𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 28

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Meu primeiro filme de Gangbang foi um sucesso gigantesco, John havia me dito que em uma semana já era o mais vendido da produtora, todos da indústria estavam comentando sobre a minha perfomance, que eu era indestrutível.

Levei um tempo pra me recuperar, tive fissuras anais profundas e uma laceração vaginal, uma leve concussão e vários hematomas esverdeados pelo corpo, mas estava sobrevivendo a base de analgésicos e heroína.

Dois meses depois, aconteceria a maior premiação do pornô, aquela em que um dia eu acompanhei John e que me apresentou a Troy, mas dessa vez, as coisas seriam diferentes... Foi através de uma ligação de John que descobri que eu tinha sido indicada e estava concorrendo em várias categorias como:

• Melhor cena de Fetiche, por HardcoreGangbang
• Melhor cena de anal, por Manuel's American Whores
• Melhor Atriz Revelação
• Atriz Do Ano

Eram duas categorias principais, eu precisei me escorar no balcão da cozinha pois minhas pernas tremiam, assim que desliguei a ligação, escorreguei pro chão e chorei copiosamente, estava tão feliz mas ao mesmo tempo tão vazia, não tinha ninguém ao meu lado pra vibrar por mim, não dava pra ligar pra Lily e contar que havíamos finalmente vencido, era um sucesso solitário e silencioso...

A semana da premiação foi agridoce, fiquei dias procurando o vestido e as jóias perfeitas pra usar, era a primeira vez na vida em que eu não precisava perguntar o preço das coisas, mas infelizmente havia algo que meu dinheiro não podia comprar, que era alguém que me amasse pra me acompanhar nesse processo... Decidi que mandaria fazer o meu vestido, inspirado na Vampira, ícone vintage do horror, e no dia de provar, eu chorei encima do palanque, quando ela fechou o zíper e eu coloquei as luvas pretas, precisei de um momento pra chorar me olhando no espelho...

Minha cabeça era uma turbilhão de pensamentos que vinham e iam rápido demais, os sentimentos se entrelaçavam e se tornavam um só mesmo sendo opostos... Mas o vestido era perfeito, desenhava as curvas do meu corpo cada vez mais magro, preto e de um material caro, as luvas acima dos cotovelos, e as joias Tiffany em meu pescoço, eu estava impecável.
...

O céu estava soturno na noite da premiação, nuvens carregadas escondiam as estrelas em um tapete de raios e trovões, bebi whiksy escorada na varanda do meu apartamento, já estava vestida e maquiada, com as joias cintilando em meu corpo, apenas esperava mais alguns minutos pra pedir meu táxi... Enquanto isso aproveitei pra ficar bêbada e injetar heroína, precisaria estar chapada pra suportar tanta gente me olhando e superar a timidez pra falar em público, ou talvez coragem pra aguentar um possível fracasso, afinal, eu era apenas indicada, nada me garantia que eu iria ganhar algum prêmio que fosse.

No caminho pro teatro, eu tirei mais um pino da bolsa e despejei direto na narina, fechei os olhos e respirei fundo suando frio, e assim que o carro estacionou, desci pro tapete vermelho.

Os flashs me cegavam, tudo que eu conseguia ver eram clarões e clarões, pessoas gritando meu nome, após o susto inicial, me lembrei que agora eu estava me tornando uma estrela e precisava agir como uma, então sorri e comecei a acenar com a luva preta, virei de costas e olhei por cima do ombro com os olhos semicerrados pra câmera, meus olhos eram felinos com aquela maquiagem preta pesada, e os fotógrafos vibraram quando me acostumei com aqueles holofotes.

Segui pra dentro do salão, mas dessa vez, eu tinha minha própria mesa com meu nome nela, me sentei com algumas outras estrelas do pornô, mas ninguém falava muito comigo, eu não fazia parte de nenhum grupo pois ainda era um nome novo na indústria, apesar da rápida ascensão.

Eu mal conseguia manter o foco da visão, estava chapada e lutando pra fingir que não, então eu acaba sorrindo nas horas erradas e ignorando pessoas sem querer, as vezes eu baixava a cabeça no meio das conversas, meu comportamento estava bizarro, então pedi licença e fui pro banheiro, lá me apoiei na pia e me olhei no reflexo do espelho, eu me enxergava deformada e derretendo, então virei de costas e comecei a coçar meu rosto, entrei na cabine e vasculhei minha bolsa procurando por mais heroína, até que me agitei muito e acabei deixando a bolsa com tudo que estava dentro cair, objetos rolaram pra fora da cabine e eu fui me agachar, mas o vestido me prendeu e eu caí pra frente empurrando a porta com um impacto alto...

Olhei pra cima e Lolla estava no banheiro com suas amigas, todas me olharam assustadas, e na minha frente, um plástico de heroína e uma seringa estavam no chão, elas me olharam com julgamento e Lolla sorriu maliciosamente.
-Sai da minha frente - ela passou, chutando tudo e me empurrando - Viciada de merda!

Eu estava com dificuldade pra respirar, tendo uma crise de ansiedade, chorei sentada no chão, peguei a heroína e despejei nas costas da mão, cheirei tudo e fiquei aproveitando a onda que bateu.

Quando a premiação de fato começou, cambaleei pra fora do banheiro até a minha cadeira, esbarrando nos garçons e nas mesas, me sentei e comecei a assistir... Primeiro eram as categorias LGBT, John mais uma vez havia vencido algumas categorias, ele foi o único que eu aplaudi.

O primeiro prêmio que venci foi o de melhor anal, junto com Manuel, e quando os holofotes me iluminaram, eu segurei o fôlego, o mundo pareceu ficar em câmera lenta, todos me olhando, e então Manuel me buscou pra subirmos todos juntos, haviam outras atrizes também.

Depois, venci o melhor fetiche pelo filme de Gangbang, eu e os outros doze atores junto com o diretor subimos, o diretor fez o discurso.

E por fim, venci melhor Atriz Revelação, dessa vez tive que subir sozinha e fazer um breve discurso, que ficou sem sentido pois eu não tinha preparado nada, mas fui aplaudida.

Então veio a categoria mais importante da noite, a Atriz do Ano, eu estava concorrendo com grandes nomes, incluindo a Lolla...
-E o prêmio vai para - disse o apresentador fazendo suspense - Camille Moon!

Subi aqueles degraus me sentindo anestesiada, fui até o microfone mas o zumbido do áudio me fez estremecer, segurei o prêmio nas mãos e me deu um branco, eu não sabia o que dizer, nada saia da minha boca, e eu olhei pra Lolla, que me fuzilava, para Troy que me olhava com tristeza, Manuel que sorria com desejo, e então eu vomitei, um jato enorme de várias bebidas misturadas, só não caí no chão pois o apresentador me segurou...

E o salão fez silêncio.

Pareceu durar uma eternidade, eu queria desaparecer, mas então Tim Deen gritou:
-Porra, esse foi o melhor discurso de todos! - ele aplaudiu de pé - Ela é a porra de uma rockstar!

Em seguida, começaram os aplausos e os assobios, fui tirada do palco pelos fundos, mas com meu prêmio em mãos.

𝑷𝑶𝑹𝑵𝑺𝑻𝑨𝑹Onde histórias criam vida. Descubra agora