𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 21

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Quando o filme do Manuel foi lançado, se tornou um sucesso clássico e sucesso de vendas instantâneo, o maior ator pornô da geração fodendo violentamente dez garotas bonitas, desde atrizes famosas e consolidadas até a garotas novas na indústria, todas se submetendo a ele, e entre elas, obviamente estava a minha cena... E então, tudo mudou.

John Bass triplicou o preço do meu cachê, e ele começou a receber ligações todos os dias de gravadoras interessadas em me contratar para seus filmes, eu mal podia acreditar que aquilo que eu tinha sonhado por tanto tempo estava de fato acontecendo, eu finalmente podia escolher quais produções eu participaria, recusar filmes duvidosos com atores repugnantes, era como estar dançando sob as nuvens no paraíso da pornografia.

Minha rotina havia se tornado comprar todas as roupas de grife possíveis, Jean Paul Gaultier e Gucci dominavam o closet do apartamento que eu tinha alugado pra morar sozinha, minha geladeira sempre cheia de vodka e bebidas caras e droga espalhada por todos os cantos da minha sala enorme e gótica, a dieta de heroína e cocaína estavam me fazendo ficar mais magra e esbelta a cada dia... Minhas noites eram regadas a vinho francês e muito sexo com o Troy, que a cada dia demonstrava estar mais apaixonado por mim.
...

Era madrugada, eu dormia profundamente no peito do Troy quando meu celular começou a tocar, ainda de olhos fechados me virei e tateei a cômoda até encontrar o aparelho, abri ele e coloquei no ouvido:
-Alô? - minha voz estava pastosa - Quem é?!
-É o Harold - ele fez uma pausa - Preciso da sua ajuda, é muito sério.
Revirei os olhos, tirando o cabelo do rosto, Troy começou a resmungar e ir acordando aos poucos, então me levantei e fui na ponta dos pés até o corredor, encostei na parede:
-O que você quer?!
-É a Lily, eu não sei o que fazer...
-Como assim?
-Eu cheguei agora aqui no apartamento, ela está desmaiada no banheiro, coberta de vômito e deitada de bruços, tem uma agulha espetada no braço dela... - dava pra sentir o medo na voz dele, era grave - E se ela estiver morta?!

Foi nesse momento em que de fato acordei, senti um aperto horrível no peito e uma angústia me consumir, voltei pro quarto acendendo a luz, peguei um moletom e coloquei por cima da camisola, depois calcei um all star:
-Estou indo pra aí! - falei, nervosa - Não sai do lado dela, se ela convulsionar, chama a ambulância.

Troy se sentou na cama, com os olhos inchados de sono:
-O que aconteceu amor?

Estalei os dedos pra ele, enquanto amarrava o cabelo e ajeitava a franja, com o celular apoiado no ouvido pelo ombro:
-Se troca aí, preciso de uma carona!

...

Quando finalmente cheguei no apartamento, Lily estava sentada encolhida na varanda, fumando um cigarro enrolada em uma coberta, eu estava ofegante quando me ajoelhei ao seu lado:
-Que alívio - suspirei, encostando a cabeça no joelho dela - Eu tive tanto medo de chegar aqui e não te encontrar mais...

Lily comprimiu os lábios, com os olhos marejados, soltando a fumaça pelo nariz:
-Eu precisaria morrer pra você lembrar que eu existo?

Fiz uma careta de choro, a olhando nos olhos, me sentindo a pior pessoa do planeta:
-Não é isso, eu nunca te esqueci, a vida só nos afastou e o tempo foi passando, mas eu ainda te amo.

Ela assentiu, sorrindo com uma tristeza dolorosa:
-Mas não tem espaço pra mim né? Nas festas Luxuosas, com seus amigos ricos e importantes, eu sou só uma parte do seu passado agora, alguém que você magoou e nunca fez questão de se redimir... Eu queria tanto que você não tivesse me traído Camille, queria tanto estar feliz pelo seu sucesso, mas ainda dói tanto...

Respirei fundo, e fiquei de pé, virei de costas passando a mão na testa que estava suada com a franja colada na pele:
-Eu já pedi perdão, para de querer me forçar a me humilhar pra você, se está com raiva, é porque ainda não quer me perdoar - olhei para Harold, que estava no sofá - E por que é mais fácil perdoar ele Lily? Talvez seja porque eu não tenho um pau.

Lily baixou a cabeça e chorou, com as mãos no rosto, soluçando profundamente... Troy estava de braços cruzados assistindo tudo de cenho franzido, eu então decidi que era hora de ir embora dali, já que ela estava bem e não queria de fato falar comigo, que a nossa relação nunca mais voltaria a ser aquilo que já tinha sido.
...

No carro, um silêncio incômodo criava um clima de tensão, Troy tentou assoviar uma música mas logo desistiu, até que pra ele ficou insuportável lidar com aquele silêncio e perguntou:
-O que você fez pra ela?!
-O quê?!
-Pra Lily, por que ela está tão magoada?

Eu o encarei, sem ter coragem de falar a verdade, senti uma vergonha paralisante:
-Pra ser sincera, nada, ela só é muito dramática e sensível, é por isso que eu decidi deixar ela no passado, não tenho lugar pra gente fraca nessa nova etapa.

Ele pareceu assustado com a resposta, uma ruga se formou entre as sobrancelhas:
-Isso é meio cruel, se são amigas deviam tentar mais um pouco, não dá pra desistir das pessoas porque elas são difíceis...

Virei o rosto pro outro lado, e vi meu próprio reflexo no vidro fechado da janela:
-Eu por acaso já me intrometi nas suas relações? Já quis opinar em como você deve ou não viver a sua vida? - senti meu sangue ferver e a raiva envenenar minhas palavras - Por que acha que tem esse direito? Você não é nem meu namorado, quer ficar me comendo todos os dias mas não coloca a porra de um anel no meu dedo, não me assume como sua, então se coloca no seu lugar porque eu não te dei liberdade pra me dar a porra dos seus conselhos!

Troy escutou tudo aquilo com os olhos na direção, sua única reação foi engolir em seco, vi seu pomo de adão descer e subir conforme ele engolia a raiva e frustração:
-Eu não vou te responder como você merece, porque eu te respeito - disse ele - Mas estou te deixando na sua casa, porque lá eu não durmo mais!

𝑷𝑶𝑹𝑵𝑺𝑻𝑨𝑹Onde histórias criam vida. Descubra agora