𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 33

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Eu já não conseguia ver aquela garota frágil e cheia de sonhos que chegou no Brooklyn com a melhor amiga há algum tempo atrás, no meu reflexo eu enxergava agora uma assassina, com olheiras profundas e magreza extrema, aquela era a imagem de uma mulher com sangue nas mãos e muitos traumas tatuados no corpo, eu preferia estar morta do que conviver dentro da minha cabeça.

-Que porra Camille! - gritou Tim, entrando no banheiro do quarto de motel - Você matou a Lolla, tem noção da gravidade disso?!

Respirei fundo, tirando o cabelo bagunçado e molhado de suor da frente do meu rosto, me virei e apontei o dedo pro rosto dele:
-E eu fiz isso sozinha?! - comecei a aumentar o tom de voz, até gritar - De quem era a PORRA DAQUELA ARMA?!

Tim deu um tapa na minha mão, em seguida me empurrou pra trás com o ombro, gritando ainda mais alto:
-EU NÃO MATEI NINGUÉM - a cocaína fazia os olhos dele ficarem enormes, vermelhos - Eu tinha concordado em dar um susto naquele cuzão, e foi isso que eu fiz, mas você não achou que era o suficiente - ele bateu a testa contra a minha, chorando com uma expressão de ódio - Tu é uma psicopata, eu devia te entregar pra polícia e sair dessa história sem acabar me sujando ainda mais!

Cravei as unhas no rosto dele, senti elas trepidando na pele quando puxei abrindo feridas, depois o empurrei pra longe, na parede de ladrilho:
-Eu sou a psicopata?! - dei uma risada descontrolada - Você ficou famoso por espancar mulheres na frente uma câmera, seu trabalho é pegar garotas inocentes e cheias de sonho e afogar elas em uma privada, cuspir em seus rostos, machucar elas por dentro até que sangrem por dias, você usa seu trabalho como desculpa pra realizar seus desejos sádicos, a grande verdade é que você assim como os outros doentes que entram nessa indústria odeiam mulheres! - meus lábios trêmulos - Você tem problemas graves que precisa tratar, eu não sei se sua mãe te rejeitou, mas culpar todas as mulheres do mundo não vai mudar o fato de que nenhuma de nós vai te amar.

Tim escutou tudo aquilo encarando o sangue que escorria de seu rosto na palma das mãos, depois me olhou de cabeça baixa:
-Se acha muito esperta né sua cadela - ele riu, como um maníaco - Cria várias teorias das conspiração pra se sentir melhor com o fato de que você não serve pra nada além de chupar pau e ser feita de depósito, mas a verdade é bem simples, eu não me aproveito de ninguém, não obrigo nenhuma dessas piranhas burras a entrar nesse mundo, vocês entram porque gostam de dinheiro rápido - ele esfregou as mãos no rosto espalhando o sangue - Continua mentindo pra si mesma, pra se sentir uma vítima, mas no fundo você sabe que é só uma piranha que nunca vai ser respeita por ninguém na sua vida, e agora com a internet, com um clique as pessoas vão te ver lambendo uma privada, vão me ver pisando nessa sua cara, a sua vida acabou Camille, você fez as escolhas erradas...

As lágrimas escorreram quentes em meu rosto, eu estava sentindo o mundo girar, o sangue espumava nas veias, então parti pra cima de Tim, estapeando e arranhando:
-VOU TE COLOCAR NA CADEIA SEU VERME!

Tim agarrou no meu cabelo por trás e com um impulso me jogou pra fora do banheiro, cai de costas na parede, logo em seguida ele me deu um chute na barriga, senti todo o ar sair dos meus pulmões e dei um grito sufocado de quatro no chão, Tim puxou meu cabelo com tanta força que me levantou no ar e me jogou no carpete do quarto, um tufo enorme ficou entre seus dedos.

-Vadia nenhuma encosta em mim! - disse ele, me dando outro chute - Você vai se arrepender!

Eu rugia de ódio, com sangue escorrendo do nariz e sentindo meu couro cabelo arder, puxei a calça dele me ele me chutou, depois sentou encima da minha barriga e começou a me dar tapas com a mão aberta, os estalos eram tão altos que me deixavam surda, o peso de sua mão fazia meu rosto quase sair do lugar, eram tapas gélidos e muito dolorosos, eu agonizava tentando me soltar... Tim começou a me enforcar, olhando nos meus olhos e com sangue e suor escorrendo de seu rosto pro meu, eu lutava em vão, sentindo minhas forças se esvaírem, até que tive a certeza de que morreria ali mesmo, naquele chão de um motel barato, nas mãos de um monstro.

Quando minha visão já estava turva e escurecendo, consegui puxar uma lufada de ar pois as mãos se afrouxaram, Tim saiu de cima de mim e encostou na beirada da cama, eu fiquei tossindo engasgada, pois ainda sentia como se as mãos dele me enforcassem, ainda estava quente e ardendo...

-Porra - Tim chorou, com a cabeça entre os joelhos - Que Porra cara, o que nós fizemos?!

Eu estava tentando me sentar, quando ele saiu do quarto e voltou com uma lata de refrigerante, abaixou ao meu lado e me fez beber uns goles, que desceram ardendo, depois me pegou no colo e levou até a ducha.

Tirou minha roupa, me colocou embaixo da água quente e ficou me segurando lá, assoviando uma música desconhecida, depois me levou até a cama e comigo ainda nua, me sentou em seu colo e começou a escovar meu cabelo, eu estava com o lábio partido, um olho roxo, e o pescoço cheio de hematomas, além do trauma, então eu resolvi não reagir a nada, apenas aceitar e desassociar, fingir que aquela não era eu, pra suportar a realidade.
-Nós vamos voltar pra Nova York - disse ele, coçando o nariz após cheirar uma carreira - Eu vou concretar essa arma no chão, porque ela não é registrada, nós vamos voltar a trabalhar como fazíamos antes, continuar sendo o casal mais famoso do pornô, vamos ficar milionários e fugir desse país de merda - ele riu, me puxando pra deitar em seu peito - Eu vou cuidar de você, tu vai cuidar de mim, estamos juntos nessa porra de estrada pro inferno.

𝑷𝑶𝑹𝑵𝑺𝑻𝑨𝑹Onde histórias criam vida. Descubra agora