Sinto muito, carreira em primeiro lugar.
-Sua cretina, só me ilude!
....

De mãos dadas, andamos pelo parque e fomos em vários brinquedos, Lily tinha uma inocência tão genuína que me encantava, qualquer coisa a deixava impressionada e a fazia bater palminhas, ela me puxava sempre que algo brilhoso chamava sua atenção e íamos correndo ver o que era, as crianças a adoravam e ela fazia muito sucesso com sua sainha colegial e bolsa de poodle nas costas, aquela noite era dela e eu apenas a coadjuvante, eu amava Lily, um amor que me doía no peito, pois eu sabia que não seria capaz de protegê-la do mundo, afinal, eu também estava em perigo constante.

No fim da noite, paramos em uma barraquinha de hot-dog iluminada por vários piscas piscas coloridos, eu pedi um lanche e ela cinco, fiquei meio assustada mas não iria dizer nada, assisti Lily comer os cinco de uma vez, parava apenas pra respirar e limpar os cantos da boca, ela ficava muito empolgada quando estava comendo, e eu apenas sorria e segurava sua mão embaixo da mesa.

Quando terminamos, descemos pra areia da praia, já era noite e a lua cheia iluminava o mar, ela correu descalça e rodopiando, eu fui atrás, paramos embaixo do parque, Lily encostou nas vigas de madeira e começou a vomitar, ela colocava a mão inteira na boca e lançava jatos de vômito, a comida ainda não tinha nem começado a ser digerida, ela vomitou umas dez vezes e depois veio limpando o canto da boca com as costas da mão:
-Vamos embora? Estou cansada...
-Tá bom Lily - peguei na mão dela, a limpa - Isso me deixa tão triste...
-Então não vamos falar sobre, hoje foi muito bom, não estraga com um detalhe ruim...
....

Quando entramos no apartamento, estava uma névoa de maconha pairando no ar, Harold e uns três amigos estavam sentados no sofá fumando e bebendo, eu engoli em seco a raiva e olhei pra Lily, que estava tão abismada quanto eu, ela entrou e perguntou:
-O que estão fazendo aqui?!
-Fala meu amor - Harold se levantou cambaleando de chapado - Que bom que chegou.
-É claro que eu cheguei, essa é a minha casa!

-Nossa casa - me intrometi, de braços cruzados e olhando feio.

-Foi mal meninas - ele riu, e beijou Lily - A polícia tá rondando muito o bairro hoje, teve um assalto por aí, e a gente só queria queimar um em paz.

Lily suspirou, e se afastou dele:
-Você errou feio Harold, de verdade...
-Qual foi gata, para de drama!
-Eu quero que todo vá embora, sério.
-Para - ele pegou nos ombros dela - Não me faz passar essa vergonha com os meus brothers.

Revirei os olhos e sai pisando duro, fui pro meu quarto e bati a porta com força, depois tranquei.

Peguei meu celular, deitei na cama e liguei pra Frank:
-Alô? - ele atendeu.
-Oi Frank, preciso trabalhar, e aí?
-Não me esqueci de você Camille, fica tranquila, estou negociando com um estúdio aqui, ia te ligar amanhã.
-Que bom, preciso de grana, urgente!
-Opa, baixa o tom aí, amanhã te ligo e mando mais informações, mas já aviso que é um trabalho pesado, se prepara.
-Tanto faz.

Desliguei e joguei o celular na cama, esfreguei as mãos no rosto e joguei o cabelo pra trás, peguei um cigarro e fui pra janela, me sentei no parapeito e acendi, dei um trago longo e soltei a fumaça pra cima, só isso poderia minha acalmar naquele momento, eu precisava muito de grana pra talvez ir morar sozinha, e em um lugar melhor, apesar de Lily ser especial pra mim, ela trazia consigo o Harold, e ele era muito folgado, e eu já estava exausta de aguentar tudo dos outros e ninguém nunca me escutar ou ser gentil comigo.

Fui até o computador, liguei a tela e pesquisei por John Bass, milhares de vídeos apareceram no site pornô, ele não era uma grande estrela, mas tinha um nome forte por ter ótimas cenas e trabalhar muito, rolei por várias páginas até achar um vídeo pra me masturbar, pois ele era muito atraente.

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