𝖈𝖆𝖕𝖎́𝖙𝖚𝖑𝖔 13

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Minha respiração estava trêmula, apoiada na pia com os cotovelos pra cima e me encarando no espelho do banheiro, minha maquiagem destruída, os olhos vermelhos, hematomas no meu pescoço e um olho roxo devido aos tapas, eu estava nua e sangue escorria entre as minhas pernas, eu tinha sido humilhada, abusada, machucada e destruída... Eu sabia que tinha sido uma porra de uma escolha, mas estava no meu limite, era tanta agonia e angústia que eu não sabia o que fazer, queria gritar mas minha garganta estava machucada, queria esmurrar o espelho, pegar uma faca e cravar no meu pescoço, queria explodir a porra do mundo!

Peguei a tesoura no armário e comecei a cortar meu cabelo, fiz uma franja no meio da testa, a lâmina mastigava os fios pretos que iam caindo em montinhos no chão de ladrilho, e se misturando ao sangue... Tingi uma parte do cabelo picotado que restou de vermelho, depois esfreguei as mãos molhadas no rosto pra tirar a maquiagem borrada.

Completamente nua, fui cambaleando pelo corredor, deixando um rastro vermelho de sangue e tinta na parede, pegadas em sangue também me acompanhavam, até caí ajoelhada no chão da sala, a TV estava ligada na MTV, passando o clipe Closer do Nine Inch Nails, peguei a tesoura e fiquei olhando fixamente para sua ponta, até que respirei fundo e soprei o ar pra cima, tomando a cabeça pra trás e mirando a lâmina pro centro da minha garganta, comecei uma contagem regressiva de dez a zero.

Dez
Nove
Oito
Sete
Seis
Cinco
Quatro
Três
Dois

Minha contagem foi interrompida quando alguém puxou a tesoura da minha mão, abri os olhos assustada e vi Harold dar uns passos pra trás, de olhos arregalados:
-O que tá fazendo Camille? - ele parecia estar chapado - Que porra é essa?!

-DEVOLVE - gritei, me levantando furiosa - ME DÁ ESSA TESOURA!

Ele encostou na porta, procurando o trinco com a mão, e escondendo a tesoura atrás do corpo:
-Ficou maluca de vez? Ou tá drogada?!

Toda a minha depressão e tristeza tinha se transformado em uma raiva incontrolável:
-QUEM É VOCÊ PRA FALAR ALGO SEU MERDINHA? - eu gritava tão alto que parecia estremecer as paredes - ISSO TAMBÉM É CULPA SUA, VOCÊ NÃO CONSEGUE SEGURAR ESSE PAUZINHO DENTRO DA CALÇA E ME USA PRA SE SATISFAZER, MAS QUEM FICA CULPADA DEPOIS? EU!!! COMO SE EU FOSSE A PORRA DE UMA AMIGA RUIM, MAS VOCÊ É UM NAMORADO RUIM, EU ODEIO VOCÊ!

Foi então que eu avancei contra o balcão, peguei uma faca no faqueiro e fui pra cima de Harold, ele gritou mas eu encostei a lâmina na pele de seu pescoço e pressionei meu corpo contra o dele, eu cuspi as palavras:
-Eu deveria me vingar de todos vocês antes de ir embora, fazer vocês sangrarem assim como vocês fizeram comigo - com a mão livre, esfreguei no meio das minhas pernas e depois sujei o rosto dele de sangue - Tá vendo?! Vocês são todos cúmplices, eu estou cansada de aguentar tudo calada!

Foi então que em um golpe rápido, Harold me desarmou, com um tapa atirou a faca longe e entrou em luta corporal comigo, me empurrou contra o balcão, bati as costas e sai tropeçando, ele então me deu uma chave de braço e começou a apertar, cravei as unhas na pele do braço dele e comecei a sacudir as pernas no ar, chutando a mesa e cadeiras, tudo que conseguia alcançar.
-Só vou te soltar quando se acalmar - gritava ele - Tu tá fora de si, precisa respirar Camille!

Eu chorava e gritava, a cada grito era como se jogassem ácido na minha garganta de tanta dor aguda, eu lutei até começar a perder as forças e se tornar difícil de puxar o ar, foi então que Harold afrouxou um pouco, e com essa brecha, eu me soltei.

Empurrei ele, que esbarrou no sofá e caiu com a tesoura abrindo uma ferida em seu antebraço, ele gritou de dor, mas eu subi encima dele, peguei a tesoura e joguei longe, comecei a rasgar suas roupas, mordi sua regata branca e a fiz em pedaços, Harold apesar de assustado, começou a corresponder e me beijou, um beijo intenso e violento, eu segurei em seu cabelo e bati sua cabeça contra o chão, ele rangeu os dentes e me deu um tapa na cara, rolamos no chão até que ele ficasse completamente pelado, ele então me penetrou na buceta e começou a meter, eu peguei seu antebraço e chupei seu machucado, depois cuspi sangue em seu rosto, ele limpou com os dedos e os colocou na minha boca, tão fundo a ponto de eu engasgar, depois esfregou a mão melada em meu rosto.

Harold me pegou no colo e me girou no ar, enquanto me fodia profundamente, peguei um Marlboro e acendi um cigarro, ele me carregou até a varanda e me encostou na sacada, continuou socando enquanto eu fumava com metade do corpo pendente pra fora, tudo que me separava do abismo era a força dos braços dele, eu fumei de cabeça pra baixo, sentindo a brisa da morte soprar meu meu ouvido, Harold então me puxou de volta pra dentro da sacada e me empurrou pra mesinha, me virou de costas e meteu no meu cu que já estava machucado, foi uma dor ardida e intensa, eu gritei com o cigarro entre os dentes, mas ele continuou metendo até gozar dentro de mim...

Assim que terminou, ele ficou ofegante e suado, me encarando, eu me agachei e deixei que seu esperma misturado com sangue escorresse de dentro de mim para o chão, depois me ajoelhei e passei a língua:
-Você gosta né? Todos vocês gostam...

Harold pareceu ter um choque de realidade pós tesão, ficou apavorado, e então saiu recolhendo suas roupas rasgadas e foi embora....

Eu continuei fumando, na sacada, um cigarro após o outro até acabar com o maço inteiro, estava fumando pra morrer, de dentro pra fora, já que de fora pra dentro me faltava coragem, eu sorria enquanto chorava, gozava enquanto me machucava, no meu caso, sentimentos já não mais podiam ser nomeados.

𝑷𝑶𝑹𝑵𝑺𝑻𝑨𝑹Onde histórias criam vida. Descubra agora